Un Éclat Portugais. L'Art de l'Azulejo

Exposição dedicada ao tema do azulejo português, que pretendeu mostrar ao público francês e à comunidade portuguesa em Paris a evolução da técnica do azulejo desde o século XVI até à contemporaneidade, com foco na renovação das estações do Metropolitano de Lisboa.
Exhibition Portuguese azulejo tile art. Focusing on the renovation of the Lisbon metro, the show presented the evolution of the azulejo technique from the 16th century to the contemporary era in a display aimed at the French public and the Portuguese community in Paris.

«Un Éclat Portugais. L'Art de l'Azulejo» marcou a presença, em Paris, de um dos símbolos da cultura portuguesa, o azulejo, numa exposição dedicada à evolução da técnica ao longo dos tempos, do século XVI à contemporaneidade.

A exposição esteve patente no Centre Culturel Calouste Gulbenkian, de 21 de março a 24 de maio de 1996, com o comissariado de João Castel-Branco Pereira, à época diretor do Museu Nacional do Azulejo, que, no âmbito da inauguração, deu uma conferência intitulada «L'Azulejo au Portugal: une vision rétrospective».

O catálogo da exposição tem introdução de Maria de Lourdes Belchior, que associa a presença do azulejo à memória de diversos locais em Portugal, de Lisboa aos Açores, e conclui sobre a sua importância na identificação cultural portuguesa, definindo-o como uma síntese entre o desenho e a pintura, a arte e o artesanato, um reflexo das Descobertas Marítimas e daquilo que os portugueses iam encontrando, da fauna à flora, misturando relato de viagem e ficção. O catálogo apresenta ainda um texto onde é traçado o percurso histórico do azulejo, assinado pelo comissário da exposição, e a reprodução fotográfica de cada conjunto exposto, acompanhada por uma descrição que o insere no seu contexto histórico e iconográfico.

A exposição apresentou este percurso, do século XVI ao final da década de 1980, terminando com a renovação das estações do Metropolitano de Lisboa, cujas decorações foram concebidas por artistas portugueses contemporâneos como Maria Keil (1914-2012), Eduardo Nery (1938-2013) e Manuel Cargaleiro (1927).

Os portugueses descobriram o azulejo por ocasião das expedições ao Norte de África, depois da conquista de Ceuta, em 1415, tendo o rei D. Manuel I trazido este tipo de gosto decorativo após uma viagem ao Alhambra, em Granada.

Documentos de 1503 e 1508 atestam que os melhores azulejos mudéjares fabricados em Sevilha eram fornecidos a Portugal, primeiro para decorar a Catedral de Coimbra e depois para decorar o Palácio de Sintra. Felizmente conservados até aos dias de hoje, ao contrário dos azulejos da Catedral de Coimbra, que sofreram com as políticas de restauro do início do século XX, os conjuntos de azulejos do Palácio de Sintra constituem um dos mais importantes exemplos desta tradição, pela sua variedade de motivos, diferentes tipos de aplicação e paleta de cores. Mais tarde, o período barroco favoreceu o apogeu da técnica do azulejo, renovada após o Terramoto de Lisboa de 1755, com a fundação da Fábrica Real do Rato.

No século XX, o azulejo ganhou uma vertente mais pública, invadindo a arquitetura urbana, ao revestir edifícios como cafés, leitarias, mercados, gares e hotéis, assumindo o duplo papel de suporte narrativo e decoração. A partir de 1995, o desejo de renovação das estações do Metropolitano de Lisboa levou a que várias paredes fossem revestidas de azulejos, como a estação de Sete Rios, decorada na sua totalidade por Júlio Resende, ou a estação de Parque, para a qual foi convidada a artista Françoise Schein.

No intervalo entre passado e presente, independentemente da linguagem de cada período estilístico, a exposição mostrou que a aplicação do azulejo não se alterou. Continuando a ser um elemento decorativo de revestimento de paredes e muros, refletiu um certo horror ao vazio e substituiu, por vezes, a pintura, pela sua maior resistência às condições atmosféricas.

Apesar da importância do percurso histórico e evolutivo do azulejo, a exposição não pretendeu ser apenas uma síntese da história da arte e do azulejo em Portugal através dos seus momentos mais marcantes, visou também convidar o público a melhor conhecer a contemporaneidade de um modo de expressão artística tipicamente portuguesa.

A exposição foi divulgada na imprensa portuguesa, particularmente no JL. Jornal de Letras, Artes e Ideias, que congratula a FCG pela iniciativa e salienta que, apesar da sua pequena dimensão, a mostra é representativa do azulejo português.

Em Paris, a exposição foi divulgada no seio da comunidade portuguesa, como no periódico Presença Portuguesa, onde a Gulbenkian foi aclamada pelo seu papel mecenático junto de outras instituições, nomeadamente pelo apoio à criação do Museu Nacional do Azulejo (Baradez, Presença Portuguesa. A Voz dos Portugueses em França, 19 jun. 1996).

Carolina Gouveia Matias, 2019


Ficha Técnica


Artistas / Participantes


Eventos Paralelos

Conferência / Palestra

L'Azulejo au Portugal. Une Vision Rétrospective

21 mar 1996
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France
Paris, França
Visita(s) guiada(s)

[Un Éclat Portugais. L'Art de l'Azulejo]

21 mar 1996 – 31 mai 1996
Fundação Calouste Gulbenkian / Delegação em França – Fondation Calouste Gulbenkian – Délégation en France
Paris, França

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Álbum com fotografias de aspetos de exposição e da conferência «L'Azulejo au Portugal. Une Vision Rétrospective» proferida por João Castel-Branco Pereira, em 21 de março de 1996

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 05395

Pasta com documentação referente à produção e divulgação de várias exposições organizadas no Centre Culturel Calouste Gulbenkian. 1987 – 1996

Arquivos Gulbenkian (Centre Culturel Portugais de Paris), Lisboa / PRS 04872

Álbum com coleção fotográfica, cor: aspetos e conferência de João Castel-Branco Pereira (CCCG, Paris) 1996


Exposições Relacionadas

Definição de Cookies

Definição de Cookies

Este website usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação, a segurança e o desempenho do website. Podendo também utilizar cookies para partilha de informação em redes sociais e para apresentar mensagens e anúncios publicitários, à medida dos seus interesses, tanto na nossa página como noutras.