VI Aniversário do ACARTE, 1984 – 1990

6.º Aniversário do Serviço ACARTE

Exposição comemorativa do VI Aniversário do Serviço ACARTE (1984-1990). Pretendeu fazer um balanço dos seis anos de atividade deste serviço, com inúmeras e diferentes atividades, e prestar uma homenagem à sua primeira diretora, Maria Madalena de Azeredo Perdigão.
Commemorative exhibition for the 6th anniversary of the ACARTE service (1984-1990) reviewing the six years of the service’s work and paying homage to its first director, Maria Madalena de Azeredo Perdigão.

Inserida no sexto aniversário do ACARTE, esta exposição pretendeu fazer um balanço dos seis anos de atividade deste serviço, por intermédio de um conjunto de iniciativas. A ocasião respondeu também ao propósito de homenagear a primeira diretora do serviço, Maria Madalena de Azeredo Perdigão, então recentemente falecida (em dezembro de 1989).

José Sasportes (segundo diretor do ACARTE) justificava a homenagem do seguinte modo: «Não é do espírito da Fundação ser auto-celebrativa, mas a circunstância permite tal acto. O ACARTE foi um serviço que nasceu mais tarde do que os outros e ao qual está muito ligado o nome da sua fundadora, Madalena Azeredo Perdigão, pelo que era possível a individualização.» («ACARTE homenageou Madalena Perdigão», Diário de Notícia, 8 mai. 1990)

Uma vez que 7 de maio de 1990 era uma segunda-feira (data em que se comemoravam os seis anos de vida do ACARTE), as festividades passaram para dia 6 de maio, um domingo, possibilitando atividades típicas do ACARTE no domínio das artes do espetáculo, que decorreram ao longo de todo o dia (Apontamento de José Sasportes para o presidente da FCG, 31 jan. 1990, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00696). Para celebrar este dia, organizaram-se vários tipos de eventos: uma exposição, discursos, espetáculo de dança e vídeo, teatro e cinema.

Nesta evocação, Ferrer Correia, administrador da FCG, anunciou a criação de um prémio anual, no valor de 500.000$00 (quinhentos mil escudos), com o nome de Madalena Perdigão, primeira diretora do ACARTE que «contribuiu poderosamente para traçar à Fundação Calouste Gulbenkian um perfil já agora inconfundível». O prémio a atribuir no ano seguinte, 1991, iria premiar projetos de «espírito inovador no campo das artes do espetáculo» – teatro, dança e música («ACARTE homenageou Madalena Perdigão», Diário de Notícias, 8 mai. 1990).

O dia da celebração começou com os três oradores propostos no programa: Ferrer Correia, Yvete Centeno e Ricardo Pais. José Ribeiro da Fonte, então diretor do Teatro Nacional de São Carlos, também discursou, apesar de o seu nome não constar do programa prévio (Diário Popular, 8 mai. 1990). Nesta homenagem «foi igualmente sublinhado o facto de o ACARTE substituir o Estado, ao longo destes seis anos, na criação de condições de intervenção teatral», palavras de Ricardo Pais, diretor à época do Teatro D. Maria II, que deixam transparecer um tom de crítica relativamente ao assunto do apoio às artes e em especial ao teatro («Iniciativas artísticas evocam memória de Madalena Perdigão», A Capital, 8 mai. 1990).

Os oradores centraram os seus discursos na importância do ACARTE no panorama cultural nacional e internacional e no papel relevante da sua fundadora (VI Aniversário do ACARTE, 1984-1990 [DVD], 1990, Arquivos Gulbenkian, CDVD 1463), acerca de quem Yvete Centeno (que não esteve presente na FCG) afirmou: «Madalena Perdigão possuía o dom de entender como ninguém a importância da arte, da ciência e da cultura na formação da pessoa humana.» («ACARTE homenageou Madalena Perdigão», Diário de Notícias, 8 mai. 1990)

Por razões de ordem técnica, não foi possível apresentar o espetáculo Syncopation, de Kathy Rose, previsto no programa. Em sua substituição foi apresentado Primitive Movers, com coreografia, animação e interpretação da mesma artista. Também a peça Contrabaixo sofreu alterações. O texto integral foi substituído por uma sequência de cenas da mesma peça.

