Mercado de trabalho
O trabalho é uma atividade crucial para avaliar e melhorar a Justiça Intergeracional. No mercado de trabalho estão presentes de forma simultânea e dinâmica várias gerações, com diversos níveis de rendimento, proteção social, tipos de contrato, entre outros.
Realizámos um estudo com o objetivo analisar a evolução do mercado de trabalho em Portugal nas últimas décadas.
Existe uma grande convergência dos salários base mediano entre as diferentes gerações, embora num patamar particularmente baixo de rendimentos e produtividade (600-650€).
Mesmo se considerarmos o salário total mediano, esse valor não excede os 700-800€.
O aumento salarial médio por ano adicional de escolaridade tem vindo a descer significativamente para as gerações mais recentes (de 10% para 5%).
Apesar das gerações mais recentes serem mais escolarizadas que as suas antecessoras, isso não se está a refletir em melhores salários.
As gerações que entram no mercado de trabalho durante uma crise económica veem a sua evolução profissional a médio prazo prejudicada relativamente às outras gerações.
Um trabalhador que tenha entrado no mercado de trabalho numa altura de desemprego 5% mais elevado do que a média, vai ter salários 5% mais baixos ao longo da sua carreira.
Dois terços das pessoas nascidas nos anos 90 têm contratos a prazo, quase o triplo dos nascidos antes de 1980.
E este cenário não muda à medida que os trabalhadores ficam mais velhos, atualmente menos de 15% dos contratos a prazo são convertidos em contratos permanentes.
Existem também diferenças significativas entre gerações no acesso a subsídios de desemprego, doença e parentalidade.
Os trabalhadores nascidos nos anos 40 receberam um valor correspondente a 69% das suas contribuições. Em claro contraste, para as gerações nascidas nos anos 60 e seguintes, este valor foi de apenas 22%.
médio por indivíduo, 2010 (euros/mês)
por grupo etário, 2010 (%)
Em particular, verifica-se que, apesar de Portugal ter uma taxa de desemprego jovem muito elevada, o subsídio de desemprego tem um peso assinalável sobretudo a partir dos 50 anos.
Este facto indicia a possibilidade de o subsídio de desemprego estar a ser utilizado mais como uma ponte para a reforma do que como uma prestação social.
Estudo de Pedro S. Martins (Nova School of Business and Economics).
Fontes: base de dados Quadros de Pessoal, Segurança Social e Inquérito ao Emprego, PORDATA