- França, c. 1863
- Óleo sobre tela
- Inv. 2307
Autorretrato ou «Degas Saluant»
No decurso das décadas de 1850 e 1860, Edgar Degas realizou 15 autorretratos, existindo apenas duas obras, uma das quais esta pintura, onde o autor surge retratado a meio corpo. A outra tela desse formato, o primeiro trabalho importante realizado pelo pintor, conhecido por Degas au porte fusain (Musée d’Orsay, Paris), foi executada em 1855 e inspira-se em Retrato do Artista (Musée Condé, Chantilly), de Jean-Auguste-Dominique Ingres, de 1804. Uma fotografia tirada ao pintor (Bibliothèque nationale de France, Paris) na primeira metade da década de 1860, confirma a contemporaneidade da tela, uma vez que Degas aparenta em ambas as situações cerca de trinta anos de idade.
Do ponto de vista formal constatam-se duas referências significativas a assinalar: enquanto o par de luvas sugere um tributo evidente a Ticiano, o segundo plano da composição, com o espaço interior delimitado por linhas verticais e abertura para paisagem em fundo, evoca a tradição renascentista do retrato. Nesta representação de fatura inacabada, onde é bem visível a correção do desenho da cartola, o pintor, esboçando um gesto de saudação, coloca-se no papel de objeto de visão, surgindo como a personificação de um homem do seu tempo, cosmopolita e flaneur.
Jeanne Fèvre, sobrinha do artista, Nice. Adquirido por Calouste Gulbenkian por intermédio de André Weil, Paris, 28 de outubro de 1937.
A. 92,1 cm; L. 69 cm
Lemoisne 1946
P. A. Lemoisne, Degas et son œuvre. Paris, 1946, vol. II, pp. 52-53, n.º 105.
Paris 1988
Degas, catálogo de exposição. Paris: Galeries nationales du Grand Palais, 1988, pp. 104-105, n.º 44.
Sampaio 2009
Luísa Sampaio, Pintura no Museu Calouste Gulbenkian. Lisboa/Milão: Museu Calouste Gulbenkian/Skira, 2009, pp. 220-221, cat. 99.