O Poder da Palavra IV
Sabedoria Divina: O Caminho dos Sufis
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Museu Calouste GulbenkianO meu coração tornou-se capaz de acolher todas as formas:
É pasto para gazelas e mosteiro para monges cristãos,
É templo para ídolos e Caaba para o peregrino muçulmano,
É tábuas da Torá e livro do Sagrado Alcorão.
Eu sigo a religião do Amor, qualquer que seja a direção
Que a sua caravana possa tomar.
Esta é a minha religião e a minha fé.
Este poema encontra-se na obra O Intérprete dos Desejos (Tarjumān al-Ashwāq) do mestre sufi Ibn ʿArabī (1165–1240). As suas palavras transmitem a mensagem universal de amor do Sufismo, o coração místico do Islão. O caminho espiritual sufi é praticado por muçulmanos e muçulmanas de todos os continentes, e aqui abordado por cinco temas- chave: Sabedoria, Unidade, Amor, Caminho e Plenitude. As obras expostas vêm de regiões variadas, da Índia a Portugal, passando pelo Afeganistão, o Irão, a Síria, o Egito e a Turquia.
Palavras são portas
O Sufismo é a dimensão mística do Islão, quer seja entendida como caminho espiritual, quer como ensinamento interior do Islão. Em árabe – língua sagrada dos muçulmanos – a palavra taṣawwuf, Sufismo, tem uma etimologia complexa e por vezes duvidosa, que congrega aspetos fundamentais do próprio Sufismo. As hipóteses sobre a origem desta palavra estão relacionadas com as imagens e ideias de varanda (ṣuffah), lã (ṣūf), pureza (ṣafāʾ) e, segundo alguns, sabedoria (sophía). A partir destas palavras, nos próximos parágrafos procuramos sucintamente introduzir alguns aspetos básicos e próprios do Sufismo.
Amizade de Deus
Um conceito-chave no Sufismo é a proximidade, a procura de intimidade com Deus. Os primeiros sufis eram chamados como «a gente da varanda (ṣuffah)», um termo que alude às origens do Islão e refere as pessoas que se reuniam em Medina, de baixo de uma varanda anexa à mesquita de Muḥammad (570-632), o profeta do Islão. Pela proximidade com Muhammad, essas pessoas recebiam diretamente os ensinamentos do seu guia. Desde então, os grandes sufis como Rābiʿa (718-801) e Rūmī (1207-1273) são denominados awliyāʾ Allāh, ou seja, amigos íntimos de Deus.
Luz do coração
Mencionado mais de cem vezes no Alcorão, o coração (qalb) é «trono de Deus» num dito de Muḥammad, e espelho da Luz Divina (Nūr) na poesia sufi. O coração é onde reside a natureza sagrada e primordial (fiṭrah) de toda a humanidade, sendo o recetáculo de visões místicas e palavras de orientação. O coração é o verdadeiro “órgão” do conhecimento. Com efeito, o Sufismo escapa às definições dos raciocínios mentais e as palavras só podem indicar o seu sentido autêntico, sem esgotá-lo.
Caminho de transformação
É referido que os primeiros místicos do Islão se vestiam de forma humilde, com roupa de lã (ṣūf). A humildade é outra componente chave do Sufismo e, com efeito, o sufi é frequentemente chamado dervixe ou faqīr, isto é, pobre. Este caminho pressupõe a transformação individual do ego (nafs), ou seja, dos aspetos mais ignorantes e obscuros do nosso ser. Esta jornada espiritual pressupõe que o ego passe de uma condição de tentação e rebeldia para a paz e a pureza (ṣafāʾ) interior.
Via exterior e via interior
A Unidade e Unicidade de Deus (tawḥīd) é o que os sufis desejam conhecer, através de um caminho iniciático ou via interior (ṭarīqa). Sem abdicar das práticas religiosas, da fé e da vida exterior, o caminhante deseja encontrar a excelência (iḥsān) espiritual e interior, que Muḥammad pregou. Para se realizar este caminho é preciso sinceridade, devoção, amor e a orientação de um guia (murshid).
