Exposição etnográfica sobre a arte popular polaca, com raízes que remontam ao início da Idade Média e cuja salvaguarda passou a ser um imperativo nacional após a Segunda Guerra Mundial.

Organizada pelo Museu de Estado e Etnografia de Varsóvia, em colaboração com a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) e a Embaixada da Polónia em Portugal, a exposição, nas palavras do pintor Fernando de Azevedo, «teve o grande mérito de nos dar a conhecer, através da escolha de um amplo número de peças, os variados e surpreendentes aspectos em que se expande uma cultura de raiz popular» (Azevedo, Colóquio/Artes, dez. 1977, p. 94).

Com o objetivo de dignificar as artes populares e as práticas artesanais, amiúde subalternizadas nos circuitos institucionais, foram apresentadas na Galeria de Exposições Temporárias (piso 01) da FCG cerca de mil peças dos séculos XVIII a XX, nos mais variados suportes e técnicas, incluindo a pintura, a escultura, a gravura, a tecelagem, a cerâmica, as ferragens ou os acessórios e trajes. A acompanhar estes objetos foram também apresentadas algumas recriações de cerimónias e tradições populares polacas.

Comissariada por Halina Oledzka e com projeto museográfico do Serviço de Exposições e Museografia da FCG, a exposição foi organizada em três partes, que compreenderam «a arte popular destinada ao próprio meio», «a arte produzida para uso de outros meios sociais» e as «inspirações, […] motivos populares na arte académica e em outros ramos da arte oficial».

O crítico de arte Mário de Oliveira afirmaria publicamente a importância da arte polaca e desta exposição num artigo publicado no jornal O País: «A magnífica exposição de Arte popular polaca que está patente ao público na Gulbenkian é bem reveladora, em alguns aspectos, da sensibilidade do Povo rural polaco, por vezes numa criatividade de uma enorme pureza, bem vincada em algumas esculturas e pinturas que nos fazem sentir em cada obra todo o seu sentimento ou configurações próprias. […] A arte popular que tem servido, tantas vezes, de inspiradora à arte erudita, tem de ser espontânea, sincera e pura e não pode admitir nenhuma espécie de dirigismo.» (Oliveira, O País, 25 nov. 1977)

A receção crítica desta exposição foi muito positiva, contando com uma efetiva divulgação por parte dos meios de comunicação nacionais, em especial da imprensa escrita.

Filipa Coimbra, 2016