Exposição individual do artista belga Michel François (1956), organizada pelo Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão (CAMJAP), com curadoria de Jorge Molder.

Influenciado pelo contexto familiar, com um pai pintor e uma mãe escultora e bailarina, Michel François desenvolveu, desde os anos 80, uma obra de caráter «híbrido» e «fluido», conjugando a fotografia, o vídeo e a instalação. Reconhecido pela sua formação eclética, participou em numerosas exposições no estrangeiro, como a «Documenta IX», em 1992, ou a Bienal de Veneza, na qual representou o seu país, em 1999. Um ano após esta exposição, inicia o seu percurso enquanto professor na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris (Museum of Contemporary Art. Antwerpen).

Em colaboração com Richard Venlet, autor dos suportes expositivos e conhecido por criar «ambientes» a partir de espaços, Michel François apresentou no CAMJAP um conjunto de 40 fotografias impressas sob a forma de cartazes de grande dimensão (180 × 120 cm), fruto do seu trabalho nos catorze anos anteriores e pertencentes à coleção do Stedelijk Museum voor Actuele Kunst (40 Cartazes em Exposição. Michel François em colaboração com Richard Venlet, 2008).

Para a exposição em Lisboa foi impressa uma nova imagem para distribuir pelos visitantes, igualmente visível em 30 mupis espalhados pela cidade. A partir da colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa, o artista pretendeu não um aumento de divulgação, mas sim uma intervenção no espaço público, que funcionava como uma extensão da sua mostra no CAMJAP. Nas palavras de Michel François, foi um «fenómeno de contaminação das imagens e de encontros fortuitos», aspeto intrínseco na sua obra (Molder, 40 Cartazes em Exposição, 1994 – 2008. Michel François em colaboração com Richard Venlet, 2008).

Como adiantou Jorge Molder, diretor do Centro de Arte Moderna e curador, a obra de François é «marcada por uma fundamental diversidade, da qual esta exposição, mesmo recorrendo apenas a um único meio, dá conta» (Ibid.).

As imagens apresentadas na Sala de Exposições Temporárias do CAMJAP deram a conhecer o modo como o artista conseguia captar os momentos mais delicados da vida, visando maioritariamente, elementos vivos (humanos, plantas, etc.), objetos fluidos (tinta, água, entre outros) e atitudes (respirar, gritar, andar...).

«Michel François’s works show conceptual demand and formal seduction, the radicalism of the gesture and the intelligence of the image, which makes his signature recognisable among all.» (Museum of Contemporary Art. Antwerpen)

A exposição foi acompanhada pela divulgação de um desdobrável editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, que conta com um texto do curador responsável, Jorge Molder, dando a conhecer alguns aspetos biográficos do artista.

Joana Atalaia, 2019