Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas

IV Centenário do Rio de Janeiro

Exposição de divulgação do Portugal contemporâneo, integrada no programa de Comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro. O Pavilhão de Portugal foi dividido em secções, incluindo um núcleo dedicado às artes plásticas, que, organizado pela Fundação Calouste Gulbenkian, continha arte contemporânea nacional e obras internacionais presentes em Portugal.
Exhibition to promote contemporary Portugal, included in the program of celebrations for the fourth centenary of Rio de Janeiro. The Portugal Pavilion was divided into sections, which included a fine arts center, organized by the Calouste Gulbenkian Foundation, with national and international works of art.

A exposição «Portugal de Hoje» consistiu numa grande mostra que teve lugar no Pavilhão de Portugal, país convidado a participar nas comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro. O pavilhão foi organizado em três secções, precedidas por um pequeno núcleo de «Introdução histórica» e sucedidas por vários anexos (lojas, restaurante, bar). As secções denominavam-se: «Grande Nave» (onde se encontravam representações dos setores Obras Públicas, Agricultura, Comércio e Indústria), «Fé e Cultura» e «O Homem e a Terra».

A secção «Fé e Cultura» incluía um núcleo dedicado às artes plásticas, dividido em dois setores: uma exposição permanente de arte contemporânea e uma exposição de obras-primas universais existentes em território português. A Fundação Calouste Gulbenkian (FCG) foi contactada por Henrique Martins de Carvalho, comissário-geral da exposição de Portugal, para organizar estes dois setores, uma vez que era a instituição apropriada para responder aos «complicados problemas de embalagem, de guarda e de protecção contra incêndios» (Reunião geral, 10 ago. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15346).

A organização dos dois setores que compunham a secção de artes plásticas encontra-se bastante documentada. Desde cedo, a FCG decidiu organizar um núcleo dedicado à produção artística contemporânea (artistas com menos de 30 anos), de modo a não haver sobreposição com a exposição «Arte Portuguesa 1850-1950», também organizada no âmbito das comemorações do IV Centenário do Rio de Janeiro e que teve lugar no Museu Nacional de Belas-Artes daquela cidade. Aproveitando este contexto, e para colmatar a falta da representação de artistas jovens na sua coleção, uma vez que as poucas obras de artistas emergentes que a FCG possuía estavam no Centro Cultural Luso-Francês da FCG, em Paris (Apontamento do Serviço de Belas Artes, 10 ago. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15346), o Serviço de Belas-Artes propôs ao Conselho de Administração da FCG a aquisição de várias obras que vieram a constituir «um conjunto jovem e importante de trabalhos de pintura, gravura, cerâmica, desenho, tapeçaria e escultura portuguesa contemporânea» («Arte moderna portuguesa…», O Globo, 10 nov. 1965).

Em relação à secção documental (designada «Documentação Fotográfica dos Museus»), esta foi constituída por um conjunto de fotografias de museus e obras de arte de coleções portuguesas encomendadas ao fotógrafo Mário de Oliveira (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 6 ago. 1965, Arquivos Gulbenkian, SBA 15346), estando representadas as seguintes instituições: Museu Nacional de Arte Antiga, Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu Militar, Museu de Marinha, Fundação Ricardo Espírito Santo, Museu Etnológico Dr. Leite de Vasconcelos, Casa dos Patudos (Alpiarça), Museu de Arte Popular, Museu Machado de Castro (Coimbra), Museu Monográfico de Conímbriga, Museu do Caramulo, Museu Regional de Aveiro, Museu Grão Vasco, Museu Regional de Lamego, Museu Alberto Sampaio (Guimarães), Museu Abade de Baçal (Bragança), Museu de Arte Religiosa da Sé de Braga, Museu Regional de Évora e Fundação Calouste Gulbenkian (Palácio Pombal, Oeiras).

A construção da sala onde foi exposta a secção cultural (artes plásticas e exposição documental) foi da responsabilidade do arquiteto português Frederico George (1915-1994), ao serviço do Comissariado-Geral da Exposição de Portugal no Rio de Janeiro; a museografia ficou a cargo de Américo Silva, Fernando de Azevedo e José Sommer Ribeiro (do Serviço de Projetos e Obras da FCG), que dispuseram de um espaço de 250 m2 para o efeito. Américo Silva relata a montagem da exposição: «Os painéis foram fixados do chão para o teto, entre duas calhas metálicas […]; nestes painéis foram colocados os quadros. Na única parede inteiramente fechada, a qual se encontrava forrada a madeira, foram aplicados os painéis com fotografias de aspectos museográficos […]. As paredes de alvenaria caiadas a branco foram também utilizadas para aplicação de quadros. […] Todas as obras de arte expostas beneficiam de amplos espaços e perspectivas […].» (Relatório da montagem, 1965)

Após o encerramento do certame a Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro solicitou ao Conselho de Administração da FCG o empréstimo da «excelente colecção de fotografias dos Museus Portugueses, […] [a fim] de organizar com ela uma exposição itinerante através dos centros culturais do Brasil», existindo informação de que o pedido terá sido deferido (Carta do Embaixador para o Conselho de Administração da FCG, 14 jul. 1966, Arquivos Gulbenkian, SBA 15346).

