- França, c. 1868
- Pastel
- Inv. 89
O Inverno
Jean-François Millet contribuiu, enquanto elemento determinante da Escola de Barbizon, para a elaboração de um novo naturalismo. A relação homem/meio, tratada com contornos fatalistas, constituiu o tema central da sua obra simultaneamente original e poderosa. Esta não só se revelou capaz de se afirmar como continuadora da tradição de Breughel como anunciou também a arte de exceção que, um pouco mais tarde, Van Gogh viria a praticar.
Hino à natureza e à vida no campo, esta paisagem, austera e melancólica, insere-se no âmbito de uma produção iniciada pelo pintor na década de 1860 dedicada à representação de campos imensos. A escassa utilização da cor sugere uma atmosfera desolada e rude e acentua, simultaneamente, a visão de um mundo cinzento. O domínio de Millet é aqui o domínio silencioso da planície gelada, do horizonte infinito, da dureza cíclica da estação, do espaço solitário em que o homem, neste caso quase impercetível, é simbolicamente posicionado.
Coleção Albert Cahen d'Anvers. Adquirida por Calouste Gulbenkian, por intermédio de Graat et Madoulé, na venda Cahen d'Anvers, Galerie Georges Petit, Paris, 14 de maio de 1920.
A. 69 cm; L. 93 cm
Moreau-Nélaton 1921
Étienne Moreau-Nélaton, Millet raconté par lui-même. Paris: Henry Laurens Éditeur, 1921, vol. III, p. 39, n.º 250.
Sampaio 2009
Luísa Sampaio, Pintura no Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa/Milão: Museu Calouste Gulbenkian/Skira, 2009, pp. 192-193, cat. 85.