Irmãos do mar e dos pinhais

Conferência de Chus Martínez e projeção do filme «Theodora or The Progress»

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«(…) cada ser vivo recebe a sua própria intensidade de existência, tanto por dar aos outros como por receber dos outros»

Vinciane Despret, Autobiographie d’un Poulpe et autres récits d’anticipation, 2021

 

A exposição Moldada na Escuridão, de Hugo Canoilas, é o ponto de partida para um programa público de conversas e debates que se articulam em torno da projeção do filme Theodora or The Progress (2021), realizado pelo coletivo de artistas Alpina Huus, de que fazem parte Hugo Canoilas, Elise Lammer, Niels Trannois, Florence Peake, entre outros.

Com as colaborações de Chus Martínez (a participar remotamente), Elise Lammer, Hugo Canoilas e Rita Fabiana, o programa procura questionar de que forma algumas práticas contemporâneas de investigação artística permitem repensar e re-imaginar criticamente novos modos de estar e de fazer, abrindo-se a outros modos de coexistência cultural, social e ecológica. O debate procura igualmente indagar de que forma essas práticas artísticas podem gerar estratégias de resistência a uma visão e construção hegemónica da vida e do mundo, que estão no centro da injustiça social e climática e que produzem continuamente novas formas de desigualdade, discriminação e exclusão.

O encontro entre o projeto Moldada na Escuridão e o filme Theodora or The Progress é também uma oportunidade para repensar e debater possíveis modos de coexistência e de relação entre animais-humanos e animais-não humanos, com ecos nas relações simbióticas e mutualistas, procurando fundar novas formas de atenção e empatia.

A exposição Moldada na Escuridão está atualmente em apresentação na galeria de exposições temporárias do Museu, e pode ser visitada até 30 de maio. A exposição é acompanhada de um catálogo que o visitante poderá adquirir no dia do evento a um preço reduzido nas lojas da Fundação.


Língua Gestual Portuguesa
Carolina Silva e Sofia Figueiredo


TRANSMISSÃO


TRADUÇÃO SIMULTÂNEA

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Programa

16:00   Sessão de abertura   

Com Rita Fabiana

 

16:10   Conferência «Can a wave notice our tears?»   

Com Chus Martínez (participação remota)

Esta conferência pretende refletir sobre os nossos sistemas de valores, sobre as estruturas de poder que replicamos, sobre a linguagem que usamos para descrever, nomear, contar histórias, posicionar vida, arte e cultura no espectro social. 

 

16:50   Pausa 

 

17:00   Projeção do filme Theodora or The Progress

Theodora or The Progress é um projeto artístico coletivo que inclui a produção de instalações, esculturas, obras musicais e performances de um grupo de artistas internacionais, incluindo Hugo Canoilas, Cee Füllemann, Tarren Johnson, Elise Lammer, Alizee Lennox, Sarah Margnetti, Julie Monot, Lucien Monot, Florence Peake, Jessy Razafimandimby, Mia Sanchez, Eve Stainton e Niels Trannois. Filmado em 16 mm e coproduzido por instituições artísticas de toda a Europa, o filme reflete sobre a noção de empowerment, ao mesmo tempo que explora o potencial do subconsciente. Com base num amplo espectro de referências, entre as quais Virginia Woolf, Adrian Piper, Lisa Simpson, Deleuze e Guattari, mas também Snoop Dogg e Franz Kafka, o filme sublinha a capacidade da comunicação não verbal enquanto meio de criação de estratégias contra diversos tipos de discriminação. Tomando como título o nome daquela que foi, possivelmente, a primeira figura feminista da história, a imperatriz Teodora (c. 500 d.C.), Theodora or The Progress representa a metamorfose do narrador e de vários dos seus cúmplices numa matilha de cães. Theodora or The Progress encena uma tomada de poder coletiva que fala de amor, transformação e transcendência.

 

17:30   Conversa com Hugo Canoilas, Chus Martínez e Elise Lammer

Moderação de Rita Fabiana


ORADORES

Chus Martínez nasceu em Espanha e tem formação em Filosofia e História da Arte. Na 56.ª Bienal de Vezena, em 2015, foi curadora do Pavilhão Nacional da Catalunha. Foi também curadora do Pavilhão Nacional do Chipre na 51.ª edição, em 2005. Atualmente, é a diretora do Instituto de Arte da FHNW Academy of Arts and Design em Basileia, na Suíça. A partir de 2021, será diretora artística do Ocean Space, em Veneza, um projeto iniciado pela TBA21 Academy. É também curadora na Vuslat Foundation, em Istambul.

