Nadia Kaabi-Linke. Preso por Fios

30.º Aniversário do Centro de Arte Moderna

Exposição individual da artista tunisina Nadia Kaabi-Linke (1978), com curadoria de Isabel Carlos. A mostra integrou diversas tipologias de obras, desde escultura a videoinstalação, e abordou temas como a emigração e a guerra, nomeadamente a inclusão de imagens de guerra na arte e a maneira como estas despertam a reflexão em torno dos conflitos do mundo contemporâneo.
Solo exhibition of work by Tunisian artist Nadia Kaabi-Linke (1978) curated by Isabel Carlos. The show included several types of artworks, from sculpture to video-installation, on topics such as emigration and war. The display broached images of war in art and the way that this imagery can evoke a reflection on the conflicts of the modern world.

Exposição individual da artista tunisina Nadia Kaabi-Linke (1978), organizada pelo Centro de Arte Moderna (CAM) e com curadoria de Isabel Carlos.

Filha de mãe ucraniana e pai tunisino, a artista aborda temas como a emigração e a guerra. A sua obra está representada em diversas coleções públicas e privadas, incluindo a coleção do Museum of Modern Art (MoMA), de Nova Iorque.

A exposição «Preso por Fios» integrou maioritariamente obras de escultura e videoinstalação, recorrendo a signos e a mecanismos que confrontam o público com situações de conflito na sociedade contemporânea. «Atraentes num primeiro olhar, estas obras instalam [...] um lugar de reflexão sobre uma série de "incómodos" do mundo contemporâneo e da realidade atual: do fim das fronteiras dentro da União Europeia à campanha tunisina, do pós-colonialismo ao conflito do Médio Oriente, do holocausto à revolução na Tunísia, ficamos sempre com mais interrogações», conforme escreveu Ana Vidigal num artigo dedicado à exposição (Nadia Kaabi-Linke. Preso por Fios. CAM/Fundação Calouste Gulbenkian, 2014).

No palco escurecido da Sala Polivalente, foi mostrada a escultura Smooth Criminal, feita de uma armadilha para lagostas (apesar do seu aspeto frágil e precioso), cuja malha é tecida em forma de estrela hexagonal, como a de David, remetendo para um tema de violência: o conflito israelo-palestiniano («Respeitamos a ordem do politicamente correcto, até para provar que o cavalheirismo...», Jornal i, 11 dez. 2015).

A obra No (2012) parte das vivências pessoais da artista: uma videoinstalação em dois canais, na qual uma boca interroga sobre pedidos de vistos de emigração, representando uma voz individual e autoritária, em contraste com a resposta em coro, mas impotente, de cidadãos tunisinos dentro de uma igreja anglicana.

Outra das obras expostas foi Sniper (work in progress) (2013)«Aqui está uma impressão de uma parede no centro de Berlim. Os buracos são marcas de balas e a faixa branca feita de papel e cera representa o desconhecimento da história recente da Tunísia […]. Na Revolução de 2010 havia muitos snipers em cima de prédios a disparar sobre civis, mas os sucessivos governos negaram a sua existência», explicou a artista (Ibid.).

Ao lado de Sniper encontrava-se Tunisian Americans (2012), uma composição com 400 pequenos frascos tradicionalmente utilizados para guardar o kohl, um cosmético em pó muito usado nas regiões do Médio Oriente e Norte de África, e que nesta obra de Nadia Kaabi-Linke contêm amostras do solo de 400 sepulturas militares dos Estados Unidos na Tunísia, rotulados com o número de segurança social das vítimas. Os diversos frascos, dispostos em pequenos compartimentos individuais, são exibidos numa estrutura de madeira (uma grade) suspensa na parede da sala de exposição. A obra pretende provocar a reflexão sobre um conjunto de acontecimentos trágicos através de objetos que despertam memórias historicamente desconfortáveis.

O título atribuído à exposição, «Preso por Fios», teve um duplo sentido, de acordo com Isabel Carlos: o primeiro, «presos ao lugar de onde vieram, em termos de memória, e história»; o segundo, «presos ao lugar em que agora vivem porque se têm que adequar a novos sistemas de vida e leis. São estrangeiros, sempre estrangeiros» (Nadia Kaabi-Linke. Preso por Fios, 2014, p. 5).

Por ocasião da mostra, foi publicado um catálogo e um caderno de exposição. O catálogo, editado em português e inglês, conta com um ensaio crítico da curadora e com a reprodução das obras expostas, todas acompanhadas por breves textos elaborados pela artista.

Apesar da pouca atenção que recebeu da comunicação social, a mostra «Nadia Kaabi-Linke. Preso por Fios» recebeu 24 188 visitantes até à data do seu encerramento.

Joana Atalaia, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita(s) guiada(s)

À Conversa com a Artista e a Curadora. Nadia Kaabi-Linke e Isabel Carlos

fev 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Domingos com Arte

fev 2014 – 4 mai 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal
Visita(s) guiada(s)

Uma Obra de Arte à Hora do Almoço

mar 2014
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Nadia Kaabi-Linke (à esq.)
Nadia Kaabi-Linke (à esq.), Teresa Patrício Gouveia (frente), Isabel Carlos (costas) e Jorge Barreto Xavier (à dir.)
Jorge Barreto Xavier (ao centro), Nadia Kaabi-Linke (à dir.)

Multimédia


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00694

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém relatórios de conservação, convite, projeto do caderno de exposição, relatório do balanço final da exposição e planta de implantação das obras na sala de exposição. 2013 – 2014

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 4554

Coleção fotográfica, cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 2014

Arquivo Digital Gulbenkian, Lisboa / ID: 4542

Coleção fotográfica, cor: inauguração (FCG-CAM, Lisboa) 2014


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