Roberto Huarcaya. Subtil Violência

Programa Gulbenkian Próximo Futuro

Primeira exposição individual do fotógrafo peruano Roberto Huarcaya (1959) em Portugal, integrada no Programa Gulbenkian «Próximo Futuro». A convite de António Pinto Ribeiro, coordenador do programa, o artista reuniu um conjunto de 28 fotografias e três vídeos, desenvolvidos em redor de temas relacionados com a construção identitária dos povos.
First solo exhibition in Portugal of work by Peruvian photographer Roberto Huarcaya (1959), included in the Gulbenkian Next Future Programme. At the invitation of programme director António Pinto Ribeiro, the artist brought together a selection of 28 photographs and three videos on the process of creating identities within communities.

Organizada no âmbito do Programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea «Próximo Futuro» (2009-2015), a individual «Subtil Violência» foi a estreia do fotógrafo Roberto Huarcaya (1959) a expor em Portugal. Com curadoria de António Pinto Ribeiro (programador-geral do «Próximo Futuro»), a mostra inaugurou a 16 de novembro de 2011 na Galeria do Palácio Galveias, em Lisboa, ficando patente até 15 de janeiro de 2012. Foi um dos vários eventos fora de portas do «Próximo Futuro» no final de 2011, e contou com o apoio da Embaixada do Peru em Portugal e da Câmara Municipal de Lisboa (entidade gestora do espaço expositivo). Usufruiu também da parceria estabelecida com a Casa da América Latina e da articulação interna com o «Programa Gulbenkian de Apoio ao Desenvolvimento». Estas duas colaborações merecem destaque neste período da atividade do «Próximo Futuro», bem como a cooperação do Théâtre de la Ville em Paris, entidade que recebeu algumas iniciativas durante esta fase do Programa Gulbenkian.

O jornal Próximo Futuro de novembro de 2011 destaca uma temática específica para os últimos meses desse ano: «Percepção e representação contemporâneas de África e da América Latina» (Jornal Próximo Futuro, n.º 8, nov. 2011). A exposição «Subtil Violência» esteve entre as propostas que puseram em perspetiva vetores como a perceção da alteridade ao longo da História, a autorrepresentação cultural, ou a miscigenação como construção identitária.

Em várias das 28 fotografias e três vídeos reunidos na exposição, ter-se-á sentido o modo como o trabalho de Huarcaya tem vindo a problematizar esses tópicos. Entre peças apresentadas, terão estado as imagens que nos chegam na divulgação do «Próximo Futuro», tais como Playa pública – Playa privada, Lima (2009) – distinguida com o Prémio Petrobrás em 2010 («"Subtil Violência" em Lisboa», Mutante, 24 nov. 2011) – e diversas fotos da série Recreaciones Pictóricas (2009-2011). Nesta série, o questionamento da representação cultural é desencadeado pela reencenação de ícones da pintura ocidental. O fotógrafo dirige-se aos mitos, símbolos e valores culturais plasmados nessas criações da história da arte europeia, infiltrando-os com um universo de referências, pessoas e realidades da América Latina e da cultura peruana em particular. São imagens como Alessandro. Chorrillos (2010) – reencenação de Narciso (c. 1597-99), de Caravaggio (1571-1610); La Nave del Alto Peru (2010) – ironizando O Navio dos Loucos (c. 1490-1500), de Hieronymus Bosch (c. 1460-1516); Jendy. Puno (2009) – citando La Gioconda (c. 1503-1506), de Leonardo Da Vinci (1452-1519). Esta última fotografia, tinha já sido capa do jornal Próximo Futuro, n.º 4 (mai. 2010). Foi com esta colaboração para a capa do jornal que Huarcaya iniciou o seu envolvimento no Programa «Próximo Futuro» – um trajeto comum a outros fotógrafos que participaram em exposições deste Programa Gulbenkian.

A exposição de Huarcaya frisava diretamente a problemática da «representação», debatida em várias iniciativas do «Próximo Futuro» concomitantes a esta mostra. Destaque para a edição desse ano do Observatório de África e da América Latina (FCG, Auditório 3, 15 nov. 2011), ocorrida no dia anterior à inauguração de «Subtil Violência». Introduzindo a comunicação que proferiria nesse ciclo (dedicada à literatura documental dos ex-territórios colonizados), António Pinto Ribeiro salienta que «a questão da representação é central na História Cultural do Ocidente […] e tornou-se um tema fulcral […] tanto nos Estudos de Cultura como nos mais subtis estudos do pós-colonialismo. A representação não só reforça a ideia e a marca da ausência, e a sua substituição por outro significante, como é um acto de criação e nesse sentido resulta de uma subjectividade onde a ideologia e o biográfico tomam papéis preponderantes» (Ribeiro, Próximo Futuro, n.º 8, 2010, p. 30).

A programação paralela de «Subtil Violência» contou com uma visita orientada pelo artista a 19 de novembro de 2011.

Posteriormente, Huarcaya regressaria a Lisboa no âmbito da Capital Ibero-Americana de Cultura 2017. Participou então na Lisbon’s Photobook Fair, no Arquivo Municipal de Lisboa – CML, enquanto orador na conversa «Fotografia Peruana e o Contexto Ibero-americano», com moderação de António Pinto Ribeiro. O painel contou ainda com os fotógrafos Musuk Nolte (1988), Julieta Escardó (1970) e Ros Boisier (1985).

Também no contexto da Lisboa Capital Ibero-Americana de Cultura, a Casa da América Latina – parceira da FCG na produção de «Subtil Violência» – utilizaria a já citada imagem Playa Pública – Playa Privada, Lima (2009) na promoção do curso de verão «América Latina Hoje» (Casa da América Latina. Lisboa, 2013).

Daniel Peres, 2020


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Subtil Violência]

nov 2011
Palácio Galveias
Lisboa, Portugal
Programa cultural

Programa Próximo Futuro

2009 – 2015
Fundação Calouste Gulbenkian
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Programa Próximo Futuro), Lisboa / PPF 00013

Pasta referente à edição de 2011 do Programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea «Próximo Futuro». Contém epistolografia, recortes de imprensa, material gráfico e material de divulgação. 2011 – 2011


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