Irineu Destourelles. Subtitulizar / Subtitling

Programa «Espaço Projeto»

Primeira mostra de Irineu Destourelles na Fundação Calouste Gulbenkian, realizada a partir da sua condição de diáspora. Reunindo quatro obras inéditas em vídeo, o artista criou um espaço de silêncio e imersão, onde o legado colonial e o seu impacto nos indivíduos e nas relações sociais e de poder são o tema principal.

Em 2019, a par da reaproximação entre Ocidente e Oriente, a Fundação Calouste Gulbenkian investiu num diálogo orientado para as geografias a sul, através de uma programação especialmente pensada para o Espaço Projeto. O convite para refletir sobre a história, o legado do colonialismo e o seu impacto nas narrativas sociais e de poder foi lançado a três artistas de três geografias diferentes dentro do território africano: Yto Barrada (1971), Filipa César (1975) e Irineu Destourelles (1974).

Se a franco-marroquina Yto Barrada tratou a relação entre França e os territórios colonizados da Argélia e de Marrocos, e Filipa César trabalhou sobre a gentrificação das ilhas Bijagós, um arquipélago ao largo da costa norte-africana pertencente à Guiné-Bissau, Irineu Destourelles desenvolveu um projeto «a partir da sua própria condição de diáspora e das suas experiências sociais em espaço urbano, […] [em] cidades como Lisboa, Mindelo e Londres» (Comunicado de imprensa, 1 fev. 2019, Arquivos Gulbenkian, ID: 119937).

Apesar de independentes e não coincidentes no que diz respeito ao período de exibição, estes três projetos dialogaram entre si, constituindo e fechando, juntos, um ciclo temático dedicado ao continente africano, à relação histórica com os países europeus e aos «processos de descolonização das narrativas, dos saberes e da imaginação» (Ibid.). Incluídos na programação do Espaço Projeto, seguiam as condições impostas pelo formato expositivo praticado por essa plataforma, como a necessidade de criar projetos experimentais no domínio da arte contemporânea em que pelo menos uma parte das obras deveria ser inédita e estritamente concebida para a circunstância.

Por sua vez, o ciclo temático no qual se inscreviam foi articulado com uma programação complementar, proporcionando o alargamento da discussão sobre a diáspora, a descolonização, as narrativas emancipatórias – como, por exemplo, a do feminismo negro – e o museu enquanto lugar de representação e produtor de conhecimento. Tendo lugar entre março e novembro de 2019, a programação complementar incluiu: um ciclo de debates e de cinema indígena no Brasil, organizado em colaboração com o Doclisboa e a FCSH-UNL; o ciclo de cinema elemental, intitulado «Da Imagem Alquímica ao Ecofeminismo», com curadoria de Margarida Mendes; e ainda a conferência internacional «Where I (We) Stand», que abriu lugar para o debate destas questões sobre um «lugar geográfico, histórico, cultural, político e mental», no qual participaram, entre outros, Ângela Ferreira (1958), Grada Kilomba (1968) e Irineu Destourelles (1974) (Ibid.).

O objetivo desta agenda era aproximar as comunidades afrodescendentes da instituição, e permitir-lhes agência a partir do interior, convidando-as a refletir criticamente sobre as formas como o museu, a cidade e as pessoas que a habitam vivem o presente à luz do contexto pós-colonial.

«Subtitulizar/Subtitling» seria o último projeto deste ciclo concluído em janeiro de 2020. Não só pela própria natureza – analítica, negocial, ligada ao princípio da tradução –, mas por ter sido concebido por um artista luso-cabo-verdiano, nascido em Cabo Verde e criado em várias partes do mundo, refletiu várias condições próximas dessa realidade, como a condição de diáspora, de identidade múltipla, e de lugar de não-pertença. Com uma forte carga experimental, «Subtitulizar/Subtitling» apresentou quatro novas obras em vídeo, nas quais o desenho, o texto (a escrita) e o registo sonoro tomaram parte, num processo de conceptualização de produção que se revelou intenso (Relatório final de exposição, 7 fev. 2020, pp. 4-5, Arquivos Gulbenkian, ID: 466804).

Para receber o projeto de Irineu Destourelles, a galeria do Espaço Projeto sofreu grandes intervenções, que lhe permitiram tornar o espaço mais intimista e imersivo. Além disso, para facilitar a leitura das obras apresentadas, a primeira num pequeno ecrã e as outras três projetadas nas paredes da galeria, esta seria propositadamente mergulhada na penumbra (Ibid.).