Joana Baião, 2015

The exhibition Portugal de Hoje was a large show that took place in the Pavilion of Portugal, which was the guest country in the participation of the celebrations of the fourth centenary of Rio de Janeiro. The Pavilion of Portugal was divided into three sections, preceded by a small centre of "Introdução Histórica” (Historical Introduction) and followed by stores, restaurants and bars. The sections were as follows: "Grande Nave" (Great main hall) (where the Public Works, Agriculture, Commerce and Industry were represented), "Fé e Cultura" (Faith and culture) and "O Homem e a Terra" (Man and the Earth).

The "Fé e Cultura" section included an area dedicated to the fine arts, divided into two sectors: a permanent exhibition of contemporary art and an exhibition of universal masterpieces kept within the Portuguese territory. The Calouste Gulbenkian Foundation (FCG) was approached by Henrique Martins de Carvalho, commissioner of the Exhibition of Portugal, to organise these two sectors, as it was the most suitable institution when it came to dealing with the "challenges of packaging, safe-keeping and fire protection" (General Meeting, 10 Aug. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15346)

The organisation of the twosectors that formed the Fine Arts section is widely documented.

Early on, FCG decided to organise a centre dedicated to the contemporary artistic production (artists aged under 30 years), in order not to overlap with the exhibition Arte Portuguesa 1850-1950 [Portuguese Art 1850-1950], also organised for the celebrations of the fourth centenary of Rio de Janeiro, which took place in the Museu Nacional de Belas-Artes of the city. While taking advantage of this situation, and to fill the lack of young artists represented in its collection – the few artworks from emergent artists belonging to the FCG collection were in the Calouste Gulbenkian Paris Branch, the Centre Culturel Portugais (Note by the Fine Arts Department, 10th Aug. 1965, Gulbenkian Archives, SBA 15346) – the Fine Arts Department suggested that the FCG should acquire various artworks that came to represent a "youthful and important set of works of contemporary Portuguese painting, engraving, ceramics, drawing, tapestry and sculpture" (O Globo, 10 Nov. 1965).

As for the documental section, called "Photographic Documentation of the Museums”, it was made up of a set of photos from museums and artworks from Portuguese collections, commissioned to the photographer Mário de Oliveira (Note by  the Fine Arts Department, 6 Aug. 1965, Gulbenkian Archives, SBA, 15346), featuring the following institutions: Museu Nacional de Arte Antiga (Lisbon), Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto), Museu Nacional de Arte Contemporânea (Lisbon), Museu Militar (Lisbon), Museu de Marinha (Lisbon), Fundação Ricardo Espírito Santo (Lisbon), Museu Etnológico Dr. Leite de Vasconcelos (Lisbon), Casa dos Patudos (Alpiarça), Museu de Arte Popular (Lisbon), Museu Machado de Castro (Coimbra), Museu Monográfico de Conímbriga, Museu do Caramulo, Museu Regional de Aveiro, Museu Grão Vasco (Viseu), Museu Regional de Lamego, Museu Alberto Sampaio (Guimarães), Museu Abade de Baçal (Braga), Museu de Arte Religiosa da Sé de Braga, Museu Regional de Évora and Fundação Calouste Gulbenkian (Palácio Marquês de Pombal – Oeiras).

The responsibility of building the hall for the cultural section “Artes Plásticas e Exposição Documental”, was given to the Portuguese architect Frederico George (1915-1994), while working for the General Commissariat of the Portugal Exhibition in Rio de Janeiro; the museography was assured by Américo Silva, Fernando de Azevedo and José Sommer Ribeiro (of the Works and Projects Department from the FCG), who were given 250 m² for this purpose. Américo Silva reports on how the exhibition was put together:

"The panels were fixated from the ground to the ceiling, between two metallic support rails (...), the paintings were placed in these panels.

The only fully closed wall, which was covered in wood, held the panels with photographs of exhibition views. The whitewashed masonry walls were also used for displaying paintings.

