Alguns Caminhos da Pintura Portuguesa Contemporânea
Exposição integrada nas festas populares do Barreiro, realizada na Sociedade Democrática União Barreirense «Os Franceses», entre 23 de setembro e 8 de outubro de 1972.
A exposição, organizada pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo e pela Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), foi organizada com o intuito de desenvolver um programa de descentralização da cultura artística. Reuniram-se 39 obras de pintura representativas de nomes emblemáticos da arte moderna portuguesa.
Na introdução do pequeno fascículo que serviu de catálogo desta mostra justificam-se as escolhas, numa mostra que pôs o foco na arte portuguesa contemporânea: «[…] Por esta razão se incluem alguns quadros anteriores ao modernismo, considerando-se a sua inclusão, não como pontos de partida de movimentos que lhe foram posteriores, mas, mais precisamente, como pontos de referência, como lembrança de determinadas concepções estéticas, formais, técnicas e mesmo temáticas do naturalismo dos fins do século, abandonadas nos diversos caminhos da modernidade.» (Alguns Caminhos da Pintura Portuguesa Contemporânea, 1972)
Em abril de 1973, iniciam-se os contactos da Presidência da FCG com o conservador-chefe do Musée National de Monaco, Gabriel Ollivier, para a realização desta exposição de arte portuguesa contemporânea no Sporting Club d’Hiver de Monte-Carlo, integrada nas atividades de celebração do 25.º aniversário da ascensão ao trono do príncipe Rainier III. De acordo, com a programação inicial, a exposição portuguesa realizar-se-ia após uma outra, já programada para o período de 10 de julho a 1 de setembro, reunindo obras de Raoul Dufy.
Contudo, em virtude de o calendário expositivo da FCG já se encontrar muito preenchido, viria a solicitar-se que a mostra transitasse para o ano de 1974, o que viria a colher a aceitação do museu do Mónaco, que sugeriria novas balizas temporais (entre 3 de julho e 1 de novembro de 1974), dentro das quais o comissário proporia datas compatíveis, como se lê num ofício enviado pelo Serviço de Belas-Artes a José de Azeredo Perdigão, presidente da FCG: «A referida individualidade [Gabriel Ollivier] popôs, em princípio, a data de 6 de julho de 1974 para a inauguração da Exposição e o seu encerramento para dois meses depois, ou seja a 6 de Setembro, e referiu-se igualmente ao interesse que haveria na organização de outras actividades culturais paralelas e complementares à citada exposição: visitas guiadas, projecção de filmes e slides, edição de postais reproduzindo obras expostas e até a possibilidade de uma exposição documental sobre a actividade artística da Fundação Gulbenkian.» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 21 set. 1973, Arquivos Gulbenkian, SBA 13345)
Por sugestão do Musée National de Monaco, a exposição deveria apresentar um número de obras superior ao anteriormente reunido na mostra realizada no Barreiro, incluindo-se todas as obras emblemáticas da arte portuguesa contemporânea.
Esta exposição foi pensada em articulação com uma outra, também itinerante e promovida pelas mesmas entidades. Acerca destas duas exposições destaca-se um apontamento de Artur Nobre de Gusmão, diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG: «Tendo em vista a difusão da cultura artística, tão ampla quanto possível, vão a Secretaria de Estado da Informação e Turismo e a Fundação Calouste Gulbenkian promover, em breve, em diversos locais da província, a apresentação de duas Exposições Itinerantes. Admitindo-se que a primeira Exposição, que procurará documentar transformações ocorridas na História da Pintura em Portugal desde o Naturalismo Académico até soluções recentes de uma Nova Figuração, terá um esquema de leitura mais imediatamente acessível, foi escolhida para a apresentação em centros de cultura específica menos robusta. A segunda que procurará ilustrar momentos importantes de transformação até à Arte Abstracta, será reservada para apresentação nos centros mais importantes, de preferência em Museus.» (Apontamento do Serviço de Belas-Artes, 28 abr. 1971, Arquivos Gulbenkian, SEM 00072)
A seleção de obras realizada para estas duas exposições seria reaproveitada para outras mostras programadas para os anos posteriores.
