Ambiente
Os padrões de desenvolvimento humano e as atividades económicas resultaram em desafios de sustentabilidade de escala e urgência sem precedentes, como as alterações climáticas e a perda de biodiversidade global. Este desenvolvimento preocupante levanta a questão crítica sobre se as pressões induzidas pelo homem excedem os limites ambientais do planeta Terra.
Realizámos um estudo com o seguinte objetivo:
Calcular o impacto da utilização de recursos naturais pelas diferentes gerações em Portugal, identificando o legado (ou encargo) deixado às gerações futuras.
Portugal ultrapassou os limites ecológicos em todas as categorias.
As áreas de maior preocupação são as emissões de gases com efeitos de estufa, a produção de resíduos, a poluição da água1 e do ar, que se encontram bastante acima do limite, e/ou com uma taxa de crescimento pronunciada.
1 A poluição da água foi calculada através dos níveis do uso de fósforo (relacionado com a sua utilização em fertilizantes na agricultura).
As gerações mais velhas têm impactos ambientais per capita mais elevados do que as gerações mais jovens no que diz respeito à Poluição da Água e à Pressão sobre os Ecossistemas2.
2 A pressão sobre os ecossistemas é calculada através do indicador Human Appropriation of Net Primary Productivity (HANPP), que mede a quantidade de biomassa colhida por meio da agricultura e silvicultura, bem como a biomassa que é perdida durante a colheita ou devido a alterações do uso do solo.
Em todo o caso, todas as gerações têm ultrapassado os diversos limites ecológicos, sendo o crescimento económico a principal causa da transgressão destes limites3.
A única exceção é a Geração Z, que, todavia, ainda não atingiu a idade na qual tipicamente se verificam os níveis de consumo mais elevados (procura de energia, consumo de água, produção de resíduos, etc).
3 Para cada geração foi analisado apenas parte do seu ciclo de vida (Pré-baby boomers (I) – 55anos -… ; Pré-baby boomers (II): 35-…; Baby boomers: 15-79; Geração X: 0-59; Geração Y: 0-39; Geração Z: 0-19), tendo em conta os dados disponíveis, o que resulta numa ligeira inflação nas gerações mais velhas.
As gerações presentes e futuras, para serem sustentáveis, têm disponível um limite de emissões de carbono 41% inferior ao que se verificava até aos anos 90.
Isto acontece devido às várias gerações passadas terem ultrapassado os limites de emissões de carbono.
Apesar de ultrapassarem os limites em muitos indicadores, as gerações mais velhas4 contribuíram para a implementação de políticas que ajudaram a dissociar parcialmente os indicadores ambientais do PIB.
Estas políticas, iniciadas a partir dos anos 90, como a introdução do gás natural, o investimento em fontes renováveis de eletricidade, as medidas de eficiência energética, as políticas para combustíveis e transportes mais limpos, e as políticas de valorização de resíduos, reduziram os impactos ambientais da sua própria geração e das gerações mais jovens.
4 Pré-Baby Boomers (nascidos entre 1900 e 1923 e entre 1924 e 1939), Baby Boomers (nascidos entre 1940 e 1959) e Geração X (nascidos entre 1960 e 1983)
Estudo realizado por uma equipa do Instituto Superior Técnico, coordenada por Tiago Domingos e Ricardo da Silva Vieira.