Sabedoria divina
Há ainda quem, mesmo de forma duvidosa, tente estabelecer uma ligação entre a palavra Sufismo e o lema grego sophía, sabedoria. Sem dúvida, os sufis buscam a sabedoria – isto é, um conhecimento que advém da experiência direta. Trata-se de um conhecimento da Realidade Divina, que vai para além da dualidade ilusória do mundo e da mente. Tal corresponde a uma união mística, que é uma amorosa aniquilação (fanāʾ) do ego no Divino, o que permite a chamada subsistência (baqāʾ) da alma em Deus.
Círculos de recordação
O Sufismo não é apenas um caminho individual, pois o aspeto da vida comunitária é fundamental. Os sufis não se isolam do mundo e procuram cultivar o seu desenvolvimento em confrarias, na família e na sociedade, sem abdicar do trabalho e do encontro com o outro. Com efeito, existem práticas sufis individuais e coletivas. Exemplo disso é o dhikr, a recordação de Deus, que comumente consiste na repetição rítmica dos nomes de Allāh. Existem reuniões de dhikr coletivas, em que por vezes a repetição é acompanhada por música e dança. A dança rodopiante é uma referência que muitas pessoas associam quando pensam no Sufismo. Trata-se de uma prática de algumas confrarias, particularmente daquela do poeta e sábio persa Rūmī.
Arte, Beleza e Majestade
A música, a dança, a poesia, a caligrafia e outras artes, são expressões da Beleza e Majestade Divinas. Assim, poemas de amor sufi referem-se ao copo e ao vinho, como metáforas da complementaridade entre as práticas religiosas exteriores (copo) e do êxtase espiritual interior (vinho). O sufi encontra a Beleza em tudo, quando finalmente o ego se encontra pacificado e o coração é espelho polido que reflete a Luz Divina. Tudo ao nosso redor é uma manifestação Divina, do Uno, indiscritível e intangível, inefável e belo, majestoso e misericordioso.
Temas
Unidade
Amor
Caminho
Plenitude
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Sabedoria
Quem conhece a sua alma, conhece Deus (Allāh). Este ensinamento, segundo os sufis, foi dado por Muḥammad (Meca, 570 – Medina, 632), profeta do Islão, considerado o maior mestre espiritual na tradição sufi.
O Sufismo (taṣawwuf) é um caminho de sabedoria, no qual tudo ao mesmo tempo esconde e revela o Divino, tanto na vida, como no cosmos e em nós. O conhecimento de Deus advém através do nosso «coração» (qalb), palavra-chave do Sufismo, referida num poema pelo imã amazigue al-Būṣīrī (ver na galeria aqui em baixo).
Homens e mulheres sufis procuram esta sabedoria do coração. Entre eles, o poeta persa Ḥusayn Kāshifī, que na representação de uma destas imagens, segura um terço islâmico (tasbīḥ).
Um príncipe procura a bênção (barakah) de um guia espiritual que vive numa gruta.
Cantar o bem-amado. Conhecida como O Poema do Manto, a célebre obra sufi de al-Būṣīrī tem como título original As Luzes Celestiais em Elogio do Melhor da Criação. É dedicada a Muḥammad, profeta do Islão, o bem-amado dos sufis.
O legado da palavra. Ḥusayn Kāshifī, conhecido como o pregador (al-wāʿiẓ), foi, para além de intelectual, poeta e sufi, o tradutor para persa das fábulas intituladas Kalīla wa Dimnah, que foram objeto da segunda exposição do Poder da Palavra sobre Fábulas em 2020.
Os grandes poetas sufis, como Ḥāfiẓ, são considerados mestres espirituais.
Oiço o sabor de frutos. Para saborear o fruto da ameixoeira é preciso esperar com paciência pelo verão e aproveitar esse instante. Ser paciente e contemplar o momento presente são atitudes cultivadas no Sufismo, como chaves para a realização espiritual.
A estrela nesta taça tem sete pontas. No terço islâmico, o mesmo número está marcado nas contas. Os versículos iniciais do Alcorão são também sete. Contudo, calemo-nos: o sentido autêntico do Sufismo não pode ser dito por palavras, só intuído pelo coração.