Irineu Destourelles nasceu na ilha de Santo Antão. Aos quatro anos partiu para Lisboa com a sua família. Depois de ter estudado na Willem de Kooning Academie, em Roterdão, e na Central St Martin’s College of Art and Design, em Londres, passaria a dividir o seu tempo entre a capital britânica, Edimburgo e Glasgow.

Entre 2002 e 2009, teve a oportunidade de conhecer de perto as coleções de material colonial do Museu Nacional Marítimo de Londres, como funcionário dessa instituição, que então mantinha um programa de artes contemporâneas. Logo a seguir, regressou a Cabo Verde, onde permaneceria até 2012 para ocupar as posições de professor e diretor do M_EIA, a primeira instituição de ensino superior do país dedicada ao ensino das artes e do design (Buala \ Entrevista com Irineu Destourelles, 28 mar. 2016). Em 2016, apresentava pela primeira vez o seu trabalho em Portugal, no Atelier Concorde.

Por esta altura, o artista Irineu Rocha já começara a explorar questões de identidade e autoria, com a criação de Irineu Destourelles, uma outra persona que, de 2014 em diante, passaria a assinar todos os seus trabalhos. Destourelles foi um apelido roubado a Clémence Destourelles (1816-1910), mulher crioula da Martinica e esposa de Arthur Gobineau, autor de «Essai sur l’inégalité des races», publicado em 1853, e figura incontornável na «institucionalização e naturalização dos conceitos de raças e racismo», como refere Rita Fabiana no catálogo da exposição (Irineu Destourelles. Subtitulizar/Subtitling, 2019, [pp. 3-4]). Evocando esse pesado legado – o da exploração colonial dos territórios africanos –, Irineu firmava a abertura do campo da autoria à partilha com a história coletiva. Com este passo, diferentes partes do privado e do coletivo passaram a fazer parte do artista como indivíduo autoral, identificando-o como sujeito que presentifica simultaneamente uma realidade histórica e violenta (a do colonialismo), e a sua própria expiação através da descolonialidade (Ibid., [p. 4]).

É precisamente desta condição de indivíduo em trânsito, de participante numa diáspora e de corpo-presença que se experimenta e se encontra, como se de um acidente se tratasse, que parte o seu trabalho artístico. De acordo com o artista, terá sido a partir do retorno ao país de origem (Cabo Verde) que foi criado Ex-Colonial Landscape with Different Filters (Paisagem Ex-Colonial com Diferentes Filtros) (2019), um dos quatro novos vídeos concebidos especificamente para a exposição apresentada na Fundação Calouste Gulbenkian (Ibid.).

Exibida no Espaço Projeto, numa televisão instalada ao fundo do corredor que se prolonga a partir da entrada, esta obra, que junta escrita e imagem, serviu de inspiração ao título do projeto: «Subtitling/Subtitulizar». A obra é constituída por filmagens realizadas no momento em que o artista reencontra Santo Antão, em 2009. A imagem que nos oferece apresenta o vale da ribeira do Paul captado em contínuo com câmara fixa. Esta continuidade, no entanto, é interrompida pela aplicação de vários filtros de cor viva, que, segundo Rita Fabiana, sujeitam a imagem à abstração e à alienação e a transformam numa espécie de imagem-fantasma (Ibid., [p. 7]). A introdução da cor, de outra forma votada à ausência, carrega um elemento poético e político; um preenchimento metafórico capaz de «(re)imaginar o lugar onde o corpo, ausente, se pudesse finalmente fixar» (Ibid.).

Para Rita Fabiana, se a marca da partícula «ex-», indicada no título desta obra, liga o passado ao presente e atravessa a paisagem ao longo da história, a própria paisagem inscreve-se na história colonial, o que determina a sua condição no presente. Aqui, a paisagem é corpo, e, mais concretamente, o corpo negro. A ideia que é defendida na obra é a mesma que será ciclicamente repetida ao longo da exposição: a da relação entre colonizador e colonizado (Ibid.).

No topo da imagem apresentada no ecrã, Destourelles acrescenta o texto, procurando problematizar a questão da legendagem e questionar a relação entre a imagem e o texto. Este texto reúne excertos de letras de canções pós-rock portuguesas da década de 1980 e citações de Jonas Savimbi (1934-2002) – líder da UNITA, movimento de independência de Angola – e de José Eduardo dos Santos (1942-2022), proferidas entre 1975 e 2002, os anos em que decorreu a Guerra Civil de Angola. Juntando palavras de amor e de guerra, Destourelles permite-se equiparar um Portugal pós-revolução, no momento da sua integração no território que intitula como a «Europa democrática capitalista», a Angola, centro de uma guerra civil no período da pós-independência (Ibid.).

