Esta exposição, inaugurada a 3 de janeiro de 1984, visou mostrar ao público a obra do escritor e dramaturgo português António José da Silva, «O Judeu» (1705-1739), através de bonecos/marionetas que recriavam personagens das suas comédias, a que o próprio autor dava o nome de «óperas joco-sérias».

Helena Vaz e José Alberto Gil fundaram, em 1973, a Companhia de Ópera Buffa, transformada, posteriormente, no projeto Marionetas de S. Lourenço e o Diabo, que tinha como objetivo estudar, interpretar e reconstituir as características da ópera cómica do século XVIII. Este projeto surgiu na sequência de um estudo dedicado ao teatro de marionetas que Helena Vaz levou a cabo entre 1976 e 1977, na qualidade de bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian.

Na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna (CAM) foram expostas 39 marionetas e outros objetos relacionados com a encenação de sete peças de teatro daquele autor português, em atividade no início do século XVIII.

Para que o público melhor compreendesse as marionetas e as suas histórias, foram programadas visitas guiadas à exposição, cantadas e encenadas, realizadas por um «cicerone», Fernando Serafim, trajado à época e acompanhado por um agrupamento de música de câmara. Desta forma, o cicerone-cantor fazia as suas intervenções no espaço expositivo do CAM.

Estas exposições-espetáculo consistiam, assim, na atuação e, simultaneamente, na apresentação das marionetas pelo cantor Fernando Serafim. O agrupamento de câmara que o acompanhava era constituído por Fernanda Nunes (cantora), Artur Moreira (clarinete) Carlos Passos (violino), Leonardo de Barros (violoncelo), Nelson Rocha (trompete) e José Alberto Gil (percussão).

Maria Madalena Perdigão, do Serviço de Música, fez parte da conceção deste projeto, cuja montagem – uma vez que à data ainda não havia sido criado o Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte (ACARTE) – ficou a cargo da equipa do Serviço de Exposições e Museografia, orientada pontualmente pelo carpinteiro construtor das marionetas da companhia.

Apesar do encerramento previsto para o fim de janeiro, a exposição-espetáculo seria prolongada até ao dia 12 de fevereiro de 1984, devido ao interesse manifestado pelo público.

Ana Lúcia Luz, 2017