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Unidade
Num dos mais célebres poemas do sufi persa Rūmī, a flauta lamenta a separação da cana que lhe deu origem (Dísticos Espirituais). Esta metáfora refere-se ao desejo de reunião mística e ao anseio pela Unidade Divina, para além de toda a dualidade ilusória. A dança dos dervixes rodopiantes é outra expressão, dinâmica e corporal, deste ardente desejo de união.
A busca de aproximação ao mistério da Unidade Divina é, para os sufis, uma via de excelência e benevolência (iḥsān). Trata-se do caminho direito (ṣirāṭ al-mustaqīm) referido no capítulo de abertura do próprio Alcorão. De facto, a poesia sufi, com o seu simbolismo, é uma forma mística e não apenas literal de interpretação do Alcorão.
Ouvir, saber. Além do primeiro capítulo do Alcorão, estes fólios contêm outro versículo do livro sagrado do Islão (II, 137), no qual lemos dois dos noventa e nove nomes de Deus, que são meditados pelos sufis: al-Samīʿ (Aquele que Ouve), al-ʿAlīm (O Omnisciente).
Aquele que Ouve é um dos Nomes de Deus: al-Samīʿ. Da mesma raiz etimológica, samāʿ, ou audição, é o encontro ritual da música e da dança em algumas confrarias sufis. Tal é retratado nesta ilustração de uma obra do poeta persa Saʿdī.
«Quem já viu um veneno e um antídoto como a flauta?», pergunta Rūmī. No Sufismo, o poder transformativo e curativo da espiritualidade envolve o ser humano de forma holística, como uma música.
Esse ponto de luz que ilumina. No rebordo da lâmpada, lemos em árabe que Deus (اَلله, Allāh) «é a Luz dos céus e da terra». É o versículo da Luz, passagem célebre e simbólica do Alcorão (XXIV, 35), meditada pelos sufis. Mais adiante no versículo, a luz de Deus é comparada a um nicho, que contém uma lâmpada dentro de um vidro. Ao colocar estas palavras sobre o objeto, este torna-se simbólico.
Alquimia. O Sufismo pode ser interpretado como um trabalho alquímico de transformação interior da alma. Ao mesmo tempo, alguns sufis cultivam as ciências do cosmos exterior, como é o caso de Ḥusayn Kāshifī, poeta, sufi e astrónomo.
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Amor
Tema recorrente na poesia sufi, o amor (ʿishq) é o vinho, metáfora do êxtase espiritual que inebria quem busca a sabedoria. Da mesma cor do vinho são a seda vermelha de um tapete representado numa das seguintes imagens, e um veludo presente no interior do túmulo de Muḥammad. O profeta é conhecido no Sufismo como o bem-amado (ḥabīb) e ensinou que Deus é acima de tudo amoroso: «a Minha misericórdia supera o Meu rigor».
Por sua vez, no contexto poético sufi, o louco de amor (majnūn) deseja unir-se à sua amada Laylā. Estas duas personagens, Laylā e Majnūn, expressam a atração amorosa que transforma e conduz à morte simbólica e iniciática, no sentido de extinção (fanāʾ) do ego no amor divino, infinito e eterno.
Um tesouro escondido. Ao olhar para este tapete de seda vermelha, relembramos que uma narração (ḥadīth) sobre Muḥammad conta que um veludo vermelho foi colocado dentro do seu túmulo. «Eu era um tesouro escondido, e desejei ser conhecido», diz Deus, noutro ḥadīth.
Amor sem fronteiras. Uma obra clássica da literatura árabe, persa, islâmica e sufi, a história dos amantes Laylā e Majnūn tem sido comparada com a peça teatral Romeo e Julieta de William Shakespeare, por terem várias semelhanças entre si.
Três homens embriagados são levados perante o rei. Um deles desculpa-se dizendo que está atormentado pelo amor divino. O rei concorda que «o vinho acalma a dor do amor», uma metáfora da embriaguez mística sufi, pelo poeta turco-afegão Hilālī.
«A separação afastou os meus olhos do sono». No exterior da taça, este verso do poeta árabe al-Mutanabbī (c. 915-965) canta a separação e o desejo amoroso, ecoando a linguagem do Sufismo.
