Memorandum sobre a Localização das Instalações da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian
Peça que acompanha o Memorandum, assinado por Guimarães Lobato, onde são seleccionadas três opções entre cinco previamente sugeridas.
Para a instalação da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian restavam da proposta inicial: o Parque Vilalva, o terreno do antigo Matadouro, junto à Avenida Fontes Pereira de Melo, e o terreno do Quartel de Artilharia Um, nas Amoreiras, uma vez que estes apresentavam área para ser possível instalar a Fundação.
À escolha do lugar, segundo Guimarães Lobato, deviam presidir razões de ordem funcional e urbanística. As primeiras prendem – se com a natureza dos edifícios as segundas com a relação deste com a cidade, no ponto de vista da qualificação de ambos. Assim (…) o museu deve estar, simultaneamente, em local facilmente acessível ao público e suficientemente isolado do bulício da cidade para possuir um ambiente próprio e atraente. (…) Se é um museu que pela sua importância possua prestígio suficiente para constituir por si só um centro de cultura, a sua localização poderá ser menos dependente da orgânica citadina (…). Todavia, se essa localização puder ser aliada à sua integração na orgânica geral da cidade, próxima de outros pólos de atracção cultural ou de afluência populacional (caso dos parques e pontos de vista, por exemplo) certamente se obterão maiores benefícios para se intensificar a divulgação cultural das suas colecções por maior número de visitantes (…).
Partindo dos pressupostos enunciados Guimarães Lobato examinou cada uma das hipóteses de localização. Esta análise foi acompanhada de um conjunto de desenhos que procuravam evidenciar de que forma as diferentes áreas e localizações influenciavam a relação entre os vários edifícios (Museu, Sede e Auditório) e entre estes e o espaço, onde se iriam implantar, e a relação, deste conjunto, com a cidade. Nos “esbocetos”, que acompanhavam o memorando, apresentavam-se diferentes combinações, que o edifício da Sede, Museu e Auditório podiam estabelecer, em cada talhão, resultantes da variação da sua volumetria.
Guimarães Lobato concluía informando que o Parque Vilalva, com uma área total de 71 200 m2, era aquele que melhor respondia à avaliação feita a todas as localizações. Oferecia equilíbrio entre as diferentes volumetrias, possibilitando a construção do Museu só em dois pisos e do edifício Sede em cinco. Tinha capacidade para a criação de amplos parques de estacionamento, com acesso pela a Avenida de Berna. Permitia, ainda, um bom enquadramento de proteção e de isolamento, por arborização e pelo restante parque que se localizava a Sul. Tinha, a seu favor, a presença da radial central da cidade, com ligação direta à auto-estrada Lisboa – Porto, que garantiria o acesso direto do núcleo central da cidade à Cidade Universitária. A tudo isto, acrescia o fato da Avenida de Berna ficar integrada, num futuro próximo, na 4ª circular de Lisboa, estabelecendo relação entre as zonas orientais e ocidentais da cidade, e a proximidade a estruturas de transporte coletivo, metropolitano e autocarros. Havia, contudo um senão; era uma propriedade particular e sobre ele pesa o ónus de uma escritura com o Município sobre a sua utilização. Guimarães Lobato referia-se à escritura de 31 de dezembro de 1917.
Um mês mais tarde, a 20 de fevereiro de 1957, o engenheiro apresentava um outro documento denominado Memorando Complementar sobre a Localização das Instalações de Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian no Parque Vilalva, o que indicia um interesse crescente, por parte da Instituição, sobre o Parque de Santa Gertrudes. Analisavam-se, agora, particularidades do local; as suas características geomorfológicas e o microclima. E, enunciavam-se algumas medidas que poderiam ser tomadas para anular os efeitos negativos quer, da humidade ao nível do solo quer da humidade atmosférica que aquela análise tinha detetado. Havia que garantir, ou criar, as melhores condições para preservar o legado de Calouste Gulbenkian.
A 16 de abril de 1957 chegava-se a um acordo entre as duas partes: a fundação adquiria 70 000 m2 do Parque de Santa Gertrudes, correspondente à parte disponível, pela quantia de 20 000 contos. A compra é concretizada pela escritura de 30 de abril de 1957, iniciando-se assim uma nova etapa para a instalação da Sede e Museu da fundação. Essa área resultava das diretrizes, já apresentadas no Memorandum sobre as Bases para a Construção da Sede da Fundação Gulbenkian definidas pela orgânica da Fundação, e que apontava para valores na ordem dos 30 000 m2. Embora sendo um documento preliminar ele definia, já, um conjunto de ideias basilares para o desenvolvimento do futuro programa da Sede e Museu da Fundação Calouste Gulbenkian assim, como prenunciava a imagem que este conjunto podia vir a ter.
- Data de produção: 1957
- Projetistas (autores principais): LOBATO, Luís Maria Nolasco de Guimarães
- Fase do projeto: A preparação do parque e as instalações provisórias
- Identificador: PT FCG FCG:SCT-S006-DES01150
- Cobertura temporal: 1957
- Tipo de dados: Imagem
- Formatos de extensão: 1 desenho
- Formato de media: jpg
- Palavras-chave: peça técnica
Para consultar a versão original deste documento deverá contactar os Arquivos Gulbenkian através do endereço eletrónico [email protected] e referenciar o identificador