Esta exposição, criada para percorrer o país e o estrangeiro, acabou por não ser realizada no Mónaco, como anteriormente projetado, uma vez que as datas sugeridas colidiram com o período político do pós-25 de Abril de 1974.
Isabel Falcão, 2016
Ficha Técnica
- Iniciativa
- Organizador / Serviço responsável
- Organizador / Parceiro institucional
- Programação
Artistas / Participantes
- Adriano de Sousa Lopes (1879 – 1944)
- Amadeo de Souza-Cardoso (1887 – 1918)
- António Areal (1934 – 1978)
- António Costa Pinheiro (1932 – 2015)
- António Dacosta (1914 – 1990)
- António Mendes (1944)
- António Palolo (1946 – 2000)
- António Ramalho (1859 – 1916)
- António Sena (1941 – 2024)
- Carlos Calvet (1928 – 2014)
- Eduardo Luiz (1932 – 1988)
- Eduardo Nery (1938 – 2013)
- Estrela de Faria (1910 – 1976)
- Fernando Lanhas (1923 – 2012)
- Helena Almeida (1934 – 2018)
- Henrique Ruivo (1935 – 2020)
- Isabel Laginhas (1942 – 2018)
- João Abel Manta (1928)
- João Paulo (1929 – 2012)
- Jorge Martins (1940)
- Jorge Pinheiro (1931)
- José Escada (1934 – 1980)
- Justino Alves (1940 – 2015)
- Lourdes Castro (1930 – 2022)
- Luís Gonçalves (1936)
- Luís Noronha da Costa (1942 – 2020)
- Manuel Baptista (1936 – 2023)
- Manuela Jorge (1938)
- Maria Velez (1935 – 2017)
- Mário Eloy (1900 – 1951)
- Menez (1926 – 1995)
- Nadir Afonso (1920 – 2013)
- Paula Rego (1935 – 2022)
- René Bertholo (1935 – 2005)
- Rolando Sá Nogueira (1921 – 2002)
- Rosa Passos (1900 – 1977)
- Sarah Affonso (1899 – 1983)
- Vítor Fortes (1943)
- Waldemar da Costa (1904 – 1982)
Publicações
Documentação
Fontes Arquivísticas
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 13345
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência, ofícios internos, postais e fotografias do edifício (Sporting Club d’Hiver), folheto de divulgação do Musée National de Monaco e planta interior do Sporting Club d’Hiver de Monte Carlo. 1979
Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 15382
Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém ofícios internos, documento com programação das duas exposições de arte contemporânea portuguesa, listagem de obras, orçamentos, mapas de itinerância e documentação relacionada com outras itinerâncias de exposições organizadas, em parceria, pela FCG e pelo SEIT. 1971 – 1973
Exposições Relacionadas
Arte Portuguesa Contemporânea. Pintura, Desenho e Gravura da Colecção Calouste Gulbenkian
1962 – 1964 / Itinerância Portugal
Portugal de Hoje. Secção de Artes Plásticas
1965 – 1966 / Pavilhão de Portugal, Rio de Janeiro
Pintura Portuguesa de Hoje. Abstractos e Neofigurativos
1973 / Itinerância Espanha, Portugal
Jeune Peinture Portugaise
1976 / Centre Culturel Portugais, Paris
Arte Portoghese Contemporanea
1976 / Itinerância Itália, França
Arte Portuguesa Contemporânea. Brasília. São Paulo. Rio de Janeiro
1976 – 1977 / Itinerância Brasil
XII Bienal de São Paulo. Representação Portuguesa
1973 / Pavilhão Ciccillo Matarazzo, São Paulo
Zeitgenössische Portugiesische Kunst / Arte Portuguesa Contemporânea
1980 / Münchner Stadtmuseum, Munique