Viver um cancro infantil e ainda lidar com o estigma. Jovens querem acabar com preconceito

O Programa Cidadãos Ativ@s, no âmbito do seu terceiro eixo de atuação (Empoderar os Grupos Vulneráveis), apoia a Associação ACREDITAR no projeto "Dreaming with Survivors" que envolve centenas de adolescentes e jovens com cancro pediátrico.

Há cerca de 400 novos casos por ano de cancro infantil no país, ​​​​​​​com taxas de sobrevivência a rondar os 80%. Mas mesmo depois de curado, o cancro deixa vestígios nos sobreviventes, não apenas marcas físicas, mas também preconceitos.

Os adolescentes e jovens contam que “há o estigma de que ainda sofrem por terem tido um cancro, na verdade o que dizem é que o cancro não os define, tem algum impacto na vida deles, mas são mais do que isso e querem ser cidadãos de pleno direito”, explica Ana Monteiro, da Acreditar, a Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro.

 

 

A responsável alerta que a integração não é fácil e a “criança acaba por ficar mais isolada e com mais dificuldade em fazer amigos”. Um jovem com cancro muitas vezes “fica de parte, [por] não saber como lidar com um colega, haver alguma dificuldade de aceitação das características físicas, há mudanças físicas, queda de cabelo, às vezes uma certa palidez, um aumento de peso que às vezes não é bem visto pelos colegas”.

Ana Monteiro realça ainda a necessidade de se dizerem as “características da criança”, mas também que esta doença não é contagiosa para que isto não seja “limitador” para a reintegração da criança na escola.

Para dar a volta a esta discriminação, a Acreditar lançou o projeto “Dreaming with Survivors” para dar voz aos sobreviventes de cancro infantil com três áreas fundamentais de trabalho.

“A primeira tem a ver com o depois da alta. Falam muito na importância de consultas de seguimento que sejam multidisciplinares, por exemplo apoio psicológico. E têm criado algumas iniciativas para que as pessoas sejam informadas”, conta a responsável da Acreditar, frisando que também há uma atenção especial virada para os cuidadores, já que “eles são o alvo e que os pais são negligenciados ao longo do percurso”.

Por fim, há o aspeto de “sensibilização da sociedade e das escolas para o cancro pediátrico”.

Há dezenas de adolescentes e jovens, dos 14 anos aos 30 anos, envolvidos no projeto que começou em maio do ano passado e que decorre até abril de 2021.

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Atualização em 02 novembro 2020

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