Dikran Kelekian

Uma coleção com histórias: em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. O mês de novembro foi dedicado a negociantes de arte.
13 nov 2020

Nascido em Kayseri, atual Turquia, o negociante, escritor e arqueólogo arménio Dikran Kelekian (1867-1951) teve um percurso paralelo ao de Calouste Gulbenkian, seu contemporâneo.

No início da década de 1890, Dikran e o seu irmão Kevork iniciaram um negócio de comércio de arte e antiguidades em Istambul, sendo um dos primeiros negociantes a introduzir obras de arte oriundas do Médio Oriente nos mercados da Europa e dos Estados Unidos. O negócio foi muito bem-sucedido e depressa se expandiu a Nova Iorque, a Londres, a Paris e ao Cairo.

Kelekian foi também um importante colecionador, tendo exposto a sua coleção de cerâmica no Victoria and Albert Museum de Londres durante várias décadas, onde ainda se mantêm algumas peças provenientes da sua coleção. As suas obras foram ainda emprestadas para várias exposições na Europa e nos Estados Unidos, onde viveria até ao final da sua vida.

No início do século XX, os especialistas Jules Guiffrey, da Manufatura dos Gobelins, e Gaston Migen, do Museu do Louvre, compilaram um catálogo ilustrado da coleção de têxteis e tapetes de Kelekian. O colecionador acabaria por oferecer uma cópia a Calouste Gulbenkian, possivelmente para aguçar a sua curiosidade relativamente à mercadoria que queria vender.

Dikran Kelekian acompanhou várias expedições arqueológicas, nomeadamente em Rayy, Raca, Sultanabad e Varamin, começando por vender a Gulbenkian exemplares de cerâmicas de Raca e, posteriormente, peças de Iznik e têxteis otomanos. A partir de 1900, Kelekian começou também a vender obras de arte moderna, embora Gulbenkian não tenha adquirido nenhuma destas obras ao negociante.

Prato fundo. Iznik, c. 1555-1560. Cerâmica siliciosa pintada sobre engobe e sob vidrado transparente com reflexo metálico. Museu Calouste Gulbenkian
Unguentário. Síria, séculos III-IV. Vidro soprado. Museu Calouste Gulbenkian

Além de Gulbenkian, Dikran vendeu obras a outros importantes colecionadores, como John D. Rockefeller, Henry Walters ou Charles Freer. A curiosa figura de Kelekian despertou também o interesse de vários artistas, como Milton Avery e Walt Kuhn. Em 1944 realizou-se nas Durand-Ruel Galleries em Nova Iorque, uma exposição intitulada Kelekian: As the Artist Sees Him, na qual foram apresentadas diversos retratos do negociante de arte arménio.

Dikran ficou próximo de vários artistas, como Mary Cassatt, que acabaria por retratar, em mais do que uma pintura, o seu filho Charles, herdeiro da fortuna e responsável pela gestão do negócio após a morte do pai, em 1951. Estes retratos encontram-se atualmente em museus como o Metropolitan Museum of Art ou o Walters Art Museum. Uma parte significativa da coleção de Kelekian encontra-se atualmente em Nova Iorque, no Metropolitan Museum of Art.


Uma Coleção com Histórias

Em 2020, partilhámos semanalmente uma história sobre a coleção de Calouste Gulbenkian. Os artigos desta rubrica referem-se à coleção do Museu Calouste Gulbenkian como Coleção do Fundador.

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