Anteprojecto – Elementos de Trabalho
A vegetação, elemento primordial em qualquer jardim, é nesta proposta, o grande construtor de espacialidades. Este sistema é constituído por árvores, arbustos e herbáceas que correspondem maioritariamente às diferentes associações vegetais existentes na paisagem portuguesa.
Usam-se as espécies que constituem as formações da mata clímax de acordo com a situação ecológica que cada zona do terreno determina. Esta forma de utilizar a vegetação fundamenta-se no livro livro “A Árvore“ da autoria de Gonçalo Ribeiro Telles e Francisco Caldeira Cabral publicado em 1960.
Esta atitude, predominantemente de carácter ecológico, não nega o uso das espécies arbóreas existentes maioritariamente exóticas. Desenha-se com ambas, pois “a possibilidade que, quanto a exemplares existentes e quanto a espécies que poderão introduzir-se, permitem esperar que o novo parque da Fundação desempenhe também papel de certo relevo no desenvolvimento cultural da população. Nesse sentido se procura uma diversidade da flora compatível com a unidade requerida. De resto o sentido universalista da cultura portuguesa, aliando nas conceções paisagísticas o gosto botânico do exótico com o respeito pela natureza, numa perfeita integração na paisagem, garante uma atitude de compreensão para a conceção dentro da linha acima exposta.”
Mata, clareira e orlas integram exemplares notáveis que o estudo do arquiteto paisagista Azevedo Coutinho havia identificado.
A presença de maciços arbóreos e a sua ausência, em relação íntima com a volumetria do edificado, as diferentes funções do edifício e as relações visuais comandaram toda a organização. As árvores isolam-se ou rarefazem-se na proximidade do edifício criando lugares que se oferecem como continuidade do espaço interior, como “salas de ar livre”, como referem os projetistas. Adensam-se na periferia do espaço, escondendo, protegendo ou valorizando os espaços urbanos que envolvem o todo. Entre estas duas situações, concentração na periferia e rarefação no interior, surge a mata.
Com a mata:
– Define-se o “traçado largo baseado nos contrastes sombra-luz, árvore-clareira” que desenha toda a composição;
– Ocultam-se “aspectos exteriores que comprometem perspectivas ou destroem ambientes” ou se valoriza um “ângulo importante de vista a abertura sobre o Palácio da Embaixada de Espanha e dessa praça sobre o edifício”;
– Atenua-se a velocidade do vento e filtram-se os ruídos “do tráfego nos arruamentos que o circundam”;
– Cria-se “o ambiente de intimidade e sossego que se requer” num jardim.
A vegetação constrói o espaço a partir de três temas da paisagem:
– A mata é o volume que ocupa as áreas mais batidas pelos ventos ou mais modeladas;
– A clareira é ocupada na sua maior parte pelo lago;
– A sebe e o muro constituem o limite que individualiza, configura e protege o interior.
- Data de produção: 31/12/1961
- Projetistas (autores principais): BARRETO, António Facco Viana, TELLES, Gonçalo Pereira Ribeiro
- Contribuintes (autores secundários): FCG - Serviço de Projectos e Obras
- Fase do projeto: Do concurso ao anteprojeto
- Identificador: PT FCG FCG:SPO-S002-D00026
- Cobertura temporal: 1961
- Tipo de dados: Imagem
- Formatos de extensão: 1 desenho
- Formato de media: jpg
- Materiais: betão, lage, rocha, terra vegetal, xisto
- Vegetação : Acer pseudoplatanus | Ácer, Arbutus unedo | Medronheiro, Betula celtiberica | Vidoeiro, Casuarina sp. | Casuarinas, Casuarina equisetifolia | Casuarina, Cedrus atlantica | Cedro-do-Atlas, Ceratonia siliqua | Alfarrobeira, Cercis siliquastrum | Olaia, Cupressus sempervirens 'Stricta' | Cipreste, Eucalyptus globulus | Eucalipto, Fraxinus angustifolia | Freixo, Ilex aquifolium | Azevinho, Laurus nobilis | Loureiro, Magnolia grandiflora | Magnólia, Olea europaea ssp. sylvestris | Zambujeiro, Pinus pinea | Pinheiro-manso, Populus × canescens | Choupo-cinzento, Populus alba | Choupo-branco, Populus nigra | Choupo-negro, Pyrus communis | Catapereiro, Quercus coccifera | Carrasco, Quercus faginea | Carvalho-cerquinho, Quercus pyrenaica | Carvalho-negral, Quercus robur | Carvalho-roble, Quercus rotundifolia | Azinheira, Rhamnus alaternus | Sanguinho-das-sebes, Salix sp. | Salgueiros, Schinus terebinthifolius | Pimenteira-do-Brasil, Sorbus aucuparia | Sorveira, Ulmus minor | Ulmeiro
- Palavras-chave: altimetria, arbusto, árvore, associação fitoclimática, coberto arbóreo, espacialidade, exótica, flora, galeria ripícola, herbáceas, ilha, lago, maciço, margem, mata, muros de pedra solta, orla, peça técnica, perfil, revestimento inerte, revestimento vivo, roseiral, sistema, sistema de água, sistema de vegetação, valor ecológico, vegetação autóctone
Para consultar a versão original deste documento deverá contactar os Arquivos Gulbenkian através do endereço eletrónico [email protected] e referenciar o identificador