O Peso do Paraíso. Rui Chafes

Primeira exposição individual antológica do artista Rui Chafes (1966), com curadoria de Isabel Carlos. A mostra abrangeu vinte anos da produção do artista, com obras produzidas entre 1989 e 2014, apresentadas de forma não cronológica. Foram expostos trabalhos em escultura, em ferro pintado, que ocuparam espaços interiores e exteriores.
First solo retrospective exhibition on artist Rui Chafes (1966), curated by Isabel Carlos. The indoor and outdoor show covered 25 years of the artist’s career, featuring painted iron sculptures produced between 1989 and 2014 in a non-chronological display.

Em fevereiro de 2014, por iniciativa do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, foi organizada a primeira exposição antológica do artista Rui Chafes (1966), intitulada «O Peso do Paraíso». Isabel Carlos, à época diretora do CAM, assegurou a curadoria da exposição.

Rui Chafes formou-se em escultura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Segundo o crítico Pedro Faro, os seus primeiros trabalhos «definem um período inicial marcado pela criação de instalações nas quais usava materiais variados, como troncos, canas, fitas de platex, ripas de madeira e plástico, que viria a abandonar a favor do uso exclusivo do ferro pintado de preto, convocando, assim, para o seu trabalho a experiência física da sua configuração, alquímica e industrial» (Faro, «Rui Chafes», mai. 2010).

Sendo um dos artistas mais importantes e reconhecidos da sua geração, Rui Chafes é também uma notável figura do movimento de retorno à escultura que se verificou em finais do século XX. Como escreve Isabel Carlos: «A pesquisa da escultura em ferro empreendida por Chafes aborda questões como o “sonho”, a “morte”, a “dor”, criando um universo físico poderoso que exige um contacto direto com o espectador.» (O Peso do Paraíso [Folheto], 2014, p. 2)

A curadora identifica o minimalismo e a arte conceptual como influências estruturantes na escultura de Chafes, embora trabalhadas «de um modo tão próprio, único, singular e absolutamente autoral [que] nenhuma escultura de Chafes lembra mais nada do que uma escultura de Chafes» (Ibid., p. 4).

A exposição visou abranger vinte anos de produção do artista, com obras produzidas entre 1989 e 2014. Não foi, todavia, organizada de forma cronológica, mas sim inteiramente relacionada «com os trajetos do olhar que o espectador poderá realizar». Nas palavras do artista, proferidas no documentário Viagem aos confins de um sítio onde nunca estive (2014), de João Mário Grilo, a exposição tentou «criar uma sequência de visão que simultaneamente e obrigatoriamente é uma sequência de percurso, porque a escultura é sempre uma relação com o espaço, seja ele arquitetónico ou natural, e o corpo» (Viagem aos confins… [Documentário], 2014).

Mais de uma centena de obras habitaram a Nave do CAM e as salas adjacentes, Sala A e Sala B, bem como o Jardim, onde as dez obras ali expostas se escondiam entre arbustos ou provocavam encontros inesperados com o visitante. Das obras que integraram a exposição, 13 pertencem à coleção do Centro de Arte Moderna.

O percurso expositivo iniciava-se na zona de entrada, no Hall, com uma série de blocos de ferro de alturas distintas mas de configuração idêntica. A instalação intitulava-se Lições de Trevas (2006), e esta foi a primeira vez que a obra foi mostrada integralmente em Portugal.

Conceitos como a luz, o corpo, o misterioso e o mundo botânico são outras referências importantes para Chafes, «não só enquanto representação, mas também literalmente», como afirma a curadora (O Peso do Paraíso [Folheto], 2014, p. 2). É, portanto, relevante notar a importância que o Jardim da Fundação assumiu nesta antológica, não só pelo número de peças nele instaladas, mas também pelas que, situadas no interior, entravam em diálogo com o exterior. Exemplo disso é a instalação A História da Minha Alma (2004), composta por 17 esculturas em ferro que se «dirigiam» em fila indiana para o Jardim, atravessando o vidro da galeria.