Descalço. As marcas de desgaste neste tapete refletem o seu uso na oração. Esta prática dos muçulmanos inclui movimentos físicos, como a prostração. O contacto dos pés descalços com o tapete é uma experiência de intimidade sensorial e, ao mesmo tempo, de regresso a uma condição natural, humilde e despojada da alma.
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Caminho
A vida é um caminho de descoberta e maravilhamento, mas também de paciência e perseverança: o sufi sabe que a rosa tem perfume, mas também tem espinhos. O verdadeiro sufi será então aquele ou aquela que consegue domar o seu ego (nafs) através das provações da vida e polir o seu coração, como um espelho que reflete a Luz Divina (Nūr).
O centro da rosa esconde o segredo da sua fragrância. Assim, o caminho dos sufis (ṭarīqah) liga a dimensão exterior da vida à sua essência interior. É um percurso íntimo de transformação: a partir de uma condição de ignorância até às mais elevadas estações de conhecimento e paz (Salām).
Até que a fragrância se espalhe, pela humanidade e pelo universo, qual fluxo de sabedoria e amor.
Um leve cheiro florido. «Colhe uma folha do meu roseiral. Uma flor dura apenas cinco ou seis dias, mas este roseiral será sempre um encanto.» (Saʿdī)
Um nicho que orienta. Percorrer um caminho implica navegar e ultrapassar alguns medos. Numa das inscrições deste nicho de oração lê-se: «Não tenhais medo e não vos aflijais» (Alcorão, XLI: 30).
Este manuscrito ficou danificado nas cheias de 1967. Contudo, preservou a sua vivacidade figurativa e a sua dimensão sufi: à direita, são representados dervixes contemplativos e extáticos, incluindo poetas persas, entre os quais possivelmente Jāmī e Ḥāfiẓ. «O tesouro encontra-se nas ruínas», ensina Rūmī.
Convite. «Vem! Pois a roseira está em chamas com o fogo de Moisés. Que assim aprendas, do arbusto, a subtileza da Unidade» (Ḥāfiẓ)
Descobriram afinal que no coração morava. A cena vibrante pintada neste copo foi interpretada como uma visualização do poema sufi A Conferência dos Pássaros escrito pelo poeta persa ʿAṭṭār (c. 1145-1221). Lideradas por uma poupa, as aves do mundo partiram em busca do lendário Sīmurgh, o rei das aves.
No fim de uma longa e árdua viagem através de sete vales, restam apenas trinta pássaros. O rei Sīmurgh revela então que o que eles têm procurado está dentro de si mesmos: «Eu sou um espelho diante dos vossos olhos», diz o rei, «e todos os que estão diante de mim, vêem-se a si próprios, a sua realidade única».
Assim, a jornada dos pássaros representa a transformação interior dos sufis, em direção à união mística com Deus. A escolha do número trinta por ʿAṭṭār é um jogo literário brilhante: «Sīmurgh» em persa significa trinta (sī) pássaros (murgh)..
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Plenitude
No Sufismo está presente um diálogo vivo e dinâmico entre complementaridades. Este diálogo é representado, nesta exposição, por recipientes – um jarro, copos, caixas – cujo conteúdo encontra o seu maior valor quando é doado (ver imagens abaixo colocadas). O próprio sufi é instrumento de uma dádiva, porque se disponibiliza para transmitir um influxo espiritual e benéfico.
O jogo entre elementos complementares inspira a obra da artista portuguesa Sara Domingos (1973-), Ao dar água obtém-se a maior recompensa. A água destaca-se aqui como elemento primordial da vida e de partilha.
Numa caixa de espelho, que integra este núcleo de objetos, mulheres e homens entretêm-se com taças e música. O feminino tem um papel essencial no Sufismo. A mestra sufi árabe Rābiʿa (c. 718-801) queria «derramar água no inferno», para que as pessoas não adorassem Deus por mero medo de uma punição, antes por desejo da Sua Beleza.
