Hergé

Exposição itinerante em torno da vida e obra de Georges Remi / Hergé. Indo além de Tintin, a personagem mais emblemática do autor, o projeto divulgou uma carreira multidimensional, num circuito expositivo que passara já por cidades como Paris, Genebra ou Quebec, antes de chegar à Fundação Gulbenkian em Lisboa, de onde partiria para Madrid.
A touring exhibition on the life and work of Georges Remi/Hergé. Going beyond Tintin, the author’s best loved character, the project reflected on a multifaceted career in a touring exhibition that visited cities including Paris, Geneva and Quebec, before reaching the Gulbenkian Foundation in Lisbon, from where it headed to Madrid.

Entre 1 de outubro de 2020 e 10 de janeiro de 2021, a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) acolheu aquela que foi apontada como a primeira mostra em Portugal especificamente dedicada à vida e obra de Georges Remi (1907-1983), autor que se tornaria célebre com o nome artístico de Hergé.

Lisboa inscrevia-se assim como uma das paragens de um roteiro internacional promovido pelo Musée Hergé (Louvain-la-Neuve, Bélgica), instituição que, nos últimos anos, tem vindo a dinamizar iniciativas análogas em instituições como o Grand Palais de Paris (2016), o MUDAC (Musée Cantonal de Design et d’Arts Appliqués Contemporains) de Genebra (2016-2017), o Musée de la Civilisation do Quebeque (2017), ou a Power Station of Art de Xangai (2021-2022) (esta última inaugurada imediatamente antes da de Lisboa, com cujo calendário coincidiria durante o mês de outubro de 2021). Após a sua passagem pela Gulbenkian, este projeto itinerante seguiu até à outra capital ibérica, onde teria lugar no Círculo de Bellas Artes de Madrid (2022-2023).

A versão de Lisboa foi produzida pelo Programa Gulbenkian Cultura, numa aliança de esforços com o Centro de Arte Moderna (CAM) da FCG. A curadoria coube a Ana Vasconcelos, curadora do CAM, e a Nick Rodwell, líder da então Moulinsart S.A., hoje Tintiniamaginatio (uma das entidades que gerem direitos da obra de Hergé). Diretamente comprometido com o legado de Hergé desde a década de 1980, no final da qual desposou a antiga colaboradora do artista e sua viúva Fanny Vlamynck, Rodwell tem exercido atividade em diversas organizações que detêm boa parte do espólio artístico e editorial do autor e o promovem, tais como a Studios Hergé, o Musée Hergé, ou a recém-criada Foundation Hergé, formalizada em março de 2022 (Musée Hergé, 2022).

Na Gulbenkian, «Hergé» ocupou toda a Galeria Principal da Sede, estendendo-se ainda para os Jardins, onde foi instalada uma grande maqueta tridimensional do icónico foguetão vermelho e branco que figura nos álbuns Tintin: Rumo à Lua (1953) e Tintin: Explorando a Lua (1954).

No interior da galeria, operava-se com um vasto acervo de material artístico e documental: epistolografia; pranchas originais; primeiras tiragens de publicações; edições e reedições; esboços preparatórios e estudos de cor; obras de arte de outros artistas; entre outros recursos. No ambiente expositivo, sobressaía um investimento cenográfico no qual este extenso levantamento do percurso de Hergé era contextualizado por material audiovisual, objetos curiosos, maquetas tridimensionais de artefactos e locais colhidos das tiras de BD, citações do autor em textos de parede («Hergé», Aspetos, 2021, Arquivos Gulbenkian, ID: 367360). Um forte aparato de divulgação indiciava grandes expectativas de público e a presença de muito merchandising específico rematava a vocação mais comercial do projeto («Hergé», Aspetos, 2021, Arquivos Gulbenkian, ID: 367468).

A exposição de Lisboa dava mais uma vez corpo à estratégia de aprofundar a obra de Remi/Hergé nos campos da banda desenhada (BD), ilustração e cartoon, enfatizando correlações disciplinares, históricas e biográficas com outras áreas da sua atividade criativa e percurso profissional em geral.

No que à BD diz respeito, Tintin obteve especial foco, naturalmente, não deixando de ser destacados trabalhos anteriores, contemporâneos e posteriores ao seu surgimentoPor outro lado, ora por aproximação, ora por contraste com a BD, era clara a aposta em destacar os trajetos de Remi/Hergé em áreas como a publicidade, o design gráfico e, inclusivamente, a pintura – campo que o autor foi experimentando de um modo conscientemente diletante, mas reiterando os interesses que o conduziram ao colecionismo de arte moderna e contemporânea, desde cedo anunciados pelas referências ao meio artístico e museológico em muitos episódios das suas BD.

Esta perspetiva pluridisciplinar de «Hergé» parece ter sido posta ao serviço de uma reiteração do lugar da BD entre as artes e do estatuto de «arte de pleno direito» que a «nona arte», como há quem a apelide, foi conquistando paulatinamente, por vezes dirimindo resistências. Na exposição, as preocupações com a história da BD, o seu estatuto artístico e o modo como terão afetado Hergé eram afloradas no núcleo temático «Grandeza da arte menor» (secção «A grandeza de uma arte menor» no catálogo de exposição), que, curiosamente, apresentava pinturas do autor entre as peças que continha (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 5-12]). 

A vertente didático-pedagógica da exposição – bem atestada, por exemplo, na vitrina «Como nasce uma BD» – concorria igualmente para salientar a BD como aquela arte plural que tanto fascina entusiastas e público em geral («Hergé», Aspetos, 2021, Arquivos Gulbenkian, ID: 367468).

Há, com efeito, uma pluralidade no medium da BD que parece reverberar na multiplicidade do próprio Hergé, e tal ficava também patente em núcleos que afloraram o perímetro mais alargado da atividade do autor, tais como «A arte do “reclame”» (abordando o seu trabalho na publicidade e a criação do L'Atelier Hergé-Publicité) e «O romancista da imagem» (dando nota de reciprocidades entre a BD e o cinema nos entrosamentos entre a imagem gráfica e a construção narrativa) (Fundação Calouste Gulbenkian / Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 33-36; pp. 13-18]).

Outros segmentos, tais como «Uma família de papel» ou «Hergé e a revista Cœurs Vaillants» (secção «Hergé, o Cœur Vaillant?», no catálogo), focaram a miríade de personagens de Hergé, dentro e fora de As Aventuras de Tintin (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 23-28; pp. 29-32]). Dava-se aqui destaque a outras séries, tais como Les Exploits de Quick et Flupke (1930-1940) e Jo, Zette et Jocko (1936-1957), esta estreada justamente na revista francesa Cœurs Vaillants, por solicitação dos diretores. Em Portugal, a primeira intitulou-se Tropelias do Trovão e do Relâmpago ao estrear-se na revista Diabrete, n.º 15, logo em 1941, e depois Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe, nos álbuns publicados pela Verbo já na década de 1980 (blogue Tintim por Tintim); a segunda chamou-se Joana, João e o Macaco Simão, e foi estreada em português na revista Zorro, n.º 89, em 1964, mantendo o mesmo nome na publicação em álbum, também da Verbo, na década de 1980 (Ibid.).

Estas referências sublinhavam que a BD de Hergé não se esgota nas Aventuras de Tintin, apesar de várias afinidades (das mais estruturais às mais superficiais) que algumas das outras séries estabelecem com a obra maior do autor – tangências patentes, por exemplo, em algumas comparações de pranchas que o catálogo desta exposição nos traz (Hergé, 2021, pp. 30, 31).

Conforme a exposição realçou, relembrar os diversos caminhos da BD de Hergé não pode descurar o facto de o seu corpo de obra, e mesmo a sua pessoa, terem sido bastante «engolidos» pela célebre personagem do jovem repórter belga e pelo fenómeno de massas e de mercado a que deu azo – sobreposições entre criador e criação, que, em parte, foram desejadas a vários títulos pelo próprio Hergé. Neste particular, citou-se várias vezes no contexto desta mostra a célebre afirmação «Tintin, c'est moi!», proferida por Hergé, na senda do dito de Flaubert sobre a sua Madame Bovary (Ibid., p. 23). É de resto essa ideia que parece estar rebatida nas imagens que figuram em materiais de divulgação e capas de catálogos desta iniciativa itinerante, que passam muitas vezes por retratos fotográficos do rosto de Remi/Hergé sobrepostos pelo esquiço do rosto de Tintin.

A «coincidência» entre Hergé e Tintin foi de tal modo incorporada (por aficionados e pelo público em geral) que bastará relembrar a célebre capa do Libération de 05/06 de março de 1983, aquando da morte do artista, apresentando, sob um fundo negro, uma imagem do herói inanimado perante a desesperança de Milou, que uiva: «Tintin est mort.» Era justamente assim, «pelo fim», que começava a exposição – matriz que já viria da versão de Paris e que é realçada várias vezes a propósito da versão de Lisboa, como, por exemplo, num artigo de José Marmeleira para o Público, com testemunhos de Ana Vasconcelos (Marmeleira, Público, 1 out. 2021, pp. 8-10). Partindo da morte do artista, os núcleos da exposição teciam uma panorâmica pela vida e obra de Remi/Hergé, terminando, justamente, em «O nascimento de um mito», isto é, a criação de Tintin, personagem que, contrariando o «vaticínio» do Libération, não morreu com a morte Hergé, pois já antes se tinha «imortalizado» a si e ao seu autor.

