J. M. Santos Simões. Azulejaria Portuguesa

Exposição documental e itinerante, organizada pelo Arquivo do Serviço de Belas-Artes. Reunindo um conjunto de objetos como fotografias, cartas, desenhos, periódicos, etc., a mostra resgatou a figura de Santos Simões e o seu papel crucial na valorização da azulejaria portuguesa no panorama artístico nacional e internacional.
Travelling document exhibition organised by the Archive section of the Fine Arts Department. In a varied display including photographs, letters, drawings, newspapers, amongst other items, the show sought to redeem Santos Simões, bringing to light the critical role he played in the promotion of azulejaria (Portuguese traditional tiles) in the art world, nationally as well as internationally.

Exposição documental e itinerante, apresentada por iniciativa do Arquivo de Arte do Serviço de Belas-Artes (SBA) da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), organizada em parceria com o Museu de Arte da Bahia e com o apoio do Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia e do Consulado Geral de Portugal em Salvador da Bahia.

Comissariada pelo coordenador do Arquivo de Arte do SBA, Jorge Rodrigues, a exposição reuniu um conjunto de objetos que resgatam a figura de João Miguel dos Santos Simões, investigador, historiador de arte e mentor do estudo e inventariação da azulejaria no panorama artístico nacional e internacional. Ao invés de dar a ver azulejos, como o título poderia sugerir, a mostra teve caráter documental e retrospetivo, apresentando fotografias, cartas, desenhos, recortes de imprensa, textos e bibliografia, que documentaram as várias fases de trabalho do engenheiro português e deram a conhecer a história da azulejaria portuguesa.

Surgida no ano em que se assinalava o 25.º aniversário da morte de Santos Simões e a reedição da sua obra O Corpus de Azulejaria em Portugal, a exposição contou com um leque de obras emprestadas por várias entidades públicas e privadas – entre elas a família de Santos Simões, o Museu Nacional de Arte Antiga e o Museu Nacional do Azulejo – e ofereceu ao visitante a oportunidade de presenciar alguns «fragmentos» da história de uma das mais importantes artes decorativas nacionais: o azulejo (Wong, Público, 22 jul. 1997, p. 56).

Esteve patente no átrio da Zona de Congressos da Sede da Fundação Calouste Gulbenkian, entre os meses de julho e setembro de 1997, e organizou-se em quatro núcleos, que reuniram exemplares do conjunto da obra de Santos Simões: «Brigada de Estudos de Azulejaria», «Corpus de Azulejaria Portuguesa», «Museu do Azulejo» e «Outros Percursos».

O percurso da visita principiava no núcleo «Brigada de Estudos de Azulejaria», evidenciando a relação de João Miguel dos Santos Simões com a Fundação Calouste Gulbenkian, iniciada em 1957. A Brigada foi criada em 1960 com o propósito de efetuar uma recolha exaustiva de dados sobre a azulejaria em Portugal, de sensibilizar o «mundo» para a sua valorização no panorama artístico nacional e de salvaguardar e conservar uma das mais importantes artes decorativas.

No segundo núcleo – «Corpus da Azulejaria Portuguesa» –, foram apresentados objetos que relatavam o culminar do trabalho intensivo realizado pela Brigada de Estudos de Azulejaria, que, posteriormente, foi publicado pela FCG. Repartida em cinco volumes, organizados cronologicamente, a obra foi divulgada pela primeira vez em 1963; nos anos seguintes viriam a lume novas edições, abrangendo a totalidade de Portugal Continental, a Madeira, os Açores e o Brasil. Nesta publicação, «Santos Simões considera que a azulejaria portuguesa não pode ser vista como um fenómeno isolado, mas sim como evolução da cerâmica decorativa do mundo islâmico aos exemplos italo-flamengos existentes em Portugal» (J. M. Santos Simões. Azulejaria Portuguesa [folheto da exposição], 1997).

No terceiro núcleo – «Museu do Azulejo» –, o visitante podia conhecer a história do museu, criado em grande parte pela vontade e saber do engenheiro Santos Simões, então responsável pela Secção de Cerâmica do Museu Nacional de Arte Antiga. Em 1947 é organizada uma exposição denominada «Azulejos», que constituiu o verdadeiro «embrião» para a fundação da instituição.

O quarto e último núcleo da exposição – «Outros Percursos» – apresentou, através dos documentos expostos, uma biografia do engenheiro têxtil, e explicou a forma como a azulejaria portuguesa ocupou uma posição de destaque na sua vida (Ibid.).

Em Lisboa, a exposição – de acordo com o material fotográfico disponibilizado pelos Arquivos Gulbenkian – apresentou uma montagem de caráter simples mas eficaz, empregando as cores mais familiares do azulejo português – azul e branco – na decoração dos suportes dos objetos apresentados no átrio da Zona de Congressos da Sede da FCG.