O título «Subtitulizar» parte desta vontade de explorar a dinâmica entre imagem e texto. Como verbo, «subtitulizar», um neologismo criado pelo artista, remete para o «fazer» dos subtítulos e para a memória familiar e nostálgica, por se associar ao tempo orgânico da infância, dos subtítulos que acompanham os filmes estrangeiros na televisão e no cinema. A presença do subtítulo, ou da legenda, é o fator de suspensão entre as relações binárias estabelecidas. É um intermediário que propõe um «terceiro texto» ao espectador, já ocupado na absorção e dinâmica relacional imagem-texto (Ibid.). Porque traduz, a legenda negoceia permanentemente duas línguas, explica a curadora, «uma negociação difícil entre estruturas linguísticas e culturais que o artista aproxima da própria negociação social e cultural dos indivíduos da diáspora e que se prolonga no interior das próprias comunidades da diáspora, entre diferentes gerações» (Ibid., [pp. 4, 7]).

Outra das obras – Supernatural Forces, Mental Health and Detail from Indoors (Forças Sobrenaturais, Doença Mental e Detalhe de Interior) (2019) –, o último dos quatros vídeos concebidos para o projeto «Subtitulizar/Subtitling», projetado na parede erguida no extremo esquerdo da sala, trabalha o tema da casa, da vivência quotidiana dentro dela e a doença mental (Ibid., [p. 8]). Recorrendo novamente à câmara fixa, Destourelles filma o interior da casa da sua mãe, focando-se no detalhe de um bouquet de flores de plástico, que o filme regista a preto-e-branco. A estratégia mantém-se, e é aplicado um novo filtro, que desta vez é branco, o que permite que a imagem se apague e desvaneça. As flores de plástico e o mobiliário representam, para o artista, a perfeição de um interior doméstico que a mãe sempre almejou alcançar, talvez procurando criar um refúgio para o qual pudesse escapar da hostilidade social que se vivia lá fora. Como defende a curadora, «a casa é aqui espaço de confinamento […] [e] de reinvenção», lembrando as teorias e práticas artísticas femininas dos anos de 1970 (Ibid., [p. 11]). Esta violência sobre a psique trata a construção e projeção de um «eu» que é sempre um «outro».

Por vontade do artista, que preferiu manter uma metodologia DIY (Do It Yourself) de forma a aumentar o controlo sobre a produção de cada obra fílmica, os gastos com a produção da exposição diminuíram consideravelmente. A escolha deste caminho, em detrimento daquele inicialmente previsto, que recorria à colaboração de equipas especializadas de contratação externa, partiu do desejo do artista de replicar as condições de produção em África e refletir sobre elas (Relatório final de exposição, 7 fev. 2020, p. 4, Arquivos Gulbenkian, ID: 466804).

Ao longo de 86 dias, a exposição recebeu 5740 visitantes, número pouco expressivo face a outras exposições do Espaço Projeto e que se prende certamente com o percurso do artista, recente e maioritariamente feito no estrangeiro (Ibid., pp. 4-5). Apesar disso, a apresentação da obra de Destourelles teve importantes repercussões, nomeadamente como fator de consolidação e reconhecimento do artista, que, no seguimento da exposição na Fundação Calouste Gulbenkian, foi convidado pelo Centro de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) a realizar um projeto para essa instituição, no qual incluiria uma das obras especificamente criadas para «Subtitulizar/Subtitling» (Ibid., p. 5).

Importa ainda referir que a exposição serviu os propósitos da Fundação Calouste Gulbenkian no que diz respeito à representatividade de artistas nacionais da diáspora africana, ciclicamente sub-representados na programação e nas coleções nacionais, uma situação que não se reflete na atenção que lhes é concedida internacionalmente (Ibid., p. 4).

Além de três visitas destinadas a grupos de estudantes, a exposição foi objeto de duas visitas guiadas, uma orientada pela curadora e pelo artista, a outra realizada no âmbito do ciclo «Conversas na BA», a propósito das recentes aquisições da Biblioteca de Arte, intitulada «À Conversa com os Convidados: Práticas Artísticas e Mobilidades Contemporâneas». Esta visita, à qual também se chamou «mesa-redonda», contou com cerca de quarenta visitantes e com a participação das seguintes figuras na orientação da conversa: Rita Fabiana, curadora e coordenadora do projeto expositivo, Sónia Vespeira de Almeida, professora e antropóloga, e Marta Mestre e Marta Lança, investigadoras nas áreas da arte e cultura contemporâneas, especialmente produzidas no contexto da diáspora africana (Programa Conversas na BA, 26 nov. 2019, Arquivos Gulbenkian, ID: 212859).

