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Resiliência, autonomia e imaginação

Mesa-redonda no âmbito da exposição Tamás Kaszás. Alegria e Sobrevivência.

O projeto expositivo Joy of Surviving, que em português traduzimos por Alegria e Sobrevivência, sublinhando e ampliando a relação poética e comutativa entre estas duas palavras-conceitos, é a primeira exposição individual de Tamás Kaszás (1976, Dunaújváros, Hungria) em Portugal. Para esta exposição, Tamás Kaszás reúne um conjunto de trabalhos individuais e colaborativos que, partindo de um cenário iminente de colapso ecológico e económico, dão corpo à criação de uma ficção sobre um futuro alternativo – que é simultaneamente um «manual de sobrevivência» para o presente -, construído a partir dos valores da imaginação, da cooperação, do coletivo, da autossuficiência, e da recuperação e reinterpretação de uma ciência popular ancestral. Estar preparado para um futuro colapso, ou para o futuro depois do colapso, significa também ser já mais autónomo no presente em relação às estruturas reguladoras do Estado e da economia.

A presente mesa-redonda procura criar um outro espaço de reflexão sobre estas questões reunindo à volta da mesma mesa projetos de intervenção e outras contribuições teóricas no âmbito das utopias «realizáveis», da agricultura urbana, da permacultura e da ética ambiental

Oradores: António Alvarenga (economista e ensaísta), Maria José Varandas (Sociedade de Ética Ambiental), Adriana Freire (Projeto «Muita Fruta») e Graça Ribeiro (Associação Colher para Semear).

 

António Alvarenga
Alva R&C

É doutorado em Ciências da Gestão (Lyon 3), licenciado em Economia (FEP, Porto), mestre em Estudos Económicos Europeus (Colégio da Europa – Bruges) e pós-graduado em Estratégia (ISCSP). Trabalha  nas áreas da inovação, planeamento por cenários, prospetiva e estratégia, tendo atuado em diferentes contextos com responsabilidades distintas. É fundador e diretor executivo da ALVA Research and Consulting e professor associado convidado no IST e no ISEG (Universidade de Lisboa). Integra, como investigador, o Centro de Estudos de Gestão do IST, sendo ainda investigador associado do Instituto de História Contemporânea (FCSH – Universidade Nova de Lisboa).

Tem várias publicações, intervenções regulares na imprensa e participações em conferências e projetos nacionais e internacionais. Parece que trabalha muito sobre o futuro mas, na verdade, trabalha sobre o presente, sobre a forma como a experiência e as expetativas se materializam em decisões e sobre a interação entre «nós» e o «nosso contexto».

 

Maria José Varandas
Sociedade de Ética Ambiental

Maria José Varandas é doutorada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, na área de especialização de Filosofia da Natureza e do Ambiente, e é membro do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. É sócia-fundadora da Sociedade de Ética Ambiental (2000), que presidiu entre 2010 a 2016, sendo atualmente membro da direção. Participa e organiza colóquios e seminários no âmbito da filosofia da natureza e de ambiente, e publicou livros e artigos sobre a temática ambiental.

A Sociedade de Ética Ambiental é uma sociedade pluridisciplinar que reflete sobre os valores que orientam ou devem orientar a nossa relação com a natureza. Fundada em 2001, assume como propósito contribuir para a promoção de uma consciência ambiental e uma literacia ecológica, mediante a publicação de obras na área das éticas e políticas ambientais, bem como através de ações de formação, palestras, parcerias com outras organizações ambientais, câmaras municipais e instituições de ensino.

 

Adriana Freire
Projeto «Muita Fruta»

«A cidade contém em si um pomar, constituído por inúmeras árvores de fruto, privadas e públicas, que o projeto MUITA FRUTA vai mapear, recuperar e cuidar, atribuindo-lhes valor enquanto património ambiental, cultural, social e económico.

Missão: cuidar das árvores da cidade; colher e distribuir os frutos por quem precisa; combater o desperdício; desenvolver a economia local; promover a educação ambiental; colocar Lisboa no mapa-mundo da fruta.»

 

Graça Ribeiro
Associação Colher para Semear – Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais

«Porquê preservar variedades tradicionais? A perda da biodiversidade agrícola, em todo o mundo, é da ordem dos 75%, segundo estudo da FAO em 1984. A situação portuguesa contribui certamente para este panorama, tendo em conta o número de variedades desaparecidas nas últimas décadas das nossas hortas e pomares. (…) As variedades que empreenderam uma viagem ao longo de inúmeras gerações para chegarem até nós foram cuidadosamente criadas e acompanhadas, muitas vezes com grandes sacrifícios, pelos nossos antepassados. São a nossa herança mais preciosa, elas são a vida em forma de semente, são o nosso passado sem o qual não existiria vida em nós. Cabe-nos portanto dar continuidade a essa herança que nos foi tão generosamente cedida, semeando estas variedades, dando-lhes vida e utilidade, podendo assim ser vistos com orgulho por aqueles que nos antecederam, e também pelas gerações vindouras.»

 

 

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