Exposição de pintura francesa contemporânea, organizada pela Association Française d’Action Artistique e pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, com a colaboração da Fundação Calouste Gulbenkian e o apoio da Embaixada de França em Portugal, no âmbito do intercâmbio cultural entre França e Portugal.

A mostra, comissariada pela então redatora-chefe da revista Art Press, Catherine Millet, compreendeu um pequeno conjunto de obras de cinco artistas franceses com trabalho reconhecido internacionalmente: Christian Bonnefoi (1948), Daniel Buren (1938), François Rouan (1943), Jean-Pierre Bertrand (1937-2016) e Martin Barré (1924-1993).

Como foi sugerido pelo crítico de arte Alexandre Pomar, mais que uma tentativa de traçar um panorama da atualidade francesa, esta mostra apresentava-se como «um conjunto de cinco mostras individuais» com afinidades com «algumas posições teóricas herdeiras do support-surface» (Pomar, Expresso, 28 fev. 1987).

Na sua introdução do catálogo da exposição, Catherine Millet refere igualmente a singularidade dos percursos individuais destes artistas e a forma «improvável» como acabaram por se associar nesta exposição, dadas as diferenças geracionais e as divergências estéticas e teóricas que os caracteriza. Neste sentido, a comissária assumia que esta seleção não visava estabelecer um «elo» que unisse estes percursos distintos, mas dar uma visão abrangente, estimulando o questionamento por via da contradição (Hors Tendances, 1987, p. 9).

O posicionamento crítico da proposta da comissária vai ao encontro da problematização que as obras e as pesquisas dos artistas enformam, como é sugerido no final da introdução do catálogo: «Todos os objectos reunidos nesta exposição são fruto de exigentes pesquisas e têm uma forte presença. Ao mesmo tempo, estes objectos dizem que não são nada, nada mais que a via de acesso a um pensamento e que esse pensamento finalmente os varrerá. No nosso mundo artístico, onde o mínimo gesto é imediatamente consignado, o mais tímido esboço de um estilo transformado em sigla, o mais pequeno embrião de obra encaixada no relicário do museu, tal funcionamento é prova de uma grande soberania de espírito.» (Ibid., p. 13)

A título complementar, realizou-se uma mesa-redonda, que contou com a participação da comissária e de alguns dos artistas representados, dedicada à compreensão da arte contemporânea em França e à contextualização reflexiva das obras reunidas na exposição.

Filipa Coimbra, 2018