De acordo com Leonor Vaz, colaboradora do Serviço de Comunicação da Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição teve uma «repercussão moderada, mas positiva», nos meios de comunicação social (Relatório final de exposição, 7 fev. 2020, p. 2, Arquivos Gulbenkian, ID: 466804). Destaque para a reportagem com entrevista ao artista no Cartaz, programa da SIC Notícias (8 out. 2019), e para o artigo de Cristina Campos na revista Umbigo (30 nov. 2019). A exposição foi objeto de múltiplas referências na revista Evasões (18 out. 2019), no Jornal de Negócios Weekend (27 out. 2019), no JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias (25 set. 2019), na rubrica do Público «Guia do Lazer Online» (23 set. 2019) e, ainda, a partir dos takes da Lusa, em várias das plataformas online dos principais meios de comunicação, como RTP, Visão (26 set. 2019), SIC Notícias (8 out. 2019) ou Time Out (27 nov. 2019).

Tendo conseguido cumprir o desígnio de apresentar novos artistas e novas práticas dentro de um espírito de experimentalismo, a exposição «Subtitulizar/Subtitling» e a programação complementar integraram, em conjunto, um esforço do Museu em continuar a trazer artistas e temas que se prendem com a história recente, portuguesa e europeia, em particular a relacionada com os fluxos migratórios e com as comunidades da diáspora (Relatório final de exposição, 7 fev. 2020, pp. 5-6, Arquivos Gulbenkian, ID: 466804). Programas culturais como «Próximo Futuro» (2009-2015), mostras como «Looking Both Ways/Das Esquinas do Olhar: Arte da Diáspora Africana Contemporânea» (2005) e «Present Tense» (2013), ou ainda exposições individuais são testemunhos do empenho para aumentar a inclusão e a representação da diversidade de comunidades culturais em território nacional.

Madalena Dornellas Galvão, 2022


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

One Hundred and Two Houses on Fire (Cento e Duas Casas a Arder)

Irineu Destourelles

One Hundred and Two Houses on Fire (Cento e Duas Casas a Arder), 2019 / Inv. 19IM103

Several Ways of Falling Ordered Differently (Várias Maneiras de Cair Organizadas Diferentemente)

Irineu Destourelles

Several Ways of Falling Ordered Differently (Várias Maneiras de Cair Organizadas Diferentemente), 2019 / Inv. 19IM102

One Hundred and Two Houses on Fire (Cento e Duas Casas a Arder)

Irineu Destourelles

One Hundred and Two Houses on Fire (Cento e Duas Casas a Arder), 2019 / Inv. 19IM103

Several Ways of Falling Ordered Differently (Várias Maneiras de Cair Organizadas Diferentemente)

Irineu Destourelles

Several Ways of Falling Ordered Differently (Várias Maneiras de Cair Organizadas Diferentemente), 2019 / Inv. 19IM102


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

Encontros Internacionais «Where I (We) Stand»

22 nov 2019 – 23 nov 2019
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

À Conversa com a Curadora Rita Fabiana e o Artista

27 set 2019
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Espaço Projeto
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

À Conversa com a Curadora Rita Fabiana e Convidadas

26 nov 2019
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Espaço Projeto
Lisboa, Portugal
Conferência / Palestra

Irineu Destourelles Conversa com Ângela Ferreira

22 nov 2019
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Espaço Projeto
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Rita Fabiana (à esq.)
Susana Gomes da Silva (atrás, à esq.)
Teresa Gouveia (à esq.)
Teresa Gouveia (à esq.); Irineu Destourelles (à dir.)
Teresa Gouveia (à esq.); Irineu Destourelles (à dir.)
Mariano Piçarra
Teresa Gouveia (à esq.); Irineu Destourelles (à dir.)
Penelope Curtis (à esq.); Rita Fabiana (ao centro)
Rita Fabiana; Penelope Curtis
Penelope Curtis

Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 04822

Pasta com documentação referente à programação das atividades da FCG para os anos de 2017 a 2019. Contém correspondência interna e externa. 2016 – 2017

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa

Conjunto de documentos referentes à exposição. Contém materiais gráficos, caderno de exposição, desenhos técnicos do projeto expositivo e pressbook. 2019 – 2020

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 192335

Coleção fotográfica, cor: aspetos de sala (FCG, Lisboa) 2019

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 192182

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2019


Exposições Relacionadas

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