XX Bienal de São Paulo. Representação Portuguesa

Bienal Internacional de São Paulo

Exposição coletiva, integrada na 20.ª Bienal Internacional de São Paulo e comissariada por José Sommer Ribeiro. A mostra contou com trabalhos de pintura dos artistas Joaquim Rodrigo e Álvaro Lapa e com um conjunto de três esculturas de Manuel Rosa, todas reunidas no mesmo espaço, mostrando-se assim o trabalho de três artistas de gerações distintas.
Collective exhibition included in the 20th São Paulo International Biennial and curated by José Sommer Ribeiro. The show featured paintings by artists Joaquim Rodrigo and Álvaro Lapa and a set of three sculptures by Manuel Rosa, displayed together in order to showcase the work of three artists from different generations.

A Representação Portuguesa à 20.ª Bienal Internacional de São Paulo era composta, segundo as palavras de José Sommer Ribeiro, comissário da mostra, por «dois pintores e um escultor, de gerações bem diferenciadas» (Representação Portuguesa à 20.ª Bienal Internacional de São Paulo, 1989).

Joaquim Rodrigo (1912-1997) já tinha representado Portugal em São Paulo. Em 1957, fora selecionado por José-Augusto França, juntamente com outros oito pintores (Fernando Azevedo, Calos Botelho, José Júlio, Fernando Lanhas, Marcelino Vespeira, João Hogan, Júlio Resende e Nikias Skapinakis), que segundo o historiador e crítico português compunham a «terceira geração» de «modernos portugueses» (IV Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Catálogo Geral, 1957, p. 351).

Por essa altura, Joaquim Rodrigo desenvolvia experiências de abstracionismo geométrico. Já as obras escolhidas por Sommer Ribeiro, datadas todas elas da década de 1980, eram representativas de uma nova direção, que o artista vinha seguindo desde a década de 1960, quando começara a usar elementos figurativos, com contornos bem definidos, dispersos pela tela, para construir pequenas narrativas. Com uma paleta cromática homogénea, composta por castanhos, ocres, cremes e preto, e partindo de um esquema de signos visuais, estes trabalhos revelam uma outra característica comum: todos eles estão relacionados com viagens, com recordações do seu contacto com territórios mais ou menos familiares.

No caso de Álvaro Lapa (1939-2006), as obras selecionadas pelo próprio artista remontavam ao início da década de 1970, entendendo-se até 1989. A esta representação, Lapa dera o título de O Escritor Falhado, que recuperara da exposição de 1972, As Profecias de Abdul Varetti, Cortinas de Ferro e Outros Objectos, Memórias de um Escritor Falhado, na Galeria Buchholz. Entre as pinturas expostas encontrava-se uma «cortina de ferro», intitulada Profecia de Abdul Varetti, com o seguinte aforismo profético bordado: «A linguagem afastar-se-á do consenso, e exprimirá o desejo e a imaginação.» Este parece ter sido o mote para a seleção apresentada, pejada de referências literárias, onde a palavra entra na imagem, composta por formas simplificadas, e ambas se contaminam reciprocamente, suscitando múltiplos significados. De pintura para pintura, o seu verdadeiro significado ia-se tornando cada vez mais inacessível. A linguagem pessoal do artista era só inteiramente compreendida por ele, servindo apenas o próprio. Esta incomunicação contínua, persistente, manifestava a autopermissão de falhar, explicando o título escolhido pelo artista-escritor falhado.

O outro artista selecionado por Sommer Ribeiro foi Manuel Rosa (1953), representado com três esculturas recentes (1986-1988), em calcário, expostas diretamente no chão. O retorno ao elemento figurativo, no caso da produção escultórica deste artista, está associado a formas que lembram objetos arqueológicos ou arquiteturas do passado: um barco fraturado, um iglu inutilizado e um forno em calcário de formato idêntico aos tradicionais fornos de barro. Fora do tempo e do espaço, esculpidas em calcário, estas peças têm outra particularidade que as afasta do real: a escala. Enquanto o forno assume uma escala muito superior à do artefacto comum, o barco e o iglu são transferidos para uma escala menor. A dupla inutilidade prática de que são investidos, pela escala e pelas características formais ou materiais que adquirem, remete para a condição de obra de arte, que os habilita a existir para lá do tempo e do espaço.

Segundo a planta esquemática apresentada no catálogo, as obras destes três artistas partilhavam o mesmo espaço.

No âmbito das Salas Especiais Internacionais, secção de caráter histórico implementada na edição de 1989, foi ainda apresentada uma seleção significativa de obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

Conversa (quadro geral e exemplo)

Álvaro Lapa (1939-2006)

Conversa (quadro geral e exemplo), 1980 / Inv. 16P1824

S/ Título (Barco Partido)

Manuel Rosa (1953-)

S/ Título (Barco Partido), 1987 / Inv. 89E468


Publicações


Documentação


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00173

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém regulamento da Bienal Internacional de São Paulo, lista de obras, fichas de participação de Manuel Rosa, Joaquim Rodrigo e Álvaro Lapa, registos fotográficos das obras de Manuel Rosa, correspondência, textos para o catálogo geral, pedidos de empréstimo, texto para o catálogo da exposição de Vieira da Silva, convites e recortes de imprensa. 1988 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM-S005/01/01-P0074

Coleção fotográfica, p.b.: aspetos (São Paulo) 1989


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