Clementina Duarte. 25 Anos de Jóia Moderna Brasileira

Exposição retrospetiva da arquiteta brasileira Clementina Duarte (1941), organizada em torno da comemoração dos seus 25 anos de criação de joias, a convite do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian. A artista fez uma visita guiada à exposição, no âmbito do I Simpósio Internacional da Jóia, iniciativa conjunta do Museu Nacional do Traje e do British Council.
Retrospective of Brazilian architect Clementina Duarte (1941), commemorating 25 years of Duarte's working with jewellery, on the invitation of the Modern Art Centre of the Calouste Gulbenkian Foundation. The artist herself conducted a guided tour of the exhibition as part of the First International Jewellery Symposium, a joint initiative of the Museu Nacional do Traje (the Portuguese Costume Museum) and the British Council.

A exposição «Clementina Duarte. 25 Anos de Jóia Moderna Brasileira», inaugurada a 10 de outubro 1990 na Sala de Exposições Temporárias do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, foi concebida pelo arquiteto Carlos Augusto Lira, escolhido pela artista por ser um profundo conhecedor da sua obra.

Inicialmente pensada para encerrar a 4 de novembro, a exposição foi prolongada até dia 25, devido à realização do I Simpósio Internacional da Jóia, iniciativa conjunta do Museu Nacional do Traje e do British Council, que teve lugar em Lisboa entre 14 de novembro e 10 de dezembro de 1990. Foi ainda no âmbito do simpósio que Clementina Duarte realizou uma visita guiada à exposição, a 21 de novembro de 1990.

A importância do trabalho de Clementina Duarte reside no registo da natureza brasileira, mais precisamente do Nordeste, através da joalharia. O trabalho que a artista passou a desenvolver partiu de um momento em que esta tomou consciência do ouro enquanto matéria eterna, que resiste ao passar do tempo, em oposição ao mundo natural. Foi este trabalho que levou Madeleine Gobeil, chefe de Criação Artística do Setor de Cultura da UNESCO, a sugerir à Fundação Calouste Gulbenkian a realização de uma mostra de joias, convidando a artista brasileira a expor em Lisboa.

A exposição foi apresentada em vários núcleos, dividindo a obra de Clementina Duarte de modo cronológico e em referência a várias fases da sua vida. Assim, os trabalhos inseriam-se em períodos intitulados: «De Cardin à Bienal», «Design moderno», «Influência do Barroco» e «A força da natureza tropical».

«De Cardin à Bienal» marcava o início do percurso da exposição, apresentando os primeiros trabalhos desenvolvidos por Clementina Duarte até à sua mostra no Centro Domus, em Milão, em 1972. Feitas a partir de chapas recortadas e sobrepostas, estas peças distinguiam-se pelo seu caráter artesanal (Botelho, Diário de Notícias, 29 out. 1990).

A fase seguinte da exposição, «Design moderno», apresentava o período de trabalho caracterizado pela preocupação em realizar peças de joalharia que acompanhassem o quotidiano «da mulher moderna, no trabalho e no lazer» e que se definissem como algo «confortável, prático, de linhas simples, com elegância», adaptável à personalidade de quem usasse «a jóia moderna do quotidiano» (Ibid.). Estas peças procuravam responder às necessidades de qualquer fisionomia e faixa etária, sendo realizadas em materiais diversos.

No núcleo «Influência do Barroco», podiam apreciar-se trabalhos que refletiam a herança da arquitetura portuguesa e árabe, em peças de ouro, pérolas, diamantes e esmeraldas brasileiras.

Os trabalhos apresentados em «A força da natureza tropical» foram realizados num período marcado pela preocupação de Clementina Duarte em registar a flora das florestas tropicais brasileiras, com destaque para a série Folhas brasileiras, conjunto de peças em que se sente a influência indígena, nomeadamente na criação da «jóia mole»: «Em vez de tubos rígidos, Clementina cortou-os em pequenos canudinhos, fazendo passar através deles um fio de aço e outro de nylon para os tornar flexíveis.» (Ibid.)

A exposição terminava com o núcleo «Fine jewelry design», última fase criativa de Clementina Duarte, caracterizada pela busca da definição de uma joia brasileira contemporânea, através do uso de materiais típicos da joalharia tradicional brasileira e de uma linguagem arrojada, moderna, pura e clássica (Ibid.).

Esta forte relação entre o trabalho de Clementina Duarte e a identidade brasileira é relevada por José Sommer Ribeiro no texto de apresentação do catálogo, que contém textos de Oscar Niemeyer, Charlotte Perriand, Gilberto Freyre e Casimiro Xavier de Mendonça, além de reproduções de algumas das peças expostas.

Carolina Gouveia Matias, 2018


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

[Clementina Duarte. 25 Anos de Jóia Moderna Brasileira]

21 nov 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala de Exposições Temporárias
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Visita guiada. Clementina Duarte (ao centro)
Visita guiada. Clementina Duarte (à esq.)
José de Azeredo Perdigão (à esq.) e José Sommer Ribeiro (à dir.)
José Sommer Ribeiro (à esq.), Clementina Duarte (ao centro) e José de Azeredo Perdigão (à dir.)

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00202

Pasta com documentação referente à produção a exposição. Contém convites, correspondência interna e externa, orçamentos, recortes de imprensa e material para o catálogo. 1987 – 1992

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/004-D00524

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/004-D00526

Coleção fotográfica, cor: visita Guiada (FCG, Lisboa) 1990


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