De facto, teria de ser Tintin a mediar a forma como esta retrospetiva convidava o visitante à compreensão de elos, por vezes identitários, que Hergé estabeleceu com alguns dos heróis que criou. Recuando cronologicamente, poderíamos ir ao encontro de Les extraordinaires aventures de Totor, C.P. des Hannetons, protagonizada por um escuteiro – algo que Remi também fora na juventude. Apresentando já vários traços que inspirarão Tintin, Totor chega a público na revista Le Boy-Scout Belge, em 1926, tornando-se, ao que tudo indica, a primeira BD publicada pelo autor, já com a famosa assinatura Hergé, que se converteria numa verdadeira marca (inclusive comercial). Esse nome, Hergé, é outro jogo autorreferencial: resulta da acoplação fonética, por ordem inversa, das iniciais de George Remi – RG – e, coincidentemente, da contração da primeira sílaba de apelido «Remi» e da de «Georges», novamente de trás para a frente.

As aventuras de Totor seriam publicadas até ao importante ano de 1929, o mesmo que assistiria à primeira publicação de As Aventuras de Tintin Hergé avant Tintin: Totor», blogue Tintinomania, 2017)mas ainda em 1928, surgem as aventuras de Flup, Nénesse, Poussette et Cochonnet, publicadas já no primeiro número do periódico belga em que Tintin se estrearia pouco mais tarde: o Le Petit Vingtième Hergé avant Tintin: Flup, Nénesse, Poussette et Cochonnet», blogue Tintinomania, 2017). Tratava-se do suplemento juvenil do Le Vingtième Siécle, um jornal cristão conservador, cujas matrizes nacionalistas e fascistas têm sido historicamente destacadas.

Na mostra, este acordar de Tintin era então abordado no núcleo «O nascimento de um mito», que, entre os seus diferentes conteúdos, apresentava pranchas da aventura de arranque do herói, aquela em que ganha a sua icónica popa ao volante de um descapotável (Hergé, 2021, p. 41) – Tintin no País dos Sovietes (1929-1930), polémica até hoje pela abordagem antibolchevique em que se alicerça (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 41-44]).

Adiantando já alguns dos seus atributos mais marcantes, o aparecimento de Tintin nessa viragem para a década de 1930 assistiria rapidamente à compilação em formato álbum dos episódios de cada aventura, dando início à série dos icónicos livros que hoje encontramos disseminados por todo o mundo.

É também durante os anos 30 que se dá a maior influência do Extremo Oriente em Hergé, muito por intermédio da sua amizade com o escultor Tchang Tchong-jen (1907-1998). É apanágio de Hergé que ficção e realidade estabeleçam pontes mediadas por contornos biográficos, e o seu amigo Tchang não tardará a inspirar a personagem de um jovem chinês, cuja primeira de várias aparições ocorre logo em O Lótus Azul (1936) – obra de viragem na maturidade de Hergé, na qual o próprio Tchang colabora decisivamente. Esta crucial aventura de Tintin na China surge na sequência de Os Charutos do Faraó (1934), em que a ação da série já se encontra em deslocação geográfica para o leste do globo. Transparece o impacto que teve sobre Hergé «A lição do Oriente» – título do núcleo mais dedicado a estes tópicos na exposição da FCG (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 37-40]). Se, historicamente, a BD europeia encontrará sempre alguns dos seus antecedentes na arte oriental (lembre-se, a título de exemplo, a estampa japonesa oitocentista, entre muitas outras referências possíveis), e se a «linha clara» (termo cunhado por Joost Swarte em 1977) de alguns autores franco-belgas sempre pareceu ir ao encontro dessas afinidades, tudo isso agora se tornaria mais consciente para Hergé. Consolidando caminhos e mudando rumos, O Lótus Azul inscreve-se também como marco de um investimento ainda maior e mais rigoroso em investigação bem documentada, procurando incrementar a sensibilidade e o realismo face aos diversos mundos que o mundo contém e que Tintin percorre – o próprio Hergé frisa este ponto numa entrevista da qual o catálogo desta exposição destaca um trecho (Hergé, 2021, p. 37).

A Segunda Guerra Mundial conduz ao fecho do Le Vingtième Siécle em 1940, e Hergé perde temporariamente o seu espaço regular de publicação periódica. Durante a ocupação nazi da Bélgica, Hergé publicará As Aventuras de Tintin no recém-criado Le Soir Jeunesse, suplemento juvenil do Le Soir, e depois em pequenas tiras na edição geral deste jornal, que era dominado pelas forças ocupantes. Na Libertação, estes envolvimentos trariam ao autor as agruras de ser acusado de colaboracionismo com o inimigo, acusações que implicaram várias punições, mas que nunca chegaram a uma condenação formal (Hergé, 2021, pp. 19; 22).

Na FCG, abordavam-se os revezes deste período no tema «O êxito e a tormenta» (secção «O sucesso e a tormenta», no catálogo) (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 19-22])Apesar da crise e incerteza generalizadas da guerra, a Casterman, editora das compilações em álbum de As Aventuras de Tintin, regista nessa altura uma significativa subida de vendas das peripécias do herói (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé, 2021), cuja celebridade internacional vai crescendo (quiçá em parte motivada pelo facto de as suas ficções tratarem amiúde de assuntos de geopolítica). Nesta etapa da sua carreira, Hergé adota definitivamente a cor – para as Aventuras de Tintin e para outras séries –, primeiro colaborando com Alice Devos e depois com Edgar P. Jacobs (autor da série de BD Blake & Mortimer), parceria esta que se revelaria longa e frutuosa (Hergé, 2021, p. 29). É também nesta época que ganha vida o Capitão Haddock, uma das personagens mais emblemáticas de toda a série (Ibid.).

No imediato pós-guerra, logo em 1946, Hergé funda Le Journal de Tintin, desafiado pelo editor Raymond Leblanc, que fora resistente antinazi. Este novo periódico lançaria as bases da futura revista Tintin, que, como é sabido, teve em Portugal um dos seus correlativos internacionais, imortalizando o slogan «dos sete aos 77». Não podia faltar um destaque desta revista na exposição, tendo-lhe sido dedicada uma vitrina (e veja-se a este propósito uma curiosa foto da sua preparação, que terá circulado online através das redes sociais da FCG, juntamente com outras imagens do processo de montagem, chegando por exemplo ao blogue dedicado à BD As Leituras do Pedro). Blake & Mortimer, da autoria de Jacobs, sai nos números deste periódico, entre muitas outras séries de relevo da BD franco-belga (AstérixLucky LukeMichel Vaillant, etc.). Quanto à edição portuguesa da revista Tintin, terá estado nas bancas entre 1968 e 1982, promovendo igualmente muitas destas séries de BD («Blog responde: Revista Tintin», Tintim por Tintim«A revista Tintin», O Tintinófilo. Tintin em Portugal, 6 nov. 2011).

Até à sua morte, Hergé veria o êxito do herói Tintin consolidar-se a um nível planetário, numa escala que continua hoje crescente. Os seus álbuns estão traduzidos um pouco por todo o mundo, registando vendas avultadíssimas. Na mostra, esta mundialização de Tintin tinha como que um corolário num dos momentos mais «teatrais» do dispositivo museológico: uma grande parede repleta de álbuns editados nos mais variados idiomas, conjugados como peças de um enorme puzzle de parede. A instalação estava arquitetada em nicho, com faixas de espelhos a toda a volta, gerando um loop visual que dava uma ilusão de infinitude àquela profusão de livros (Hergé. Material Fotográfico. Aspetos, Arquivos Gulbenkian, ID: 367360). Em jeito de mural celebratório, eram assim apresentadas edições dos «quatro cantos do globo» desta série de BD que, ao seu jeito, e com incursos por vezes controversos, percorre o mundo e a sua diversidade de culturas. Ao centro da composição, sobressaía uma configuração passível de vários simbolismos: uma cruz latina (proporção da cruz de Cristo), formada por capas de Tintin no Tibete (1959/60) e com a tonalidade branca que nelas predomina, surge rodeada – e ao mesmo tempo destacada – pelo vermelho das capas de Tintin e O Lótus Azul, a importante aventura do herói na China.

Numa visita orientada à exposição, Nick Rodwell refere que, na versão deste projeto em Xangai, esta configuração do mural terá sido considerada demasiado religiosa, tendo sido necessário optar por uma montagem alternativa. Informa ainda que, nessa reconfiguração da instalação, foram retiradas todas as referências ao Tibete, rematando: «and it shows how important China is today» (Sousa, TSF, 1 out. 2021). Naturalmente que o facto de aqueles álbuns de Tintin no Tibete configurarem uma cruz latina teria sempre uma legítima probabilidade de ser entendido como um símbolo religioso cristão. E frise-se inclusivamente a sua contextualização numa exposição sobre a vida e obra de Remi/Hergé, sabidas as suas ligações ao catolicismo, sabido também o cristianismo do seu amigo chinês Tchang Tchong-jen e sabidas as polémicas que têm surgido em torno das abordagens do artista belga a culturas enraizadas noutros credos e mundividências.

