De maio a julho de 2010, e por iniciativa do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), foi organizada a exposição coletiva de artistas portugueses dedicada ao conjunto de filmes e vídeos da coleção do CAM. O projeto teve curadoria e coordenação de Leonor Nazaré e o apoio dos Serviços Centrais da FCG.

A exposição «Filme e Vídeo na Colecção do CAM» fez parte de um ciclo de exposições genéricas, por vezes temáticas, que procurava percorrer a arte do século XX até ao presente representada na Coleção Gulbenkian. Com a presente exposição temporária pretendeu-se contextualizar e representar a produção fílmica nacional entre a década de 1970 e o ano 2000 com trabalhos pertencentes ao acervo da FCG.

Nas palavras de Leonor Nazaré, «o filme como suporte ou meio de expressão artística começou a ser utilizado em Portugal no início dos anos 70, de forma muito experimental». No final da década, o vídeo começa então a ser acessível e divulgado de forma consequente. «Após uma década em que a pintura e a escultura conheceram particular soberania, os anos 90 farão surgir uma geração que trabalha todos os media de forma muito diversificada e que pode já utilizar o suporte vídeo de forma profissional ou tecnicamente consolidada.» (Nazaré, Filme e Vídeo na Colecção do CAM, [Folheto da exposição], 2010)

A exposição organizou-se em torno de dois núcleos, «Anos 70» e «1991 a 2004». Dos anos 70, os artistas Ângelo de Sousa (1938-2011), Fernando Calhau (1948-2002), Ana Hatherly (1929-2015), Helena Almeida (1934-2018) e Julião Sarmento (1948-2021) ilustraram aquela que foi a década de experimentação do suporte vídeo enquanto expressão artística.

Para integrar o segundo conjunto de vídeos, foram selecionados os trabalhos de João Paulo Feliciano (1963) – um vídeo temporalmente isolado, de 1991 –, João Onofre (1976), Rui Calçada Bastos (1971), Filipa César (1975), Noé Sendas (1972), Bruno Pacheco (1974) e Rui Valério (1969), com trabalhos posteriores a 2000.

Programada em dois momentos, a mostra exibia na Sala A do CAM às terças, quintas e sábados a secção «Anos 70». A sequência de projeções iniciava com um vídeo de Ângelo de Sousa, Chão de Cimento (1972), seguindo-se os trabalhos de Fernando Calhau, Destruição (1975); Ana Hatherly, Revolução (1975); Helena Almeida, Ouve (1979-80); e Julião Sarmento, Sombra (1976).

A secção «1991 a 2004», com agenda às quartas, sextas e domingos na mesma sala, apresentou a sequência dos vídeos Mind Your Own Business (1991), de João Paulo Feliciano; Instrumental Version (2001), de João Onofre; The Mirror Suitcase Man (2004), de Rui Calçada Bastos; Product Displacement (2002), de Filipa César; Pursuit, Left Running (2000), de Noé Sendas; Surrendering after Hamish (2004), de Bruno Pacheco; e Historia de la Musica Rock (2002), de Rui Valério.

Foram organizadas duas visitas guiadas à exposição, intituladas «Domingos com Arte», subordinadas aos temas «Arte Contemporânea e Cultura Visual. Filme e Vídeo na Colecção do CAM» e «À Descoberta da Colecção do CAM. Filme e Vídeo». Ambas as visitas ficaram a cargo da orientadora Sofia Ponte. Para grupos a partir do 3.º ciclo do ensino básico foi também organizada a visita «Écrans e Projecções. Vídeo e Outras Linguagens».

Não foi editado catálogo para a exposição, mas sim um folheto em versão bilingue (português/inglês), com o texto de Leonor Nazaré, a lista de obras e a ficha técnica da exposição.

Antecipando as comemorações do Dia Internacional dos Museus, a 18 de maio, a exposição no CAM alcançou uma receção positiva por parte da crítica especializada.

Na sequência da mostra, como resultado da coorganização entre a FCG e a Câmara Municipal de Leiria, o M|I|MO (Museu da Imagem em Movimento) apresentou parte dos trabalhos em suporte vídeo existentes na Coleção Gulbenkian. A exposição em Leiria teve lugar de 19 de outubro a 19 de novembro de 2010. Nesse contexto, Leonor Nazaré realizou uma apresentação pública a que chamou «Panóptico», acerca das aquisições recentes de obras em suporte vídeo pelo CAM, a 15 de outubro de 2011.

Joana Brito, 2019