Levantamento arbóreo e avaliação fitossanitária

A 12 de março de 1958 o Esquema de Execução dos Trabalhos Iniciais de Jardinagem no Parque de Palhavã, que havia sido solicitado aos engenheiros – agrónomos, paisagistas, Manuel Azevedo Coutinho e Gonçalo Ribeiro Telles, marca o início da intervenção no parque de Palhavã e da recuperação ainda possível de grande parte do seu arvoredo [i]

relatório referente a esta planta surge como a primeira avaliação qualitativa (veja-se legenda) do coberto arbóreo existente (projeto de Jacob Weiss) e propõe-se que este se deva considerar pioneiro da arborização do novo jardim. Referia Manuel Azevedo Coutinho “que aquele estende-se por todo o parque à excepção de uma faixa que contacta com a Avenida de Berna”. O ciclone de 1941, que varreu o País, e a Feira Popular contribuíram, sem dúvida, para o desaparecimento da vegetação que nesta faixa do Parque existiria.

A 17 de março, Azeredo Perdigão deu o seu parecer favorável a esta proposta. Indicando, contudo, que o pessoal de jardim, deve constituir-se em quadro permanente, composto de um mestre de jardim e dois cantoneiros, com ordenados fixos mensais; o restante pessoal deve ser eventual e assalariado, ganhando à semana.

Estavam assim definidas as bases para criação de um serviço de jardinagem e para a instalação de viveiros os quais, desde então, acompanham todo o processo de construção, manutenção e conservação do Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian.

A aprovação desta proposta de Azevedo Coutinho desencadeou uma azáfama no Parque de  Palhavã que se encontra bem registada no arquivo do Serviço de Projectos e Obras. De entre as ações desencadeadas destacamos a que se encontra registada por Chartres de Azevedo, a 14 de julho, onde se dá conhecimento que havia sido “entregue pelo Eng.º Azevedo Coutinho a lista junta de plantas, que na quase totalidade podem ser aplicadas na presente época estival. Das plantas indicadas, parte destinam-se aos ajardinamentos da zona fronteira às instalações provisórias e as restantes ao pequeno viveiro de reserva, em construção ao norte do Parque. (…) Propõe-se que a aquisição das plantas constantes da lista, se faça à Repartição de Arborização e Jardinagem da Câmara Municipal de Lisboa, que as possui em viveiro e as poderá fornecer de boa qualidade e economicamente. Calcula-se que, deste modo os encargos com esta aquisição não ultrapassarão os 15.000$00. (…) Entre herbáceas vivazes anuais, arbustos e árvores caducifólios e perenifólios são mencionadas 77 espécies vegetais. A 14 de outubro mais 44 (árvores e arbustos) foram adquiridos.

Este relatório  aprovado por Guimarães Lobato, em março de 1958, foi um texto definidor de linhas programáticas do concurso tanto para o jardim como para o complexo edificado.  Esta aprovação demonstra o reconhecimento da mais valia que o coberto arbóreo do Parque de Santa Gertrudes representava.

Definiu, também,  as bases para as medidas cautelares, enunciadas por Azevedo Coutinho e Gonçalo Ribeiro Telles, que antecederam o início da obra.

[i] Destaque-se a aquisição de terra vegetal, estrumes, fertilizantes e turfa assim como sementes de relvados provisórios e de plantas para os jardins das instalações provisórias – Relatório de actividades de Novembro de 1956 a Junho de 1958.

  • Data de produção: 1958
  • Projetistas (autores principais): COUTINHO, Azevedo
  • Fase do projeto: A preparação do parque e as instalações provisórias
  • Identificador: PT FCG FCG:SCT-S006-DES01151
  • Cobertura temporal: 1958
  • Tipo de dados: Imagem
  • Formatos de extensão: 1 desenho
  • Formato de media: jpg
  • Vegetação : Acacia melanoxylon | Acácia-australiana, Acer negundo | Bordo, Aesculus hippocastanum | Castanheiro-da-Índia, Ailanthus altissima | Ailanto, Casuarina equisetifolia | Casuarina, Celtis australis | Lódão, Ceratonia siliqua | Alfarrobeira, Cercis siliquastrum | Olaia, Chamaerops humilis 'Tomentosa' | Palmeira-das-vassouras, Chamaerops humilis | Palmeira-das-vassouras, Cupressus lusitanica | Cipreste-português, Cupressus sempervirens | Cipreste, Eucalyptus globulus | Eucalipto, Fagus sylvatica Faia|, Fraxinus angustifolia | Freixo, Grevillea robusta | Grevílea, Ligustrum japonicum | Alfinheiro-do-Japão, Mespilus germanica | Micanto, Olea europaea ssp. sylvestris | Zambujeiro, Pinus sp. | Pinheiros, Pittosporum undulatum | Incenso, Platanus orientalis | Plátano, Prunus cerasifera | Ameixeira, Robinia pseudoacacia 'Inermis' | Falsa-acácia, Robinia pseudoacacia | Falsa-acácia, Schinus molle | Pimenteira-da-Índia, Schinus terebinthifolius | Pimenteira-do-Brasil, Ulmus sp. | Ulmeiros
  • Palavras-chave: árvore, coberto arbóreo, esboço, exótica, inventário, limite, valor ecológico, vegetação autóctone

Para consultar a versão original deste documento deverá contactar os Arquivos Gulbenkian através do endereço eletrónico [email protected] e referenciar o identificador

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