Uma outra faceta de Remi/Hergé muito destacada nesta iniciativa foi a de colecionador de arte. Especialmente a partir da década de 1960, o autor foi constituindo um acervo com obras de artistas como Joan Miró (1893-1983), Jean Dubuffet (1901-1985), Lucio Fontana (1899-1968), Serge Poliakoff (1900-1969), Jean-Pierre Raynaud (1939), Andy Warhol (1928-1987), Roy Lichtenstein (1923-1997), entre outros. No núcleo «Hergé, amante de arte», a exposição abordava este vetor, expondo algumas obras da sua coleção (Fundação Calouste Gulbenkian / Hergé, 2021). Destaque para a presença de um retrato de Hergé da autoria de Warhol, na senda das imensas encomendas de celebridades que o norte-americano levara a cabo na sua Factory, entre as décadas de 1960 e 1980. Trata-se de uma serigrafia sobre tela, intervencionada com pintura, e cuja instalação na parede a enquadrava no interior de numa esquadria composta por fotografias de um encontro entre Hergé e Warhol. Apesar das relações comerciais algo desconfortáveis que, segundo Nick Rodwell, terão estado subjacentes à feitura de vários retratos (Sousa, TSF, 1 out. 2021), certo é que a presença desta peça do icónico artista da pop americana na exposição – retratando um dos autores mais conceituados da BD internacional – poderá ser vista com particular pertinência, dada a influência da BD e do cartoon na pop art e vice-versa. De resto, a importância que o trabalho de Hergé representou para Warhol foi várias vezes reconhecida, como por exemplo num breve artigo publicado na revista frieze (Frieze, Issue 59, mai. 2001).

A relevância de um núcleo dedicado ao colecionismo aumenta se considerarmos que os museus, e até o chamado «mundo da arte», vão povoando as vinhetas de Hergé desde cedo, muito antes de começar a colecionar obras coleção (Fundação Calouste Gulbenkian / Hergé, 2021). A sua curiosidade pelas querelas do meio artístico foi tal que a última aventura de Tintin seria a inacabada («Tintin and Alph-Art», Tintin.com, 2023), interrompida pela morte de Hergé, e que mereceria a edição de várias conclusões não oficiais por parte de outros autores da BD internacional, como por exemplo de Yves Rodier, que tem publicado imensas versões não oficiais As Aventuras de Tintin («Tintin and Alph-Art (Rodier)», The Adventures of Tintin Fanon Wiki). É nos esquiços da derradeira aventura Tintin e a Alph-Art que figura a curiosa escultura em forma de «H» transparente, uma obra de arte adquirida pelo Capitão Haddock, e da qual se apresentava em Lisboa uma maqueta em plexiglas (Hergé. Material Fotográfico. Aspetos, 2021, Arquivos Gulbenkian, ID: 367365; ID: 367366; ID: 367368).

Aprofundemos agora aquele que foi o aspeto mais específico da versão desta exposição em Lisboa: a relação de Hergé e da sua obra com Portugal. Quer na mostra, quer especialmente na programação paralela e em publicações associadas, foram valorizados vários aspetos dessa relação, ora no espectro biográfico de Hergé, ora internamente às ficções protagonizadas por Tintin, ora nas articulações entre estas duas instâncias. Publicou-se inclusivamente uma brochura inteiramente dedicada a esse tema, Hergé em Portugal, com coordenação de António Cabral, interveniente em várias fases do projeto «Hergé» e alguém que o administrador da FCG Guilherme d'Oliveira Martins, escrevendo na imprensa sobre a exposição, enquadra mesmo como «o grande impulsionador desta iniciativa» (Martins, Diário de Notícias, 12 out. 2023, p. 27). Esta publicação somou-se às várias abordagens do assunto nos eventos paralelos e às muitas menções e comentários na imprensa. A contribuir para todo este destaque está a circunstância de o contexto cultural português (que, historicamente, promovera cedo um interesse pela caricatura, ilustração e BD internacionais) ter promovido as primeiras edições traduzidas de As Aventuras de Tintin, em 1936. De resto, conta-nos João Paiva Boléo, na referida brochura, que, mesmo antes da chegada de Tintin, já a BD de Hergé tinha sido apresentada em Portugal por intermédio do seu herói-escuteiro Totor, numa aparição pontual na revista Scout Lusitano, logo em 1927 (Boléo, Hergé em Portugal, 2021, pp. 9-11).

Tintin estreia-se em português a 16 de abril de 1936, no n.º 53 da revista infanto-juvenil O Papagaio, de vocação católica, dirigida por Adolfo Simões Müller, que acolhe a série muito por intermédio da ação do padre Abel Varzim (Ibid.). É também nessa ocasião que as tiras de As Aventuras de Tintin são publicadas a cores pela primeira vez – coloração esta que «não podia deixar de entusiasmar Hergé, mesmo que, mais tarde, revelasse alguma perplexidade pela paleta adoptada» (Ibid., p. 10) –, ainda mal suspeitaria o autor que o cromatismo passaria a ser uma característica marcante da qual não abdicaria no futuro. Sobre o estranhamento desta primeira coloração, a brochura da FCG permite ver que não há consenso, quando comparamos as palavras de Boléo com as que Cabral profere no seu artigo «Hergé, um amigo de Portugal» (Ibid., pp. 37-45). Neste mesmo texto de Cabral, surgem analisadas, maioritariamente a partir de fontes epistolográficas, as relações mantidas entre Hergé, Afonso Simões Müller e Abel Varzim, no contexto dos periódicos O Papagaio, primeiro, e Diabrete, depois. Narra-se, por exemplo, o marcante pagamento de direitos de autor em víveres mandados de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial, entre outros episódios (Ibid.).

Entre os muitos dados da relação de Hergé com Portugal que foram debatidos, merecem também destaque as adaptações, supressões e outras adulterações (de vinhetas, tiras, títulos, balões de fala) motivadas por diretivas ideológicas, morais e propagandísticas do Estado Novo. O pequeno volume Hergé em Portugal dá conta desta questão na sua breve resenha de José Azevedo e Menezes «As Aventuras de Tintin nas revistas e jornais portugueses» (Ibid., pp. 16-27).

A brochura também não deixaria de «homenagear» as personagens portuguesas da série, entre as quais sobressaem Oliveira da Figueira ou o professor Pedro João dos Santos, da Universidade de Coimbra (com o seu segundo nome escrito «Joãs», possivelmente por lapso, nas tiragens francófonas de A Estrela Misteriosa) (Ibid., pp. 32-34). A própria capa de Hergé em Portugal exibe um desenho que representa Oliveira da Figueira a cumprimentar Tintin e Milu, e que terá sido desenhado por Hergé numa carta de resposta a dois admiradores portugueses que o tinham tentado visitar em Bruxelas em 1958. Os então jovens Francisco Hipólito Raposo e Pedro Emauz Silva deixaram um cartão de visita em nome, justamente, de Oliveira da Figueira – humor que Hergé terá apreciado. A «fraterna» carta de Hergé encontra-se reproduzida na brochura (Ibid., pp. 26-27) e todo este desenlace é destacado por Maria Helena Borges (diretora-adjunta do Programa Gulbenkian Cultura e coordenadora da versão portuguesa de «Hergé») numa reportagem televisiva para a TVI («Tintin faz 93 anos» [vídeo], 10 out. 2022, Arquivos Gulbenkian, ID: 384501).

À semelhança daquilo que acontece com muitas outras personagens de Hergé, há pistas, das mais óbvias às mais obscuras, a articular estas figuras portuguesas com fragmentos da contemporaneidade que assistiu à sua criação. Como exemplo do tipo de interrogação que desencadeiam, relembre-se uma hipótese levantada por Frederico Duarte de Carvalho na conferência «O Futuro de Tintin» (1 out. 2021), primeira das várias conferências paralelas à exposição, dada em conjunto com Nick Rodwell. O jornalista questionou, em jeito assumidamente especulativo, se a circunstância de Tintin se mascarar de «Álvaro», fazendo-se passar por sobrinho de Oliveira da Figueira, em Tintin no País do Ouro Negro (1949-1950), não teria ecos da detenção de Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro em abril de 1949, uma notícia que terá sido badalada em periódicos internacionais. Esta referência do jornalista a Cunhal seria depois relembrada num curioso artigo do jornal Tal & Qual (no qual Frederico Duarte de Carvalho colabora), assinado ficticiamente pelo próprio Oliveira da Figueira («Quando Tintin foi Álvaro», Tal & Qual, 13 out. 2021, p. 15). Este e outros aspetos já tinham sido abordados por Frederico Duarte de Carvalho num breve artigo que nos chega através de um post de 2015 do blogue O Tintinófilo – Tintin em Portugal. No final desse pequeno texto, é recordado também o facto de «Álvaro», na mesma aventura de Tintin, se ter infiltrado nos aposentos de Müller, um vilão com o mesmo apelido de Adolfo Simões Müller, o já aqui referido diretor da revista portuguesa O Papagaio, que estreou As Aventuras de Tintin em Portugal (terá sido simples coincidência?) («A propósito de Oliveira da Figueira», O Tintinófilo, 4 set. 2015).

