Relações recíprocas
A ideia de colaboração artística era cara a Almada Negreiros, ao contrário da ideia de grupo. Em 1965 escreveu em relação ao Orpheu, que os seus protagonistas se juntaram pela «Arte» e não por terem semelhanças entre si. Não eram um grupo, eram colaboradores. Foi num ambiente profícuo de troca, discussão e apropriação, e não em isolamento, que a modernidade e a vanguarda foram forjadas — em Portugal e noutros países.
Ao longo da sua vida, Almada encontrou diferentes artistas, arquitetos, atores e escritores com quem trabalhou ou partilhou experiências em diversos registos. A colaboração também aconteceu em ambiente privado, animando tertúlias artísticas juvenis com bailados, desenhos e poemas. Ou ainda, mais tarde, em registo oficinal, aprendendo técnicas artesanais como vitral ou cerâmica.
As tertúlias continuariam a fazer parte do seu dia a dia com diferentes gerações: conviveu com os jovens poetas Mário Cesariny e Eugénio de Andrade nos anos 1950; Lourdes Castro fez a sua peça Antes de Começar (1956); em 1946, Ernesto de Sousa chamou-o a colaborar consigo e Diogo de Macedo na organização de uma exposição de comparação entre arte africana e arte moderna, e mais tarde reclamar-se-á herdeiro voluntário do performer Almada; Vitor Silva Tavares com ele conviveu e trabalhou em teatro; Maria do Céu Guerra estreou-se como atriz numa peça sua; esteve atento aos artistas mais novos, como Júlio Pomar, entre outros.
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