Outra síntese encontra-se num exemplar do Jardim da Primavera de Jāmī: as suas imagens evocam, tanto a dimensão comunitária do Sufismo, como a aspiração individual para a ascese. Uma figura humana ergue-se da terra para o céu, qual cipreste, imagem sufi do ser humano completo (insān al-kāmil), elo de ligação entre o céu e a terra (ver imagens abaixo colocadas).
Pelas nuvens. «A vida terrena assemelha-se à chuva que fazemos descer do céu» (Alcorão, X, 24)
O poeta Jāmī seguia a escola de pensamento do grande mestre sufi Ibn ʿArabī, assim como os ensinamentos da confraria sufi Naqshbandī, uma das mais ativas no mundo.
O espelho. «Sabes porque é que o espelho da tua alma não reflete nada? Porque a ferrugem não foi removida da sua face.» (Rūmī)
Rodopiando. Doze conjuntos de três luas crescentes e uma estrela. Os padrões são pontes para o reino espiritual. O ritmo visual da geometria tece vibrações subtis que reverberam e apaziguam, tanto o corpo, como a alma e o coração.
Sara Domingos (Lisboa, 1973-). Ao dar água obtém-se a maior recompensa
O centro luminoso. Não há caminho interior sem um perímetro exterior. O caminho conecta a dimensão prática e pública da vida (o perímetro exterior), ao conhecimento místico da realidade divina (o centro luminoso e inefável).
Programação complementar
Cursos
Sufismo: espiritualidade, vivências e arte
Com Fabrizio Boscaglia / Em português
Ter, 08, 15 e 22 nov / 21:00
qua, 09, 16 e 23 nov / 21:00
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Visitas para escolas
Visita orientada: Poetas Sufis
Com Raquel Feliciano, Rita Luiz / Em português
2º e 3º ciclos, secundário, profissional
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Visitas para grupos
Visita orientada: O caminho do Sufi, da arte à poesia
Com Fabrizio Boscaglia / Em português
Saber mais
Ficha técnica
Curador Convidado
Fabrizio Boscaglia – Universidade Lusófona
Coordenação
Jessica Hallett – Conservadora sénior do Médio Oriente, Museu Calouste Gulbenkian
Diana Pereira – Serviço de Mediação Cultural, Museu Calouste Gulbenian
Colaboração
Baltazar Molina, Elísio Vaz Gala, Margarida Ferra, Marta Guerreiro, Mia Gourvitch, Raquel Feliciano, Renata Fontanillas, Sara Campino, Sara Domingos, Xavier Ovídio, Yasir Daud.
Um agradecimento especial a Mussa Fuad (Fundação Islâmica de Palmela), Omid Bahrami e professor Andrew Peacock (Universidade St. Andrew’s).
O processo participativo
O Poder da Palavra é um projeto de curadoria participativa que convida os participantes a investigarem a coleção do Médio Oriente em conjunto com as equipas de curadoria e de mediação do Museu e investigadores convidados.
A exposição Sabedoria Divina: O Caminho dos Sufis dá continuidade às edições anteriores deste projeto, que foram dedicadas a Peregrinação (2019), Fábulas (2020) e Mulheres (2021).
Esta quarta edição teve como ponto de partida a interrogação sobre a dimensão espiritual da arte, assim como da poesia sufi. Assim, o grupo de trabalho foi desafiado a considerar e debater a ligação entre peças de arte e motivos recorrentes no Sufismo.
A exposição que resultou deste processo colaborativo propõe uma leitura das obras selecionadas, a partir de palavras-chave do próprio Sufismo, assim como de ideias e imagens da espiritualidade universal.
Nas oficinas presenciais, houve momentos de reflexão e criatividade, leram-se poemas, saboreou-se a meditação sufi (dhikr) ao som do tambor douf, e partilharam-se sugestões para reforçar o conceito de curadoria como caminho.
O perfil dos participantes era diverso, com experiências e interesses variados. O grupo contou com pessoas das áreas das artes plásticas, da educação, investigação académica, literatura, música e práticas museológicas. Algumas são muçulmanas, praticantes sufis, outras curiosas em saber mais sobre o Sufismo e a curadoria participativa. Todas elas empenhadas com entusiasmo para enriquecer, transformar e desafiar a vida e própria função cultural do Museu.