Nas palavras da curadora, a escolha dos trabalhos apresentados pretendeu configurar «um universo de ferro negro em que o peso e a leveza, o chão e o teto, o alto e o baixo, o duro e o mole, o interior e o exterior, o cheio e o vazio, a suspensão e a queda coabitam. Paradoxos que levam a uma vasta produção de esculturas densas e pesadas mas quase sempre com uma aparência frágil e leve, uma gravidade atmosférica, uma queda para cima» (O Peso do Paraíso [Folheto], 2014, p. 2).

A par das esculturas, foram integrados na exposição desenhos do artista, que testemunham a proximidade de Rui Chafes com a escrita e a tradução – recorde-se nomeadamente Fragmentos de Novalis, que Chafes traduziu, juntando desenhos seus, ou os livros que publicou «em que as referências ao romantismo alemão e à estética do sublime são assumidas como ideário» (Ibid. p. 4).

A mostra incluiu ainda duas obras de Rui Chafes realizadas em colaboração: uma com a artista irlandesa Orla Barry (1969) e outra com o cineasta Pedro Costa (1958). Segundo Isabel Carlos, «a questão da colaboração com outros criadores […] demonstra bem que quanto mais consistente é o universo artístico e autoral mais facilmente e interessante é o encontro e colaboração com outros universos, porque não se anulam e criam um verdadeiro diálogo e entrosão, uma espécie de casamento perfeito onde a dualidade existe sem se anularem as identidades próprias, corpos solidamente diferentes mas unidos» (Ibid., p. 2).

A exposição «O Peso do Paraíso» foi o pretexto para a realização do já referido documentário de João Mário Grilo Viagem aos confins de um sítio onde nunca estive. Narrado por Rui Chafes, o filme documenta imagens da exposição no CAM, das obras apresentadas e visitas ao ateliê do artista. Trata-se de um documento importante para a análise da exposição e respetiva montagem, e para a compreensão do processo criativo de Chafes.

Com realização de João Trabulo, Durante o Fim (2003) é também um documentário que percorre o universo artístico e interior de Rui Chafes. Ambos os documentários integraram o programa de atividades paralelas associadas à exposição, que decorreu no dia 6 de maio, com a presença dos dois realizadores.

Os eventos paralelos incluíram visitas guiadas à exposição, orientadas por Cristina Campos e Susana Anágua e inseridas no programa «Domingos com Arte». Cristina Campos assegurou também duas visitas integradas no ciclo «Uma Obra de Arte à Hora do Almoço». Por sua vez, Ana João Romana orientou uma visita-demonstração organizada no circuito do Dia Internacional dos Museus. Associado ao programa Descobrir da Fundação Calouste Gulbenkian, Miguel Horta realizou uma performance intitulada Eisen, em torno da obra de Chafes. Isabel Carlos e Rui Chafes participaram numa conversa organizada em torno da exposição.

Publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian, o caderno de exposição foi editado em versão bilingue (português/inglês) e inclui um pequeno ensaio de Isabel Carlos, a reprodução de algumas das peças expostas e a ficha técnica da exposição. Na contracapa uma planta de localização mostra a sinalização das obras que estiveram dispostas no exterior.

De acordo com o separador «Apreciação Global» do relatório final da mostra, a exposição registou «elevada adesão de público e um grande sucesso crítico. Refira-se ainda a dimensão educativa e de mediação de públicos que registou uma assinalável adesão» (Relatório final de exposição temporária, 2014, p. 4, Arquivos Gulbenkian, CAM 00688).

Na imprensa, a receção foi positiva. A título exemplificativo, destacamos as impressões de Bárbara Valentina para a Arte Capital: «[…] há peças de diferentes escalas, curvilíneas ou pontiagudas que saem das paredes para nos abraçar ou para nos cutucarem. Apetece sempre chegar mais perto e tocar. Não é comum que peças feitas de um material frio e rígido como o ferro suscitem a vontade do toque, mas estas dão. Talvez porque são moldadas com calor extremo e essa memória esteja impregnada nas obras. Porque Chafes molda o ferro como se fosse papel. Como um corpo que fosse moldado com tempo e carinho. São peças que dialogam com o nosso corpo. Sempre. Obrigam o corpo a relacionar-se com elas, a reagir, a afastar-se, rodear, espreitar. São elas próprias corpos. É a presença do divino.» (Valentina, Arte Capital, fev. 2014)

Joana Brito, 2019

In February 2014 the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre (CAM) organised the first ever retrospective of the artist Rui Chafes (1966), entitled “O Peso do Paraíso” (The Weight of Paradise). Isabel Carlos, director of the CAM at the time, curated the exhibition.