Hergé em Portugal complementava o catálogo da versão de Lisboa desta mostra, que apresenta um formato ao jeito de um álbum de As Aventuras de Tintin. Esta citação material dos famosos livros da Casterman era desde logo dada pelas proporções e outros aspetos da encadernação (com as típicas guardas azuis repletas de personagens), sendo depois continuada no miolo em vários dos grafismos adotados. Estas duas publicações associadas à versão de Lisboa – catálogo e brochura – foram editadas pela FCG em parceria com as Éditions Moulinsart, chancela que tinha já publicado um volume mais exaustivo aquando da versão da exposição no Grand Palais (2016-2017), em Paris, mostra e monografia que poderão funcionar como referências mais gerais de toda esta iniciativa itinerante (para uma breve resenha da exposição de Paris, leia-se na imprensa portuguesa, por exemplo, o artigo de Miguel Marujo «Hergé e a grandeza da arte maior que é Tintin e a BD», Diário de Notícias, 29 nov. 2016).

A programação paralela a «Hergé» foi profusa. À visita e conferência inaugurais, com a participação de Nick Rodwell, somaram-se dois ciclos de conferências: Hergé no Mundo Contemporâneo e Ler Hergé Hoje, ambos realizados no Auditório 3 da Sede da FCG (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé. Programação complementar, 2021). O primeiro, com moderação do historiador e politólogo Antónia Costa Pinto, contou com três conversas decorridas a 12, 22 e 23 de novembro de 2021: «Hergé e o Portugal do Estado Novo», por António Cabral e António Araújo«Hergé global», por Carlos Gaspar e João Pedro George; e «Hergé e o mundo contemporâneo», por Miguel Bandeira Jerónimo e Maria Inácia Rezola. Já o segundo ciclo acabou por contar apenas com a conversa «Espécie de catacrese!», por Patrícia Portela e José Pedro Serra, a 10 de janeiro de 2022, tendo sido cancelada uma outra conferência, programada para 29 de novembro de 2021, que teria reunido Alice Geirinhas e Francisco Vidal num debate com o título «A linha é assim tão clara?» (Fundação Calouste Gulbenkian \ Hergé. Programação complementar, 2021). Fora destes dois ciclos, uma última conferência decorreu a 9 de janeiro de 2022, na véspera do encerramento da mostra, versando sobre «Hergé, Tintin e a Bélgica». Esteve a cargo de Dominique Maricq e a tradução simultânea foi disponibilizada através do canal de Youtube da FCG («Tradução simultânea: Hergé, Tintin e a Bélgica», 2021).

Em tempos que ainda eram de pandemia de Covid-19, merece também destaque a difusão de programação paralela nos canais digitais da FCG. Mencione-se a visita com Ana Vasconcelos e Nick Rodwell, transmitida online, em diferido, no dia 11 de janeiro de 2022 («Hergé: Visita Guiada Online», FCG, 2021), dia seguinte ao encerramento, ou as edições vídeo da série de conversas «Ana Vasconcelos convida…», igualmente disponibilizadas online. Neste ciclo de conversas, a curadora começou por encontrar-se com o ilustrador António Jorge Gonçalves («Todos nós podemos ser Tintin», 14 out. 2021). Seguiu-se um encontro com Maria Helena Borges, a já referida diretora-adjunta do Programa Gulbenkian Cultura, que coordenou esta versão portuguesa do projeto «Hergé», e que trabalha de há longa data em serviços da Fundação relacionados com os livros e a leitura («A braços com Hergé», 14 out. 2021). Uma terceira conversa («Ler Banda Desenhada»), desta feita com Inês Fonseca Santos (uma das anfitriãs do programa televisivo de literatura Todas as Palavras, da RTP), esteve prevista para 29 de dezembro de 2021, mas acabaria por ser cancelada. Realizada foi, sim, a 6 de janeiro de 2021, a conversa «Balanço de uma exposição», com João Paulo Paiva Boléo, historiador de BD e participante em diversos momentos do projeto «Hergé» na Gulbenkian (Fundação Calouste Gulbenkian \ Visita e conversa com a curadora e convidados: Hergé. Ana Vasconcelos convida…, 2021).

Várias foram também as sessões da visita orientada «Hergé e Tintin... hoje», com conceção e orientação de Carlos Carrilho, Raquel Feliciano e Ricardo Mendes, integrada no programa Gulbenkian Descobrir (Fundação Calouste Gulbenkian. Hergé. Visitas, 2021). A oferta educativa contou ainda com as atividades «Tintin por tim tim – Uma oficina desenhada!», com conceção e orientação de Ricardo Mendes, e o ciclo «Sketch Lab. BD em ação!», com conceção e orientação de Marc Parchow e João Mascarenhas (Fundação Calouste Gulbenkian. Hergé. Oficina de Desenho, 2021). Mencione-se ainda a iniciativa «Tintin – O som que o desenho faz», uma performance de encerramento, baseada em leituras de excertos de As Aventuras de Tintin por jovens concorrentes, sob a forma de um diálogo que não usou apenas palavras colhidas de entre os 24 álbuns, mas também onomatopeias, ou não fosse a BD a inspiração de todo o evento (Fundação Calouste Gulbenkian. Tintin – O som que o desenho faz, 2021).

No espectro mais artístico da programação paralela, destaque-se o espetáculo Castafiore, uma performance protagonizada pela soprano Catarina Molder, aludindo à personagem Bianca Castafiore. Cantora lírica, por quem o Capitão Haddock era apaixonado, esta personagem feminina de As Aventuras de Tintin – que a imprensa recordou ser uma das poucas mulheres a figurar com franco destaque na série (leia-se, por exemplo, o artigo de Jorge Calado no Expresso) (Calado, Expresso, 1 out. 2021, p. 24) – dava o mote para repensar o conceito de diva nesta performance operática. O evento decorreu no Auditório 2 da Sede da FCG, em seis sessões distribuídas por dois dias, 11 de dezembro de 2021 e 9 de janeiro de 2022 (Fundação Calouste Gulbenkian. Castafiore. Performance por Catarina Molder», 2021).

Nesta vasta agenda de eventos associados esteve também uma conferência no âmbito do lançamento da tradução portuguesa (2021) de uma nova edição (2017) de Tintin no País dos Sovietes (1929-1930), a primeira aventura do herói, que Hergé optara por nunca colorir, ao contrário do que fizera a respeito das restantes aventuras do leque inicial da série, também elas saídas a preto-e-branco, mas coloridas anos mais tarde. Era agora a cores e com várias adaptações que esta primeira façanha de Tintin, hoje polémica, obtinha uma nova edição em 2021. A conferência de lançamento contou com moderação do jornalista cultural Nuno Galopim, para um painel em que participaram Guilherme d’Oliveira Martins – enquanto administrador da FCG e interessado em BD (leia-se, por exemplo, o já citado artigo «Cavaleiro Andante», Diário de Notícias, 12 out. 2021) –, o crítico Eurico de Barros e o ilustrador e autor de banda desenhada Nuno Saraiva. A apresentação decorreu no Auditório 3 da FCG a 6 de dezembro de 2021 (Fundação Calouste Gulbenkian. Apresentação do livro Tintin no País dos Sovietes – Edição a cores, 2021).

Momento destacado da programação da FCG para 2021/2022, «Hergé» encerraria a 10 de janeiro de 2022, data do 93.º aniversário da primeira publicação de As Aventuras de Tintin no Le Petit Vingtième. Realizada ainda a braços com a pandemia de Covid-19 e pensada para o chamado «grande público», terá sido bem-sucedida em termos de afluência, tendo em conta as circunstâncias excecionais de saúde pública que com ela coincidiram. Ana Vasconcelos menciona «cerca de 50 000 visitantes» na conversa que realiza com João Paiva Boléo (Balanço de uma exposição. Ciclo Ana Vasconcelos convida [teaser], 2022, Arquivos Gulbenkian, ID: 380104).

Tentando chegar ao maior número possível de pessoas, numa conjuntura tão restritiva da lotação e frequência de espaços culturais, a Fundação levou a cabo um horário alargado em diversas ocasiões. A exposição esteve aberta em várias terças-feiras (habitual encerramento das exposições da FCG), inclusive a do feriado do 5 de Outubro de 2021. O funcionamento foi prolongado até às 21 horas às sextas-feiras e em vários sábados. Nos últimos dias, entre 2 e 10 de janeiro de 2023, todas estas medidas estiveram em vigor (Hergé, Facebook da FCG, 2022).

Enquanto projeto expositivo, o evidente caráter homenageante de «Hergé» trazia à Gulbenkian o desafio de celebrar o legado artístico-cultural do criador de Tintin sem descurar algumas das problematizações éticas que a obra do autor tem vindo a motivar e as interpretações que nela têm identificado traços colonialistas, racistas ou misóginos.

Talvez por ter sido uma iniciativa mobilizada diretamente por entidades que gerem património cultural e comercial associado a Hergé, este projeto itinerante, quer na versão da Gulbenkian, quer provavelmente nas versões apresentadas noutras instituições por onde tem passado, não será marcado pelas abordagens mais profundas dos diferendos mais fraturantes que estão na ordem do dia no que toca à obra deste autor.