All artworks exposed benefit from large spaces and perspectives. (...)” (Report of assembly, 1965)

After the conclusion of the event, the Administrative Board of the FCG was requested to loan to the Embassy of Portugal in Rio de Janeiro this "excellent collection of photographs of Portuguese Museums, (...) with the intention of organizing an itinerant exhibition through the cultural centres of Brazil", there is also information that the request has been accepted (Letter from the Ambassador to the Administrative Board of the FCG, 14 Jul. 1966, Gulbenkian Archives, SBA 15346)


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Ponte

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Ponte, 1964 / Inv. 65P265

A.H.A.Q.O.V.F.P.P.S.A.F.T.

António Areal (1934-1978)

A.H.A.Q.O.V.F.P.P.S.A.F.T., 1964 / Inv. 65E268

Pintura

António Sena (1941- )

Pintura, 1965 / Inv. 65P264

Atmosfera

Eduardo Nery (1938-2013)

Atmosfera, 1965 / Inv. TP17

20 - 8 - 64 - M

Eurico Gonçalves (1932-2022 )

20 - 8 - 64 - M, 1964 / Inv. 65DP1440

Homenagem a Paolo Uccello

João Cutileiro (1937-2021)

Homenagem a Paolo Uccello, 1965 / Inv. 65E281

Pintura

José Rodrigues (1936-2016)

Pintura, 1965 / Inv. 65P1475

Pintura

Manuel Baptista (1936-)

Pintura, 1963 / Inv. 65P266

Cubo

Maria Velez (1935-)

Cubo, 1965 / Inv. TP14

O Gato Azul

Mário Ferreira da Silva (1929-)

O Gato Azul, 1965 ? / Inv. CP12

Retrato de Grimau

Paula Rego (Lisboa, Portugal, 1935 – Londres, Inglaterra, 2022)

Retrato de Grimau, Inv. 65P263

Duas janelas

René Bertholo (1935-2005)

Duas janelas, 1964 / Inv. 65P267

Ponte

Ângelo de Sousa (1938-2011)

Ponte, 1964 / Inv. 65P265

A.H.A.Q.O.V.F.P.P.S.A.F.T.

António Areal (1934-1978)

A.H.A.Q.O.V.F.P.P.S.A.F.T., 1964 / Inv. 65E268

Pintura

António Sena (1941- )

Pintura, 1965 / Inv. 65P264

Atmosfera

Eduardo Nery (1938-2013)

Atmosfera, 1965 / Inv. TP17

20 - 8 - 64 - M

Eurico Gonçalves (1932-2022 )

20 - 8 - 64 - M, 1964 / Inv. 65DP1440

Homenagem a Paolo Uccello

João Cutileiro (1937-2021)

Homenagem a Paolo Uccello, 1965 / Inv. 65E281

Pintura

José Rodrigues (1936-2016)

Pintura, 1965 / Inv. 65P1475

Pintura

Manuel Baptista (1936-)

Pintura, 1963 / Inv. 65P266

Cubo

Maria Velez (1935-)

Cubo, 1965 / Inv. TP14

O Gato Azul

Mário Ferreira da Silva (1929-)

O Gato Azul, 1965 ? / Inv. CP12

Retrato de Grimau

Paula Rego (Lisboa, Portugal, 1935 – Londres, Inglaterra, 2022)

Retrato de Grimau, Inv. 65P263

Duas janelas

René Bertholo (1935-2005)

Duas janelas, 1964 / Inv. 65P267


Material Gráfico


Fotografias

Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»
Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»
Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»
Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»
Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»
Exposição «Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas»

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15346

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém projeto museográfico da exposição e fotografias da montagem; «Esquema geral da exposição de Portugal no Rio de Janeiro. Preliminares»; «Projecto de esquema geral para o pavilhão da exposição no Rio de Janeiro»; «Proposta para a aquisição de obras de artistas portugueses contemporâneos destinadas à exposição do Rio de Janeiro» (de Artur Nobre de Gusmão); e relatório da montagem da exposição (de Américo Silva). 1965 – 1966

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15346

6 provas, p.b.: Montagem (Pavilhão de Portugal, Rio de Janeiro); 5 provas, p.b.: aspetos (Pavilhão de Portugal, Rio de Janeiro) 1965

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/019-D01826

Coleção fotográfica, p.b.: montagem (Pavilhão de Portugal, Rio de Janeiro) 1965

Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), Lisboa / E.A. 292 P.

Álbum com 61 provas fotográficas, p.b.: aspetos (Pavilhão de Portugal, Rio de Janeiro) 1966


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