Rui Chafes studied sculpture at the Escola Superior de Belas-Artes in Lisbon. According to critic Pedro Faro, his early works “mark an initial period characterised by installations created using a wide range of materials, such as tree trunks, canes, adhesive tape, wooden and plastic slats, which he would later abandon in favour of iron painted in black, harnessing the physical experience its alchemic and industrial presence creates in his work” (Faro, “Rui Chafes, May 2010).

One of the most significant and recognised artists of his generation, Rui Chafes is also a key figure in the late 20th century return-to-sculpture movement. As Isabel Carlos writes: “Chafes’ explorations in iron sculpture examine phenomena such as “dreams”, “death” and “pain”, creating a powerful physical world that demands direct contact with the viewer” (O Peso do Paraíso [Leaflet], 2014, p. 2)

The curator identifies minimalism and conceptual art as defining influences on the sculpture of Chafes, though they are explored “in such a personal, unique, singular and utterly individual way [that] a Chafes sculpture never resembles anything other than a Chafes sculpture” (Ibid., p. 4).

The exhibition spanned twenty years of artistic creation, featuring work produced between 1989 and 2014. However, it was not organised chronologically, instead being structured entirely around “the movement of the viewer’s gaze”. As the artist himself explains in documentary Viagem aos confins de um sítio onde nunca estive (2014), by João Mário Grilo, the exhibition attempted to “create a visual sequence that is, simultaneously and necessarily, a sequence of movement, because sculpture is always about a relationship with space, whether architectural or natural, and with the body” (Viagem aos confins… [Documentary], 2014).

Over a hundred pieces occupied the Main Hall of the CAM and the adjacent rooms, Room A and Room B, as well as the Garden, where the ten pieces exhibited were nestled among the shrubs or provoked unexpected encounters with the visitor. Of the works featured in the exhibition, 13 belong to the Modern Art Centre collection.

The exhibition began in the building’s Entrance Hall, with a series of iron blocks varying in height but spaced evenly. This was the first time this installation, entitled Lições de Trevas (2006), had been shown in its entirety in Portugal).

Concepts such as light, the body, mystery and the botanical world are other key reference points for Chafes, “not only as representations, but also literally”, as the curator explains (O Peso do Paraíso [Leaflet], 2014, p. 2). The role played by the Foundation’s Garden in this retrospective is, therefore, worthy of note, not only for the numerous pieces situated there, but also for the dialogue that certain pieces exhibited indoors established with the outdoor space. One example of this is the installation A História da Minha Alma (2004), consisting of 17 iron sculptures that “led” in a line into the Garden, crossing the windows of the gallery.

In the words of the curator, the choice of works aimed to create “a world of black iron in which weight and lightness, floor and ceiling, hard and soft, interior and exterior, empty and full, suspension and falling, exist side by side. These paradoxes lead to a vast body of dense, heavy sculptures that nevertheless always appear fragile and light, suggesting an atmospheric gravity, a falling upwards” (O Peso do Paraíso [Leaflet], 2014, p. 2).

Alongside the sculptures, the exhibition also featured drawings by the artist, which revealed Rui Chafes’ love of writing and translation. Notable examples include Fragmentos de Novalis, which Chafes translated, adding his own drawings and the books he published “in which references to German romanticism and the aesthetic of the sublime are adopted as systems of ideas” (Ibid. p. 4).

The exhibition also includes works Rui Chafes produced collaboratively: one with Irish artist Orla Barry (1969) and another with film director Pedro Costa (1958). According to Isabel Carlos, “collaborations between different artists […] demonstrate clearly that the more coherent and authorial the artistic world, the easier and more interesting its encounters with other worlds, because rather than cancelling each other out, the two worlds intermesh and create a true dialogue, a kind of perfect marriage in which duality exists without cancelling out individual identities, bodies that are solidly different but united” (Ibid., p. 2).

The exhibition “O Peso do Paraíso” (The Weight of Paradise) presented the opportunity for the production of the aforementioned documentary by João Mário Grilo, Viagem aos confins de um sítio onde nunca estive. Narrated by Rui Chafes, the film contains images from the CAM exhibition, the pieces on display and the artist’s studio. It is an important source when analysing the exhibition and its installation or for understanding Chafes’ creative process.