Na versão de Lisboa, não terá havido uma demissão de analisar tópicos «quentes», tendo sido afloradas algumas das crispações em torno de Hergé e da sua obra – considerem-se os apontamentos que nos deixam Ana Vasconcelos e Maria Helena Borges na sua conversa pública, comentando a inevitável relação com os assuntos mais controversos (Fundação Calouste Gulbenkian. A braços com Hergé, 2021; Arquivos Gulbenkian, ID: 385737). Todavia, mesmo reforçando o intuito de, «em vez de pôr para baixo do tapete, trazer para cima, para a discussão» (Borges, Ibid.) e assumindo que a mostra «era uma oportunidade muito boa de trazer ao primeiro plano essas questões» (Vasconcelos, Ibid.), observou-se principalmente o caráter celebratório de todo o projeto, coabitando com as extensões mais controversas, mais do que propondo o debate aceso sobre elas.

O exercício de uma digestão crítica destas matérias foi chamado à colação em alguns dos eventos paralelos, ou mesmo maioritariamente remetido para a esfera da receção. Em alguma crítica nacional, assumiu-se a forte necessidade de focar factos incómodos e interpretações disruptivas em torno da obra deste autor e dos seus impactos. Medindo os antagonismos entre algumas das posições expressas, temos já uma pequena representação de como, dos extremismos de Hergé às polaridades das leituras que sobre a sua obra recaem, se narram e narrarão díspares diagnósticos.

Daniel Peres, 2023

From 1 October 2020 to 10 January 2021, the Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) hosted the first exhibition in Portugal devoted to the life and works of Georges Remi (1907-1983), the author who gained fame under the penname Hergé.

Lisbon was among the stops on an international tour promoted by the Musée Hergé  (Louvain-la-Neuve, Belgium), an institution that has delivered similar initiatives alongside other institutions such as the Grand Palais de Paris (2016), MUDAC (Musée Cantonal de Design et d’Arts Appliqués Contemporains) in Geneva (2016-2017), the Musée de la Civilisation in Quebec (2017), and the Power Station of Art in Shanghai (2021-2022) (the latter opening just before the Lisbon show and overlapping with it in the month of October 2021). After its run at the Gulbenkian, this touring exhibition moved on to the other Iberian capital, where it was shown at the Círculo de Bellas Artes in Madrid (2022-2023).

The Lisbon version was produced by the Gulbenkian Culture Programme, which joined forces with the Modern Art Centre (CAM) of the FCG. The exhibition was curated by CAM curator Ana Vasconcelos, and Nick Rodwell, head of what was known at the time as Moulinsart S.A., since renamed Tintiniamaginatio (one of the companies that manages the rights to Hergé’s work). Committed to preserving Hergé’s legacy since the 1980s, a decade that ended with his marriage to artist’s former collaborator and widow, Fanny Vlamynck, Rodwell has worked with several organisations that own and promote much of the author’s artistic and editorial estate, including Studios Hergé, the Hergé Museum and the recently launched Hergé Foundation, established in March 2022 (Hergé Museum, 2022).

At the Gulbenkian, “Hergé” occupied the entire Main Gallery of the Main Building, also extending into the Gardens, which provided the backdrop for a large three-dimensional model of the iconic red and White rocket that appears on the covers of Tintin: Destination Moon (1953) and Tintin: Explorers on the Moon (1954).

Indoors, the gallery was filled with a vast archive of artwork and documents, including letters; original panels; first editions of publications; edits and reprints; preparatory sketches and colour studies; and pieces by other artists. A clear investment was made in the design of the exhibition and this retrospective of Hergé’s career was brought to life by audiovisual materials, fascinating artefacts, 3D models of items and scenes lifted from the pages of comics, and quotes from the author on the walls (“Hergé”, Views, 2021, Gulbenkian Archives, ID: 367360). A major publicity campaign generated public excitement, while the extensive range of branded merchandise on sale reflected the more commercial side of the exhibition (“Hergé”, Views, 2021, Gulbenkian Archives, ID: 367468).

The Lisbon exhibition again sought to offer a deeper understanding of Remi/Hergé’s work, going beyond the world of comics, illustration and cartoons by exploring thematic, historical and biographical connections to other areas of his creative output and career.

In terms of comics, there was a natural focus on Tintin, though not at the expense of others produced before, during and after the character’s appearance. The exhibition also covered Remi/Hergé’s work in the fields of graphic design and advertising and even painting, finding parallels with his comic output. The latter of these fields was a constant area of experimentation for the author, a self-avowed amateur, leading to his interest in modern and contemporary art collecting, which manifested itself in references to the art world and galleries in many of his comics from an early stage.

This multidisciplinary approach in “Hergé” looks like an effort to assert the status of comics as an “artform in their own right”, a status that the so-called “ninth art” has won gradually, sometimes in the face of resistance. In the exhibition, the subject of the history of comics, their status as an artform and the way in which this may have affected Hergé were tackled in an area entitled “Greatness of minor art” (and a chapter of the exhibition catalogue entitled “A grandeza de uma arte menor”), which, curiously, featured paintings by the author (Calouste Gulbenkian/Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 5-12]). 

Educational aspects of the exhibition – such as the display case “How a comic is born” – also helped paint a picture of the comic as a multifaceted artform that captivates both enthusiasts and the general public (“Hergé”, Views, 2021, Gulbenkian Archives, ID: 367468).

Indeed, the diversity of the comic as a medium seems to chime with the multifaceted character of Hergé himself, as reflected in areas of the exhibition focused on the artist’s wider interests, such as “The Art of Advertising” (which looked at his work in the field of advertising and the establishment of the firm L'Atelier Hergé-Publicité) and “Novelist of the Image” (which reflected on the links between comics and film in terms of how they combine image and narrative) (Calouste Gulbenkian Foundation/Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 33-36; pp. 13-18]).

Other spaces within the exhibition, such as “A Paper Family” and “Cœurs Vaillants Magazine” (given the title “Hergé, o Cœur Vaillant?”, in the catalogue), focused on the huge cast of characters created by Hergé, both in The Adventures of Tintin and elsewhere (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 23-28; pp. 29-32]). This area showcased other series, such as Les Exploits de Quick et Flupke (1930-1940) and Jo, Zette et Jocko (1936-1957), the latter published for the first time in French magazine Cœurs Vaillants, commissioned by its directors. In Portugal, the former initially appeared in 1941, under the title Tropelias do Trovão e do Relâmpago, in issue 15 of Diabrete magazine, but was later published as Aventuras e Desventuras de Quim e Filipe, in a compilation published by Verbo in the 1980s (Tintim por Tintim blog post); the latter was entitled Joana, João e o Macaco Simão, and premiered in Portugal in issue 89 of Zorro magazine in 1964, retaining the same title when the book, also published by Verbo, was released in the 1980s (Ibid.).

These inclusions underlined the fact that Hergé’s comics did not begin and end with The Adventures of Tintin, despite the resemblance (both structural and more superficial) between some of the other series and the author’s masterpiece – as illustrated by comparisons between panels in the exhibition catalogue (Hergé, 2021, pp. 30, 31).

However, despite spanning the entire breadth of Hergé’s output, the exhibition stressed the need to acknowledge that Hergé’s work, and even the man himself, were, to a great extent, synonymous with the iconic young Belgian reporter and his phenomenal popularity and success, the resemblance between creator and creation often being a deliberate choice. To illustrate this point, the exhibition frequently quoted Hergé’s famous adage: “Tintin, c'est moi!”, echoing Flaubert on his character Madame Bovary (Ibid., p. 23). This idea is further underlined by the images chosen for the publicity materials and catalogue covers of the touring exhibition, many of which feature a photograph of Remi/Hergé’s face behind a line drawing of Tintin’s face.

This “overlap” between Hergé and Tintin has been internalised to such an extent (by fans and the general public) that the famous cover of Libération from 05/06 March 1983, marking the death of the artist, featured an image of the hero motionless with a disconsolate Snowy, against a black background with the headline: “Tintin est mort.” This is where the exhibition began – “at the end” – a choice that mirrored the Paris edition and was often referenced in press coverage of the Lisbon edition, for instance in an article by José Marmeleira for Público, which quotes Ana Vasconcelos (Marmeleira, Público, 1 Oct 2021, pp. 8-10). Beginning with the death of the artist, the various areas of the exhibition offer an overview of the life and works of Remi/Hergé, ending, appropriately, with “The birth of a legend”, in other words the creation of Tintin, a character who, contrary to the ominous Libération cover, did not die with Hergé, both he and his author having long since achieved “immortality”.

Indeed, in this retrospective, Tintin provided the ideal vehicle for guiding visitors through the connections – and sometimes even identities - that Hergé shared with the heroes he created. Going further back in time, we could mention Les extraordinaires aventures de Totor, C.P. des Hannetons, whose protagonist is a scout – like Remi in his youth. It already bore many of the hallmarks of what would become Tintin. Totor first appeared in Le Boy-Scout Belge magazine, in 1926, making it the first known comic strip published by the author under his iconic penname Hergé, which would become a real trademark (even in the commercial sense). This name, Hergé, is a self-referential play on words: it is a phonetic reading of the initials George Remi in reverse – RG – and, coincidentally, also a contraction of the first syllables of “Remi” and “Georges”, again back to front.

The adventures of Totor remained in print until 1929, the landmark year that saw the publication of the first edition of the The Aventures of Tintin (“Hergé avant Tintin: Totor”, Tintinomania blog, 2017). However, prior to this, in 1928, the adventures of Flup, Nénesse, Poussette et Cochonnet, appeared in the first edition of the Belgian newspaper in which Tintin was launched shortly after: Le Petit Vingtième (“Hergé avant Tintin: Flup, Nénesse, Poussette et Cochonnet”, Tintinomania blog, 2017). This was the children’s supplement to Le Vingtième Siécle, a conservative Christian paper, with well-documented nationalist and fascist tendencies.

