Organizada na Bélgica, a exposição fora já apresentada, em diferentes moldes, no Palais des Beaux-Arts, em Bruxelas (de 19 de junho a 10 de agosto de 1980), integrada nas comemorações dos 150 anos da independência Belga, e seguidamente exibida na Holanda, nos meses de setembro e outubro.

A montagem em Lisboa foi marcada pela necessidade de se realizar uma redução no número de obras as exibir, devido às restrições dos espaços expositivos na Fundação Calouste Gulbenkian. No sentido de colaborar na seleção final das obras, José Sommer Ribeiro deslocou-se a Bruxelas, a pedido de Catherine De Croes, comissária da exposição e funcionária do Ministério da Educação e Cultura.

Nesta mostra seriam, então, apresentadas cerca de 160 obras nas mais diversas técnicas (pintura, escultura, desenho e colagem), de artistas representativos dos movimentos artísticos belgas Cobra, Hessenhuis, Fluxus, Nova Visão, Construtivismo, e Poesia Virtual e Concreta. Com o objetivo de registar a evolução da arte belga de 1945 até à atualidade, o percurso iniciava com algumas obras significativas do movimento Cobra e encerrava com a apresentação do trabalho Jardin d’hiver, do artista Marcel Broodthaers (1924-1976).

Como atividades complementares da exposição, foram projetadas algumas sessões de filmes referentes aos artistas Alechinsky, Dotremont, Bogart e Charlier, e foi proferida uma conferência sobre a arte belga depois de 1945, pelo diretor da Societé des Beaux-Arts de Bruxelas, Karl Geirlabdt.

O catálogo da exposição foi largamente elogiado na imprensa, sobretudo pela «excelente edição» e «atraente apresentação gráfica». Refira-se que, não tendo sido possível concluir o catálogo a tempo da inauguração da exposição, foi elaborado um pequeno catálogo provisório, que após a publicação do catálogo definitivo foi posto à venda a um preço inferior (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 9 jan. 1981, Arquivos Gulbenkian, SEM 00175).

A importância deste evento suscitou a hipótese de a exposição ser remontada no Centro de Arte Contemporânea do Porto (Carta de José Sommer Ribeiro para Catherine De Croes, 22 set. 1980, Arquivos Gulbenkian, SEM 00175), o que não veio, contudo, a concretizar-se.

Joana Brito, 2015