Elise Lammer é a fundadora do Alpina Huus, uma plataforma de investigação e um coletivo que explora a relação entre a performance e o espaço doméstico. Como artista, curadora e autora, Elise Lammer participou em exposições e projetos internacionais em espaços como a MACRO, em Roma, o Centre Culturel Suisse, em Paris; o Garage Museum of Contemporary Art, em Moscovo, o Istituto Svizzero di Roma, em Roma, o MAMCO, em Genebra, o Schinkel Pavillion, em Berlim; o Goethe Institut, em Pequim e Hong Kong; o MCBA, em Lausanne, entre outros. As suas obras e pesquisas sobre arte, performance e filme foram publicadas em revistas e catálogos internacionais, como a CURA, Mousse Magazine, frieze, November. Elise Lammer formou-se em Belas-Artes em Barcelona e fez o Mestrado em curadoria no Goldsmiths College, em Londres.

Hugo Canoilas vive e trabalha em Viena e em Nova Iorque. Entre as mais recentes apresentações individuais do seu trabalho incluem-se Buyoant, Galerie Martin Janda, Viena; On the Extremes of Good and Evil, com curadoria de Rainer Fuchs, mumok, Viena; Cnidarian Polyps Repaired by the Eye of the Observer, com curadoria de Ricardo Nicolau e Marta Almeida, Serralves, Porto. Canoilas tem contribuído com o seu trabalho em exposição institucionais na Kunstverein in Hamburg, em Hamburgo, no De Appel, em Amesterdão, na Kunsthalle Wien, em Viena, na Salzburguer Kunstverein, em Salzburgo, na 30.ª Bienal de São Paulo, na 4.ª Ural Industrial Biennial, em Yekaterinburg, e na Vienna Biennale For Change, em Viena.

O seu trabalho foi alvo de recensões críticas nas revistas MousseArtReviewObserverFriezeMetropolis MFlashArtKunstforumContemporanea e nos jornais The GuardianPúblico e Expresso. Canoilas foi coeditor da publicação OEI #80-81: The Zero Alternative: Ernesto de Sousa and some other aesthetic operators in Portuguese art and poetry from 1960's onwards. Tem vindo a desenvolver o projeto coletivo A Gruta na Galeria Quadrado Azul, em Lisboa. Em 2020, Canoilas recebeu o prémio Kapsch Contemporary Art.


FICHA TÉCNICA DO FILME

Coletivo Alpina Huus Hugo Canoilas (PT), Cee Füllemann (CH/BE), Tarren Johnson (US/DE), Elise Lammer (CH), Alizee Lennox (FR/DE), Sarah Margnetti (CH/BE), Julie Monot (CH), Lucien Monot (CH), Jessy Razafimandimby (CH), Mia Sanchez (CH), Niels Trannois (FR/CH)
Autoria Elise Lammer
Realização Elise Lammer, Julie Monot, Lucien Monot
Câmara/Edição Lucien Monot
Cenografia Christopher Füllemann, Julie Monot, Sarah Margnetti, Niels Trannois
Comunicação/Produção Elias Carella
Produção Alpina Huus
Coprodução Arsenic – Centre d’art scénique contemporain, Lausanne
Apoios Pro Helvetia – Fondation suisse pour la culture, Ernst Göhner Stiftung, Fondation Nestlé Pour l’Art, Loterie Romande, Canton de Vaud


SOBRE O COLETIVO

Fundado em março de 2015 no Schinkel Pavillon, em Berlim, Alpina Huus é um projeto performativo e um coletivo de pesquisa que se dedica a investigar a relação entre a performance e o espaço doméstico. Seja através da pintura, da literatura, ou da filosofia, a casa é frequentemente usada como metáfora da figura humana, aludindo às muitas analogias entre a casa, o corpo e a psique. Num espaço doméstico, cada divisão –  da sala de estar e da cozinha à casa de banho e aos quartos – assume uma tipologia específica à qual o comportamento humano se adapta ou resiste. Alpina Huus propõe performances que exploram as ideias em torno da prática comunitária, oferecendo uma perspetiva do ambiente doméstico enquanto palco no qual podem e chegam a desenvolver-se verdadeiras conversas artísticas. As suas propostas, apresentadas no seio de um público que nunca sabe o que deve ser considerado como encenado ou não, esbatem as diferenças entre o espetáculo e o decurso típico de um encontro artístico, testando os limites das esferas pública e privada e por vezes sobrepondo-as. Este coletivo itinerante, sem fins lucrativos e constituído por vários membros tem vindo a realizar performances, conferências e exposições em toda a Europa, incluindo no Schinkel Pavillon, em Berlim; Istituto Svizzero di Roma; Motto Berlin; Bâtiment D'art Contemporain (Le Commun), em Genebra; DAMA, em Turim; e Arsenic, Contemporary Performing Arts Center, em Lausanne.

A Fundação Calouste Gulbenkian reserva-se o direito de recolher e conservar registos de imagens, sons e voz para a difusão e preservação da memória da sua atividade cultural e artística. Caso pretenda obter algum esclarecimento, poderá contactar-nos através do formulário Pedido de Informação.

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