The exhibition explored the emergence of Tintin in an area entitled “The birth of a Legend”,  which featured panels from the adventure that launched the hero, pictured at the wheel of a sports car with his iconic quiff (Hergé, 2021, p. 41) – Tintin in the Land of the Soviets (1929-1930), which remains controversial to this day for its anti-Bolshevik rhetoric (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021 [Hergé2021, pp. 41-44]).

Already exhibiting some of what would become his defining traits, these early Tintin comics, published at the turn of the 1930s, were soon compiled in omnibuses, giving rise to a series of books loved worldwide to this day.

During the 1930s, Hergé was also strongly influenced by the Far East, thanks largely to his friendship with sculptor Tchang Tchong-jen (1907-1998). Hergé often said that fiction mirrors life, and before long, his friend Tchang inspired a young Chinese character, who made his first of several appearances in The Blue Lotus (1936) – a turning point in Hergé’s career, produced with considerable input from Tchang himself. This landmark Tintin adventure, set in China, appeared after Cigars of the Pharaoh (1934), which had already seen the series journey eastwards. Hergé was clearly influenced by the “Lesson from the East” – the title of the area of the FCG exhibition that reflects in detail on this subject (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021 [Hergé2021, pp. 37-40]). While Western comics have always had historical roots in Eastern art (nineteenth century Japanese woodblock prints being just one example), and while the “clear line” (a term coined by Joost Swarte in 1977) of certain French and Belgian authors has always seemed to betray this influence, this became more of a conscious choice for Hergé. Building on this previous work while also marking a turning point, The Blue Lotus also illustrates a greater commitment to thorough research, in an effort to improve the sensitivity and realism of the various worldwide locations Tintin visits – Hergé himself underlines this point in an interview quoted in the exhibition catalogue (Hergé, 2021, p. 37).

The Second World War caused the closure of Le Vingtième Siécle in 1940, and Hergé was temporarily left without a regular newspaper slot. During the Nazi occupation of Belgium, Hergé would publish The Aventures of Tintin in the recently founded Le Soir Jeunesse, the children’s supplement to Le Soir, and later in small runs by the publishers of this paper, which was dominated by the occupying forces. Following liberation, his involvement with the paper would give rise to accusations of collaboration with the enemy, placing the author at risk of punishment, but he was never formally convicted (Hergé, 2021, pp. 19; 22).

At the FCG, this challenging era were covered in an area called “Tipping Point” (entitled “O sucesso e a tormenta”, in the catalogue) (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021 [Hergé, 2021, pp. 19-22])Despite the crisis and widespread uncertainty resulting from the war, Casterman, publisher of The Aventures of Tintin compilations, experienced a significant growth in sales of the hero’s adventures during this period (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021), and the international profile of the character began to grow (perhaps due in part to the fact that the plots often dealt with geopolitical issues). During this phase of his career, Hergé definitively switched to colour – both in The Aventures of Tintin and his other series –, first working with Alice Devos and later with Edgar P. Jacobs (author of the Blake & Mortimer comic series), in what would prove to be a long and fruitful partnership (Hergé, 2021, p. 29). This period also saw the first appearance of Captain Haddock, one of the most iconic characters in the whole series (Ibid.).

In the immediate post-war period, in 1946, Hergé founded Le Journal de Tintin, in response to a challenge from publisher Raymond Leblanc, who had been a member of the resistance. This new magazine would lay the foundations for the later Tintin magazine, an international edition of which was published in Portugal, with the immortal slogan “from the age of 7 to 77”. It would be unthinkable to exclude this magazine from the exhibition, and it was the focus of a display case (an interesting photo of its preparation was published online via the FCG social media accounts, as were other images of the process of hanging the exhibition, including on the comic blog As Leituras do Pedro). Blake & Mortimer, written by Jacobs, appeared in this magazine, along with several other major Franco-Belgian comic series (AsterixLucky LukeMichel Vaillant, etc.). The Portuguese edition of Tintin magazine was on the shelves from 1968 to 1982 and also featured several of these comic series (“Blog responde: Revista Tintin”, Tintim por Tintim“A revista Tintin”, O Tintinófilo. Tintin em Portugal, 6 Nov 2011).

In life, Hergé would see his hero Tintin become a global success, and the character’s popularity continues to grow to this day. The books have been translated into most major languages and have sold in vast quantities. The global reach of Tintin was illustrated by one of the most “theatrical” elements of the whole exhibition: a large wall covered in books in various languages, displayed en masse like pieces of a vast puzzle on the wall. The installation was recessed and surrounded by mirrored strips, creating a visual loop that gave the impression of an endless array of books (Hergé. Photographic materials. Views, Gulbenkian Archives, ID: 367360). Intended as a celebration, the wall featured editions of the comic book series that explored the world and its cultures – sometimes in controversial fashion - from the “four corners of the globe”. At the centre of the composition, copies of Tintin in Tibet (1959/60) with their prevailing white tones were arranged to form a Latin cross (like the Cross of Christ), surrounded – and therefore highlighted – by the red covers of Tintin and The Blue Lotus, the hero’s famous adventure in China, a layout open to multiple symbolic interpretations.

In a guided tour of the exhibition, Nick Rodwell explained that in the Shanghai version, this layout was considered too religious, and an alternative design had to be used. He also explained that all references to Tibet were removed, adding, “and it shows how important China is today” (Sousa, TSF, 1 Oct 2021). Naturally, the fact that these copies of Tintin in Tibet were arranged in a cross could be interpreted as an allusion to Christianity. It must also be viewed in context, in an exhibition on the life and works of Remi/Hergé, with an awareness of this strong ties to Catholicism, his Chinese friend Tchang Tchong-jen’s Christian faith and the controversies stemming from the Belgian artist’s depictions of cultures rooted in different faiths and worldviews.

Another facet of Remi/Hergé highlighted by this project was his love of art collecting. From the 1960s onwards, the author assembled a large collection of works by artists including Joan Miró (1893-1983), Jean Dubuffet (1901-1985), Lucio Fontana (1899-1968), Serge Poliakoff (1900-1969), Jean-Pierre Raynaud (1939), Andy Warhol (1928-1987) and Roy Lichtenstein (1923-1997), among others. The exhibition explored this subject in its “Hergé, the art lover” section, presenting a selection of works from his collection (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021). One of the standout pieces was a portrait of Hergé by Warhol, one of many celebrity commissions the North American produced at his Factory between the 1960s and 1980s. This screenprint on canvas, modified with paint, hung on the wall surrounded by photographs of the time Hergé met Warhol. Despite the somewhat uncomfortable commercial relations which, according to Nick Rodwell, lay behind many such portraits (Sousa, TSF, 1 Oct 2021), the inclusion of this piece by the iconic American pop artist – depicting one of the best-known cartoonists in the world – is significant when we consider how comics and cartoons influenced pop art and vice-versa. What is more, Hergé’s work was often acknowledged as an influence on Warhol, for instance in a short article published in the magazine frieze (Frieze, Issue 59, May 2001).

The theme of collecting takes on greater significance when we consider that museums and even the so-called “art world” featured prominently in Hergé’s cartoons from an early stage, long before he started his own collection (Calouste Gulbenkian Foundation / Hergé, 2021). Such was his fascination with the inner machinations of the art world that his final Tintin adventure was to be the unfinished “Tintin and Alph-Art”, (Tintin.com, 2023). Curtailed by Hergé’s death, it was published with several unofficial endings by various international comic book authors,  including Yves Rodier, who has published several unofficial versions of The Adventures of Tintin (“Tintin and Alph-Art (Rodier)”, The Adventures of Tintin Fanon Wiki). The sketches for this final adventure, “Tintin and Alph-Art”, feature a curious sculpture in the shape of a transparent letter “H”, a work of art acquired by Captain Haddock, a plexiglass model of which was included in the Lisbon exhibition (Hergé. Photographic material, Views, 2021, Gulbenkian Archives, ID: 367365; ID: 367366; ID: 367368).

We now turn to the most unique feature of the Lisbon version of the exhibition: its focus on links between Hergé and his works and Portugal. The exhibition and, to a greater extent, the accompanying events and publications, highlighted aspects of this connection in Hergé’s own life, the Tintin stories, and the overlap between the two. A whole brochure, entitled Hergé em Portugal, was dedicated to the subject, under the coordination of António Cabral, who contributed to various stages of “Hergé” and was referred to by FCG board member Guilherme d'Oliveira Martins, writing about the project in the press, as “the driving force behind the initiative” (Martins, Diário de Notícias, 12 Oct 2023, p. 27). This publication complemented various events devoted to the theme and references to it in the press. One of the reasons for this focus is that Portugal (a country with a longstanding love of caricature, illustration, and international comics) was the first place to publish translated editions of The Adventures of Tintin, in 1936. What is more, as João Paiva Boléo explains in the brochure mentioned above, when Tintin reached Portugal, Hergé was already known in the country for his heroic scout character, Totor, who had appeared in Scout Lusitano magazine as early as 1927 (Boléo, Hergé em Portugal, 2021, pp. 9-11).