O folheto da exposição, tanto na versão de Lisboa como na da Bahia, ostenta como imagem de capa um pormenor do revestimento patriarcal do século XVII que se encontra no claustro do Museu Nacional do Azulejo. De formato desdobrável, contém uma breve apresentação, informações sobre as atividades paralelas e pequenos textos sobre os temas de cada núcleo da exposição, redigidos por vários autores.

Depois de Lisboa, a mostra viajou para o Brasil, onde permaneceu, entre abril e maio de 1998, no Museu de Arte da Bahia, que homenageou João Miguel dos Santos Simões, referindo-se-lhe como «renomado mestre da azulejaria [...] e, também, [como] o grande amigo da Bahia, da sua gente e das suas coisas, particularmente de seus painéis de azulejos que conhecia como ninguém porque eram o objeto maior de suas incansáveis pesquisas» (J. M. Santos Simões. Azulejaria Portuguesa [folheto da exposição], 1997).

Para complementar a exposição na Fundação Calouste Gulbenkian, organizou-se um ciclo de conferências que abordou o tema da azulejaria portuguesa, contando com a presença de três importantes personalidades: Rafael Salinas Calado, fundador do Museu Nacional do Azulejo, João Castel-Branco Pereira, antigo diretor do Museu Nacional do Azulejo, e José Meco, uma figura de referência no estudo e divulgação da azulejaria portuguesa.

No caso do Museu de Arte da Bahia, realizou-se um seminário, organizado pelo diretor do Museu de Arte Sacra, Eugênio de Ávila Lins, pela diretora do Museu de Arte da Bahia, Sylvia Athayde, e por Dimitri Ganzelevicht, que apresentou diversas palestras dedicadas ao tema da exposição.

Citando a jornalista Bárbara Wong, no artigo que escreveu para o jornal Público: «Apesar de não existirem azulejos expostos, esta é uma mostra que chama a atenção para uma personagem importante da nossa cultura e para uma arte a preservar: azulejaria.» (Wong, Público, 22 jul. 1997, p. 56)

A inauguração da exposição em Lisboa contou com a presença de diversas personalidades ligadas à cultura, nomeadamente Manuel Costa Cabral, diretor do Serviço de Belas-Artes da FCG, Rafael Salinas Calado, diretor do Museu Nacional do Azulejo, e Jorge Molder, diretor do Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão.

Joana Atalaia, 2018


Ficha Técnica


Eventos Paralelos

Ciclo de conferências

[J.M. Santos Simões. Azulejaria Portuguesa]

17 jul 1997 – 24 jul 1997
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 2
Lisboa, Portugal
17 jul 1997 – 24 jul 1997
Fundação Calouste Gulbenkian / Edifício Sede – Auditório 3
Lisboa, Portugal
Ciclo de conferências

[J.M. Santos Simões. Azulejaria Portuguesa]

8 mai 1998 – 13 mai 1998
Museu de Arte da Bahía (MAB)
Salvador da Bahia, Brasil
8 mai 1998 – 13 mai 1998
Museu de Arte Sacra da Universidade Federal da Bahia (MAS-UFBA)
Salvador da Bahia, Brasil

Publicações


Material Gráfico


Fotografias

Manuel Costa Cabral (à esq.) e Maria Teresa Gomes Ferreira (ao centro)
Artur Nobre de Gusmão e Maria Teresa Gomes Ferreira (à dir.)
Artur Nobre de Gusmão (à esq.), Jorge Rodrigues (ao centro) e Maria Teresa Gomes Ferreira (à dir.)
Rafael Salinas Calado (à esq.), Manuel Costa Cabral (ao centro) e Jorge Molder (à dir.)
Elisabeth Évora Nunes (à esq.), Artur Nobre de Gusmão (ao centro) e Maria Teresa Gomes Ferreira (à dir.)
João Castel-Branco Pereira (ao centro) e Mariano Piçarra (à dir.)
Rafael Salinas Calado (à esq.)
Manuel Costa Cabral
Rafael Salinas Calado
Fernando de Azevedo

Documentação


Periódicos


Fontes Arquivísticas

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 25165

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite e desdobrável. 1997 – 1997

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Belas-Artes), Lisboa / SBA 25478

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém convite, desdobrável, correspondência interna e externa, recortes de imprensa e documentação referente à itinerância da exposição no Brasil. 1997 – 1998

Arquivos Gulbenkian (Museu Calouste Gulbenkian), Lisboa / MCG 03422

Pasta com documentação referente à produção da exposição. Contém material de divulgação e recortes de imprensa. 1994 – 2008

Arquivos Gulbenkian (Serviço de Comunicação), Lisboa / COM-S001-D02628

Coleção fotográfica, cor: inauguração e evento associado (FCG, Lisboa) 1997


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