Exposição de mais de 100 peças de ourivesaria, pertencentes ao conjunto mais recente de trabalhos de Kukas (1928), inaugurada na Galeria de Exposições Temporária a 1 de julho de 1982.

Esta exposição pôs termo a um período de mais de dez anos em que Kukas não expôs individualmente em Portugal (desde a exposição de 1981, realizada na Galeria 111, em Lisboa), embora tivesse participado em exposições coletivas no Brasil (na Bienal de São Paulo), em Paris e nos Estados Unidos.

Da documentação relativa à produção da exposição, destaca-se o apontamento assinado por José Sommer Ribeiro, a 3 de junho de 1982, justificando a pertinência da exposição de Kukas com o facto de na Fundação Calouste Gulbenkian apenas se ter realizado uma exposição de joias de Gilbert Albert. Seria, pois, altura de «se satisfazer o pedido já apresentado pela artista há mais de dois anos e que consiste na realização de uma pequena exposição num dos módulos das Galerias do Piso 01» (Apontamento do Serviço de Exposições e Museografia, 4 jun. 1982, Arquivos Gulbenkian, SEM 00253). Neste documento, é também estimado o orçamento total da exposição em «340.000$00», total que incluía montagem e edição do convite, catálogo e cartaz.

A exposição compreendeu 103 peças, integradas nas categorias Anéis, Brincos, Botões de Punho, Broches, Caixas, Colares, Pendurezas, Pulseiras, Facas para Papel e Jarras, combinando metais preciosos e não-preciosos com pedras preciosas e semipreciosas: ouro, prata, cristal de rocha, pirite, turmalina, pedras da lua, madeira, tartaruga, etc.

A exposição foi divulgada na imprensa nacional, existindo vários artigos que elogiam o trabalho de Kukas, como o de Fernando de Azevedo para a Colóquio/Artes, que realça a atualidade e criatividade, assim como a mistura inovadora de materiais usados pela artista. Os artigos analisados não fazem quaisquer referências à montagem da exposição, nem indicam presenças importantes na sua inauguração.

O artigo no jornal O Setubalense refere-se à exposição como uma «maravilhosa exposição, que constitui uma panorâmica rara de arte, sensibilidade e beleza» («As jóias da Kukas têm uma auréola…», O Setubalense, 29 dez. 1982).

Numa entrevista dada por Kukas ao jornal O Dia, a artista explica o hiato de dez anos em que não realizou exposições com condicionalismos de ordem material e com a natureza dos materiais que explora nas suas peças, falando igualmente sobre o seu ritmo de trabalho e sobre as suas influências, referindo os nomes de Braque, Dalí e Arp, e distanciando-se da ourivesaria tradicional portuguesa.

Carolina Gouveia Matias, 2017