Directed by João Trabulo, Durante o Fim (2003) is another documentary exploring the artistic and inner worlds of Rui Chafes. Both documentaries were screened on 6 May as part of the programme running in parallel with the exhibition, an event attended by both directors.

The programme also included guided exhibition tours led by Cristina Campos and Anágua as part of the “Domingos com Arte” series. Cristina Campos also gave two tours as part of the “Uma Obra de Arte à Hora do Almoço” season. Meanwhile, Ana João Romana led a tour and demonstration organised to coincide with International Museum Day. As part of the Calouste Gulbenkian Foundation’s “Descobrir” programme, Miguel Horta gave a performance entitled Eisen, in response to the work of Chafes. Isabel Carlos and Rui Chafes also participated in a discussion about the exhibition.

The bilingual (Portuguese/English) exhibition guide was published by the Calouste Gulbenkian Foundation and includes a short essay by Isabel Carlos, images of some of the pieces shown and the technical specifications of the exhibition. A map on the back cove shows where the works were located outdoors.

According to the “Global Appreciation” heading of the final exhibition report, the show garnered “great public interest and widespread critical acclaim. We must also mention the educational and public engagement initiatives, which proved remarkably popular” (Final temporary exhibition report, 2014, p. 4, Gulbenkian Archives, CAM 00688).

Press coverage was positive. Take, for instance, the words of Bárbara Valentina in Arte Capital: “[…] there are pieces on different scales, curved and pointed, which emerge from the walls to embrace or prod us. There is a constant urge to approach and touch. It is unusual for pieces made from a cold, rigid material such as iron to invoke this desire to touch, but these do. Perhaps the memory of the extreme heat in which they were forged remains latent in the works. Because Chafes moulds iron as if it were paper, like a figure shaped with time and care. These are pieces that communicate with our bodies. Constantly. They oblige the body to relate to them, to respond, to back away, to circulate, to peek. They themselves are bodies. We are in the presence of the divine” (Valentina, Arte Capital, Feb 2014).


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Coleção Gulbenkian

A Manhã I

Rui Chafes (1966-)

A Manhã I, Inv. 93E302

A Manhã VI

Rui Chafes (1966-)

A Manhã VI, Inv. 93E303

A Manhã VII

Rui Chafes (1966-)

A Manhã VII, Inv. 93E304

Cisne IV  (última carta: morre comigo)

Rui Chafes (1966-)

Cisne IV (última carta: morre comigo), Inv. 95E354

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 13

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 13, Inv. 95DP1636

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 15

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 15, Inv. 95DP1634

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 2

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 2, Inv. 95DP1635

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 21

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 21, Inv. 95DP1631

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 25

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 25, Inv. 95DP1632

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 5

Rui Chafes (1966-)

Desenho da série "Nie Wieder", n.º 5, Inv. 95DP1633

Durante o Sono

Rui Chafes (1966-)

Durante o Sono, Inv. 02E1226

Essa Dócil Mortalidade

Rui Chafes (1966-)

Essa Dócil Mortalidade, Inv. 01E1220

Würzburg Bolton Landing I

Rui Chafes (1966-)

Würzburg Bolton Landing I, Inv. 95E355


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

À Conversa com o Artista e a Curadora. Rui Chafes e Isabel Carlos

fev 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

fev 2014 – mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

mar 2014 – mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

O Peso do Paraíso. Rui Chafes. Visita-Demonstração

mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Exibição audiovisual

[O Peso do Paraíso. Rui Chafes]

6 mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal
Performance

Eisen

10 mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Rui Chafes (ao centro)
Jorge Barreto Xavier (à esq.), Isabel Carlos (ao centro) e Rui Chafes (à dir.)
Manuel Castro Caldas e Teresa Patrício Gouveia
Gonçalo Jardim (ao centro)
Pedro Morais (à dir.)

Multimédia


Documentação


Periódicos


Páginas Web


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00688

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e planta de montagem da exposição e maquetes para convite e folheto da exposição. 2011 – 2014

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 4572

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG, Lisboa) 2014

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 185164

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2014

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 178003

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG, Lisboa) 2014


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