Tintin first appeared in Portugal on 16 April 1936, in issue 53 of Catholic children’s and youth magazine O Papagaio, directed by Adolfo Simões Müller, which agreed to print the series thanks in large part to the efforts of Father Abel Varzim (Ibid.). This was also the first time The Adventures of Tintin strips were published in colour, a development that “must have been exciting to Hergé, though he later revealed some perplexity at the chosen colour palette” (Ibid.p. 10). However, at the time the author did not realise that colour would become a defining feature of his future publications. Regarding the strangeness of this first colour version, the FCG brochure reveals that there was no consensus, when we compare the words of Boléo to those of Cabral in his article “Hergé, um amigo de Portugal” (Ibid., pp. 37-45). In the same piece, Cabral also offers an analysis, mainly based on correspondence, of the relationship between Hergé, Afonso Simões Müller and Varzim, first in the context of O Papagaio and later Diabrete. It features various interesting anecdotes, including large royalty payments in the form of food sent from Portugal during the Second World War (Ibid.).

Another aspect of Hergé’s relationship with Portugal discussed were the amendments, deletions and other changes (of panels, strips, titles, speech bubbles) made due to the ideological, moral and propaganda laws of the authoritarian Estado Novo regime. The small volume Hergé em Portugal tackles this question in a short essay by José Azevedo e Menezes, entitled “As Aventuras de Tintin nas revistas e jornais “Ibid., pp. 16-27).

The brochure also paid tribute to Portuguese characters in the series, in particular Oliveira da Figueira and Professor Pedro João dos Santos of the University of Coimbra (whose second name was spelled “Joãs”, in the French language editions of The Shooting Star, perhaps due to an error) (Ibid., pp. 32-34). The cover of Hergé em Portugal features a drawing of Oliveira da Figueira greeting Tintin and Snowy, thought to have been drawn by Hergé himself in a letter replying to two Portuguese fans who attempted to visit him in Brussels in 1958. Francisco Hipólito Raposo and Pedro Emauz Silva, youths at the time, left a calling card signed Oliveira da Figueira – a joke that Hergé must have appreciated. The “fraternal” letter from Hergé appears in the brochure (Ibid., pp. 26-27) and the whole incident is recounted by Maria Helena Borges (assistant director of the Gulbenkian Culture Programme and coordinator of the Portuguese version of “Hergé”) in a television report for TVI (“Tintin faz 93 anos” [video], 10 Oct 2022, Gulbenkian Archives, ID: 384501).

Like many other Hergé characters, there are clues – some clear, some more opaque – linking these Portuguese figures to current affairs at the time of their creation. One such example is the hypothesis put forward by Frederico Duarte de Carvalho in his lecture “O Futuro de Tintin” (1 Oct 2021), the first of the series of talks held to mark the exhibition, delivered jointly with Nick Rodwell. The journalist speculated on whether the fact that Tintin concealed the identity of “Álvaro”, passing him off as the nephew of Oliveira da Figueira in Tintin in the Land of Black Gold (1949-1950), could be a reference to the arrest of Álvaro Cunhal and Militão Ribeiro in April 1949, a story that made waves in the international press. This reference to Cunhal by the journalist was later recalled in an interesting article in the newspaper Tal & Qual (to which Frederico Duarte de Carvalho is a contributor), fictionally signed by Oliveira da Figueira himself (“Quando Tintin foi Álvaro”, Tal & Qual, 13 Oct 2021, p. 15). This and other questions had already been raised by Frederico Duarte de Carvalho in a short article published in a 2015 post on the O Tintinófilo – Tintin em Portugal blog. The end of this short article also reminds us that in the same Tintin adventure, “Álvaro” breaks into the room belonging to Müller, a villain who shares his surname with Adolfo Simões Müller, director of Portuguese magazine O Papagaioreferred to above, who launched The Adventures of Tintin in Portugal (could it be more than just a coincidence?) (“A propósito de Oliveira da Figueira”, O Tintinófilo, 4 Sept 2015).

Hergé em Portugal supplemented the catalogue for the Lisbon version of the exhibition, designed to resemble a copy of The Adventures of Tintin. This physical reference to the famous Casterman editions began with its proportions and other features of the binding (such as the typical blue endsheets filled with characters) and continued in the graphics used throughout the body of the book. The two publications accompanying the Lisbon exhibition – catalogue and brochure – were both published by the FCG in partnership with Éditions Moulinsart, which had already published a lengthier volume to mark the project’s appearance at the Grand Palais (2016-2017) in Paris, an exhibition and monograph that serve as a reference for the touring exhibition as a whole (for a brief review of the Paris exhibition, see Miguel Marujo writing in the Portuguese press: “Hergé e a grandeza da arte maior que é Tintin e a BD”, Diário de Notícias, 29 Nov 2016).

An extensive programme of events was organised to coincide with the “Hergé” exhibition. In addition to the opening guided tour and lecture featuring Nick Rodwell, it included two lecture cycles: Hergé no Mundo Contemporâneo and Ler Hergé Hoje, both held in Auditorium 3 of the FCG Main Building (Calouste Gulbenkian Foundation. Hergé. Complementary Programming, 2021). The first, chaired by historian and political scientist Antónia Costa Pinto, included three talks, which took place on 12, 22 and 23 November 2021: “Hergé e o Portugal do Estado Novo”, by António Cabral and António Araújo“Hergé global”, by Carlos Gaspar and João Pedro George; and “Hergé e o mundo contemporâneo”, by Miguel Bandeira Jerónimo and Maria Inácia Rezola. The second cycle ultimately consisted of just one talk, entitled “Espécie de catacrese!”, delivered by Patrícia Portela and José Pedro Serra, on 10 January 2022, as another event scheduled for 29 November 2021, which would have brought together Alice Geirinhas and Francisco Vidal for a debate entitled “A linha é assim tão clara?” was cancelled (Calouste Gulbenkian Foundation. Hergé. Complementary programming, 2021). Outside of these two cycles, a final lecture on “Hergé, Tintin e a Bélgica” took place on 9 January 2022, on the eve of the closure of the exhibition”. Led by Dominique Maricq, simultaneous translation was available on the FCG Youtube channel (“Simultaneous translation: Hergé, Tintin e a Bélgica”, 2021).

At a time still marked by the Covid-19 pandemic, we must also comment on the parallel events available through the FCG digital channels. Highlights included a tour led by Ana Vasconcelos and Nick Rodwell, broadcast online with a delay, on 11 January 2022 (“Hergé: Online Guided Tour”, FCG, 2021), the day after the exhibition’s closure, and the video editions of the conversation series “Ana Vasconcelos convida…”, also available online. The curator began this cycle of conversations by speaking to illustrator António Jorge Gonçalves (“Todos nós podemos ser Tintin”, 14 Oct 2021). This was followed by a meeting with Maria Helena Borges, the aforementioned deputy director of the Gulbenkian Culture Programme, who coordinated the Portuguese Edition of the “Hergé” exhibition and has spent a long time working in areas of the Foundation related to books and reading (“A braços com Hergé”, 14 Oct 2021). A third conversation (“Ler Banda Desenhada”), this time with Inês Fonseca Santos (one of the hosts of the literary television show Todas as Palavras, on RTP), was scheduled for 29 December 2021, but later cancelled. One event that did go ahead, on 6 January 2021, was a discussion entitled “Balanço de uma exposição”, with João Paulo Paiva Boléo, a comic book historian who contributed to the “Hergé” project at the Gulbenkian on several occasions (Calouste Gulbenkian Foundation. Tour and Discussion between the curator and guests: Hergé. Ana Vasconcelos convida…, 2021).

Several sessions of the guided tour “Hergé e Tintin... hoje”, designed and led by Carlos Carrilho, Raquel Feliciano and Ricardo Mendes, were also held as part of the Gulbenkian’s Discover programme (Calouste Gulbenkian Foundation. Hergé. Tours, 2021). The educational programme also included activities such as “Tintin por tim tim – Uma oficina desenhada!”, designed and led by Ricardo Mendes, and the “Sketch Lab. BD em ação” series, designed and led by Marc Parchow and João Mascarenhas (Calouste Gulbenkian Foundation, Hergé. Drawing Workshop). And we cannot fail to mention “Tintin – O som que o desenho faz”, a closing performance in which young contestants read excerpts from The Adventures of Tintin in the form of a conversation, not only using words taken from the 24 volumes, but also onomatopoeias; after all, the whole event was inspired by comics (Calouste Gulbenkian Foundation. Tintin – O som que o desenho faz, 2021).

Among the more artistic events, a major highlight was Castafiore, a performance starring soprano Catarina Molder and inspired by the character Bianca Castafiore. An opera singer enamoured with Captain Haddock, this female character from The Adventures of Tintin – one of the few women to appear regularly in the series, as noted in press coverage (see, for example, the article by Jorge Calado in Expresso) (Calado, Expresso, 1 Oct 2021, p. 24) – provided an opportunity to rethink the concept of diva through an operatic performance. The event took place in Auditorium 2 of the FCG main building, with six sessions spread over two days, 11 December 2021 and 9 January 2022 (Calouste Gulbenkian Foundation. Castafiore. Performance by Catarina Molder», 2021).

