O texto de apresentação da exposição, escrito por José Sommer Ribeiro, começa da seguinte forma: «Afinal as jóias não se fazem apenas de metais nobres ou de pedras preciosas ou semi-preciosas, Ana Fernandes dá-nos uma lição de saber ver.» (Ana Fernandes. Jóias, 1987, p. 3)

Ana Fernandes (1945) apresentou na Galeria de Exposições Temporárias da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian (piso 01) um conjunto de peças nas quais reutiliza objetos aparentemente inúteis: botões velhos, pedaços de metal ou de baquelite.

Definida convencionalmente como objeto de adorno, valioso pelas matérias utilizadas e pela arte com que estas foram trabalhadas, a joia ganha nesta mostra um outro sentido. Neste caso, não é o material e/ou virtuosismo do ourives ou joalheiro que lhe confere valor, mas o modo como a artista recupera aqueles pequenos objetos insignificantes, os usa e combina de forma a criar microesculturas.

Mariana Roquette Teixeira, 2017