Quando se pensou na programação inicial do evento, estava previsto apresentar em antestreia o filme de Alberto Seixas Santos, primeiro diretor da Escola de Cinema do Conservatório de Lisboa, fundada por Madalena Perdigão (Apontamento de José Sommer Ribeiro para o presidente da FCG, 10 abr. 1990, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00696). No final, optou-se por exibir o filme de Paulo Rocha O Desejado ou as Montanhas da Lua, de 1987.

Na programação inicial também foi pensado apresentar o grupo de jazz Uptown String Quartet, em vez do espetáculo de Kathy Rose. Esta iniciativa seria abandonada por razões orçamentais (Apontamento de Sommer Ribeiro para o presidente da FCG, 10 abr. 1990, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00696).

Também Constança Capdeville propôs apresentar a peça La Prose du Transsibérien et de la Petit Jeanne de France, de Blaise Cendrars (Carta de Constança Capdeville para José Sasportes, 19 abr. 1990, Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00696).

Quanto ao espetáculo de teatro, Luis Miguel Cintra foi convidado por António Pinto Ribeiro a realizar um monólogo de Beckett. Devido a vários constrangimentos, este também não se viria a realizar (Arquivos Gulbenkian, ACARTE 00696).

Por sua vez, o CAM inaugurou uma exposição que durou sensivelmente um mês. A atividade do ACARTE entre 1984 e 1990 era nela retratada através de fotografias dos diversos espetáculos, cartazes e catálogos: «Lá estão as diferentes formas de arte, como o teatro, a música, a mímica e a dança, numa clara imagem da política artística do ACARTE nestes seis anos de consolidar alicerces.» («Iniciativas artísticas evocam memória de Madalena Perdigão», A Capital, 8 mai. 1990) Esta exposição foi organizada pelo CAM, por iniciativa do seu diretor, José Sommer Ribeiro, com a colaboração do ACARTE e do seu novo diretor, José Sasportes.

No fim, e em jeito de conclusão, na crítica literária podia ler-se: «Seis anos passados pode dizer-se que muitos dos objectivos foram cumpridos mas “resta ainda muito para fazer”.» (Ibid.)

Ana Lúcia Luz, 2019


Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Programa cultural

VI Aniversário do ACARTE. Em memória de Maria Madalena de Azeredo Perdigão

7 mai 1990
Fundação Calouste Gulbenkian / Centro de Arte Moderna – Sala Polivalente
Lisboa, Portugal

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Teatro realizado no âmbito do VI Aniversário do ACARTE

Multimédia


Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM 00206

Programa de atividades do ACARTE entre 1984 e 1990. Duas notas para o presidente (cedência de funcionários e execução de catálogo). 1984 – 1990

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00696

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém correspondência interna e externa, lista de convidados, convite, textos para catálogo, programas, fotografias de aspetos da exposição (cores e p.b.), desdobrável de apresentação do filme de Paulo Rocha (produzido pelo IPC), orçamentos, recortes de imprensa, planta da Sala Polivalente do CAM. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00945

Pasta com recortes de imprensa. 1990 – 1990

Arquivos Gulbenkian (Centro de Arte Moderna), Lisboa / CAM-S005/01/01-P0087

Coleção fotográfica, p.b., cor: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (ACARTE), Lisboa / ACARTE 00696

Coleção fotográfica, p.b.: aspetos (FCG-CAM, Lisboa) 1990

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001/001/02-D00281

Coleção provagráfico, cor: espetáculo de teatro (FCG-CAM, Lisboa) 1990


Exposições Relacionadas

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