Arthur Luiz Piza. Du Collage au Mouvement

Exposição de pintura de Arthur Luiz Piza (1928-2017). Apresentou obras de coleções privadas francesas que depois foram expostas em São Paulo, na exposição retrospetiva do artista. A seleção traduziu-se numa série de relevos feitos a partir de recortes, colagens e trabalho com papel.
Exhibition of paintings by Arthur Luiz Piza (1928-2017), one of Brazilian art’s most prominent figures. The retrospective exhibition, held in São Paulo, featured works from private French collections. The show consisted of a series of works in relief made from cuttings, collages and paper.

Exposição de pintura de um dos mais relevantes artistas brasileiros contemporâneos, Arthur Luiz Piza (1928-2017), organizada pelo Centre Culturel Calouste Gulbenkian. A mostra esteve patente ao público entre 14 de maio e 28 de junho de 2002.

Tal como explicam os críticos franceses Christine Frérot e Michel Nuridsany no grande catálogo que dedicaram à obra do artista brasileiro, consubstanciada pela cronologia rigorosa de Tiago Mesquita, 2002 foi um ano consagrador para a carreira de Arthur Luiz Piza, altura em que foi homenageado com a presente exposição e duas retrospetivas no seu país natal: uma na Pinacoteca de São Paulo e outra no Museu de Arte do Rio Grande do Sul. «Du Collage au Mouvement» apresentou obras de colecionadores franceses, depois apresentadas em São Paulo, antecipando assim esta retrospetiva.

No âmbito da exposição, foi publicado um desdobrável contendo a reprodução de algumas obras do artista e um texto de Paulo Sérgio Duarte, historiador e crítico da arte brasileiro, primeiro diretor-geral do Paço Imperial/IPHAN, onde estiveram patentes as exposições de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Miró, Gaudí, entre outros.

O conjunto exposto foi constituído por uma série de relevos realizados desde a década de 1960, feitos a partir de recortes, colagens e incisões de pedaços de papel sobre tela, e demonstrou as transformações sofridas no trabalho de Piza desde que o artista se radicou em Paris nos anos 50. As cores desenvolvidas são sobretudo ocres, que evocam um mundo primitivo, inerte, do qual brota o gesto do criador.

Os relevos são descritos por Paulo Sérgio Duarte como espaços onde os pequenos elementos surgem à superfície como se tivessem vontade própria, assumindo a forma de triângulos, quadrados, ou de formas irregulares, mas sempre precisos e claros. São elementos que pertencem ao domínio do racional, libertos da simples linguagem visual e de uma compreensão dependente de um contexto cultural.

O conjunto exposto dividia-se em duas vertentes: a dos trabalhos pintados com laca industrial, assumindo tons metálicos, e a dos trabalhos constituídos por pedaços de papel pintados a aguarela; neste caso, assumindo uma vertente mais colorida, sobre superfícies brancas, pretas ou de fibras naturais, sendo assumido o tom da matéria.

Quando, no entanto, a observação das peças de Piza se distancia dos pormenores, o que passa a existir é o movimento provocado pelo conjunto dos pequenos pedaços de papel. Parafraseando Paulo Sérgio Duarte, apesar do aparente caos em que se arrumam os detalhes das obras, estes são guiados por um ritmo, tal como na música, ocupando a superfície com disciplina. Neste sentido, embora separados, os elementos apresentam-se como parte de um módulo que se comporta através de um movimento de repetição e de série, fazendo parte de um léxico visual preciso.

Segundo Paulo Sérgio Duarte, é este movimento de respiração, em superfícies que se assemelham a tapeçarias ou a mosaicos, provocado pelos pequenos elementos em papel, que caracteriza a poética e a obra de Arthur Luiz Piza e que constitui um binómio de forças entre uma grandiosidade latente e a tríade isolamento/memória/conflito, que traz para as telas a biografia do artista, nomeadamente a situação político-social do Brasil, seu país de origem, e de França, seu país adotivo.

A 8 de junho de 2002, o presidente da República Portuguesa Jorge Sampaio visitou a exposição acompanhado pela primeira-dama e pelo artista.

Carolina Gouveia Matias, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Visita oficial

[Arthur Luiz Piza. Du Collage au Mouvement]

8 jun 2002
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Centre Culturel Calouste Gulbenkian
Paris, França

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Fotografias em álbum da visita oficial do presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, e da Primeira-dama, Maria José Ritta

Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05608

Pasta com documentação referente à divulgação de várias exposições do Centre Culturel Calouste Gulbenkian. Contém folhetos, desdobráveis e comunicados de imprensa. 1997 – 2002

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04928

Álbum com coleção fotográfica, cor: inauguração e visita oficial do Presidente da República Portuguesa (CCCG, Paris) 2002


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