The vast programme of events also included a talk to celebrate the launch of the Portuguese translation (2021) of a new edition (2017) of Tintin in the Land of the Soviets (1929-1930), the first adventure starring the hero, which Hergé chose never to colourise, unlike the other adventures from the early period of the series, which were also originally released in black and white, but subsequently reissued in colour. This 2021 version of the Tintin adventure, now the subject of considerable controversy, was printed in full colour and included various adaptations. The launch event was chaired by culture journalist Nuno Galopim, with a panel featuring Guilherme d’Oliveira Martins – a member of the FCG board at the time and a lover of comics (see, for example, the aforementioned article “Cavaleiro Andante”, Diário de Notícias, 12 Oct 2021) –, critic Eurico de Barros and illustrator and comic book author Nuno Saraiva. The launch took place in Auditorium 3 of the FCG on 6 December 2021 (Calouste Gulbenkian Foundation. Presentation of the book Tintin in the Land of the Soviets – Colour edition, 2021).

A highlight of the FCG’s 2021/2022 programming, “Hergé” closed on 10 January 2022, coinciding with the 93rd anniversary of the first appearance of The Adventures of Tintin in Le Petit Vingtième. Taking place at a time when the impact of the Covid-19 pandemic was still being felt and aimed at the general public, it was successful in terms of visitor numbers, given the unprecedented public health crisis occurring at the time. Ana Vasconcelos mentions “almost 50,000 visitors” in her conversation with João Paiva Boléo (Balanço de uma exposição. Ana Vasconcelos convida cycle [teaser], 2022, Gulbenkian Archives, ID: 380104).

Aiming to reach the greatest possible number of people at a time of strict limits on the capacity of cultural spaces, the Foundation extended the opening hours on several occasions. The exhibition was open on various Tuesdays (when exhibitions at the FCG are usually closed), including the 5 October 2021 bank holiday. Opening hours were extended until 21:00 on Fridays and various Saturdays. In the closing days, from 2 to 10 January 2023, all of these measures were in place (Hergé, FCG Facebook, 2022).

As an exhibition concept, “Hergé” was clearly intended as a homage, presenting the Gulbenkian with the challenge of celebrating the artistic and cultural legacy of Tintin’s creator without overlooking some of the ethical controversies stemming from the artist’s work and readings that have identified elements of colonialism, racism and misogyny.

Perhaps due to the fact that the initiative was directly promoted by the organisations managing Hergé’s cultural and commercial legacy, this touring project, both at the Gulbenkian and, most probably, at the other institutions it visited, neglected to offer an in-depth reflection on the more controversial issues that arise from the artist’s work today.

The Lisbon version did not refuse to engage with “hot” topics, touching on some of the tensions surrounding Hergé and his work – consider, for instance, comments by Ana Vasconcelos and Maria Helena Borges in their public talk, on the unescapable links to controversial issues (Calouste Gulbenkian Foundation. A braços com Hergé, 2021; Gulbenkian Archives, ID: 385737). However, even while stating the need to “bring things to the surface and discuss them rather than sweeping them under the rug”, (Borges, Ibid.) and the claims that the exhibition “was a very good opportunity to bring these questions into the foreground” (Vasconcelos, Ibid.), the entire project was largely celebratory in nature, coexisting with more controversial issues, rather than fostering lively debate.

Critical reflection on these subjects was limited to some of the parallel events or, the majority of the time, left to press coverage of the project. Some reviews published in Portugal stressed the need to focus on uncomfortable facts and disruptive interpretations of the works of this author and their impact. By considering some of the opposing positions expressed, we already start to glimpse how, from Hergé’s extremism to the polarised of readings of his work, differing conclusions are drawn and will be drawn.


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

Conversa com os Curadores. Ana Vasconcelos e Nick Rodwell

1 out 2021
Lisboa, Portugal, Edifício Sede – Galeria de Exposições Temporárias (piso 0
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Conversa com a Curadora e Convidados. Ana Vasconcelos convida…

7 out 2021 – 6 jan 2022
Lisboa, Portugal, Edifício Sede – Galeria de Exposições Temporárias (piso 0
Lisboa, Portugal
Colóquio

O Futuro de Tintin

1 out 2021
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

Hergé no Mundo Contemporâneo

12 nov 2021 – 23 nov 2021
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

Ler Hergé Hoje

29 nov 2021 – 10 jan 2022
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Lançamento editorial

Tintin no País dos Sovietes

6 dez 2021
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Performance

Castafiore

11 dez 2021 – 8 jan 2022
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Hergé, Tintin e a Bélgica

9 jan 2022
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Concurso

Tintin. O Som que o Desenho faz

dez 2021
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Aspetos merchandising
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Araújo; António Costa Pinto; António Cabral; Miguel Magalhães (à dir.)
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Saraiva; Eurico de Barros; Nuno Galopim; Guilherme d'Oliveira Martins
Performance «Castafiore». André Hencleeday
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. Miguel Magalhães
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Galopim (à esq.); Guilherme d'Oliveira Martins (à dir.)
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho (à esq.); Nick Rodwell; Maria Helena Melim Borges (à dir.)
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Costa Pinto
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Saraiva; Eurico de Barros; Nuno Galopim; Guilherme d'Oliveira Martins
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq (à esq.); Miguel Magalhães (à dir.)
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho (à esq.); Nick Rodwell (à dir.)
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Costa Pinto
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Eurico de Barros (à esq.); Nuno Galopim (à dir.)
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho (à esq.); Nick Rodwell (à dir.)
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Araújo
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Galopim (à esq.); Guilherme d'Oliveira Martins (à dir.)
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho (à esq.); Nick Rodwell (à dir.)
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Costa Pinto (à esq.); António Cabral (à dir.)
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes»
Performance «Castafiore». André Hencleeday
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho (à esq.); Nick Rodwell (à dir.)
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Costa Pinto; António Cabral (à esq.); António Araújo (à dir.)
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Saraiva; Eurico de Barros
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq; Miguel Magalhães
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Araújo (à esq.); António Costa Pinto (centro); António Cabral (à dir.)
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Nuno Saraiva
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin. Frederico Duarte Carvalho; Nick Rodwell
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Araújo (à esq.); António Costa Pinto (centro); António Cabral (à dir.)
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Eurico de Barros; Nuno Galopim; Guilherme d'Oliveira Martins (à esq.); Nuno Saraiva (à dir.)
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin
Ciclo Hergé e o Mundo Contemporâneo. António Cabral; António Costa Pinto
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes». Eurico de Barros; Nuno Galopim; Guilherme d'Oliveira Martins; Nuno Saraiva
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Hergé, Tintin e a Bélgica. Dominique Maricq
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
O Futuro de Tintin
Apresentação do livro «Tintin no País dos Sovietes»
Performance «Castafiore». André Hencleeday (à esq.); Catarina Molder (à dir.)
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Performance «Castafiore». André Hencleeday
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Performance «O Som que o Desenho Faz»
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Performance «O Som que o Desenho Faz»
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Performance «Castafiore». Catarina Molder
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Performance «O Som que o Desenho Faz». Carlos Pimenta; Tobias Abranches Rodrigues; Rodrigo Vindeirinho Martins; Matilde Patrício Lopes Paula; Carolina Maria Catarino Gonçalves; Alexandre Fortunato de Magalhães Corrêa; Miguel Cruz de Sá; Francisca Diogo de Sousa Geraldes
Nick Rodwell (à esq.); António Cabral;  Guilherme d'Oliveira Martins (à dir.)
Maria Helena Melim Borges (à esq.); Ana Vasconcelos (centro)
Nick Rodwell (à esq.); Guilherme d'Oliveira Martins (à dir.)
Nick Rodwell (à esq.); António Cabral (centro); Ana Vasconcelos (à dir.)
Nick Rodwell; António Cabral
Ana Vasconcelos (à esq.); Nick Rodwell (centro); Benjamin Weil (à dir.)
António Pimentel
Ana Vasconcelos
Miguel Magalhães (à esq.); António Pimentel (à dir.)
Guilherme d'Oliveira Martins (à esq.); Ana Vasconcelos; Nick Rodwell (à dir.)
Guilherme d'Oliveira Martins; Nick Rodwell (à dir.)
António Cabral (à esq.); Maria Helena Melim Borges; Isabel Mota; Helena de Freitas (à dir.)
Guilherme d'Oliveira Martins  (à esq.); Ana Vasconcelos; António Cabral; Nick Rodwell  (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos

NiT

Lisboa, 31 dez 2021


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. Contém pressbooks, memórias descritivas, correspondências, publicações, materiais gráficos, fotográficos e multimédia, entre outros. 2020 – 2022

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 367360

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 367468

Coleção fotográfica, cor: aspetos e merchandising (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 365509

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 365431

Coleção fotográfica, cor: evento «O Futuro de Tintin» (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 370186

Coleção fotográfica, cor: evento paralelo, ciclo «Hergé no Mundo» contemporâneo (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 373022

Coleção fotográfica, cor: evento paralelo, lançamento editorial (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 379082

Coleção fotográfica, cor: evento paralelo, conferência por Dominique Maricq (FCG, Lisboa) 2022

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 375333

Coleção fotográfica, cor: evento paralelo, performance por Catarina Molder (FCG, Lisboa) 2021

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 377957

Coleção fotográfica, cor: evento paralelo «O Som que o Desenho faz» (FCG, Lisboa) 2022


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