É preciso que “pessoas se interessem e constituam organizações”
Carlos Moedas confessa ter ficado impressionado com o Programa Cidadãos Ativos quando chegou ao conselho de administração da Fundação Calouste Gulbenkian.
O antigo Comissário Europeu defende que é preciso mais interesse pela democracia e um reforço do papel de quem lidera as Organizações Não Governamentais. “A sociedade civil tem alguns pontos de fraqueza que são esses que tentamos atacar através deste programa” aponta, frisando que as governanças das ONG, por exemplo, são “essencial” e “noutros noutros países já são muito profissionalizadas”.
Há ainda um “trabalho profundo” a fazer para “empurrar as organizações e fazer com que pessoas se interessem e constituam as suas próprias organizações”, pois é algo fundamental para a democracia e para os direitos humanos.
Para Carlos Moedas, o futuro traz desafios acrescidos à sociedade civil que tem de começar a preparar as mudanças digitais. “O papel da sociedade civil na construção de uma sociedade que não será totalmente física, mas digital”, realça.
“A tecnologia na área da democracia e dos direitos humanos está a ser tão negativa, vamos ter de reagir”, alerta o antigo Comissário Europeu.
São as ONG que muitas vezes lideram os movimentos de diversidade, ainda que em Portugal, defende Carlos Moedas, haja um longo caminho a fazer. “Portugal não tem trabalhado do suficente para que a nossa sociedade tenha a representação necessária para que essa inovação aconteça”, diz, frisando para os casos de Parlamento e empresas privadas.
É preciso apostar na diversidade, “homens, mulheres, pessoas com diferentes religiões, que têm diferentes maneiras de pensar, que vêm de diferentes continentes”. Até porque, ressalva, “estudos dizem que empresas que têm conselho de administração com maior diversidade têm melhores resultados, [bem] como equipas”.
Temos de fazer mais por isso e trabalhar mais por isso e para lá chegar o administrador da Fundação Calouste Gulbenkian defende mais políticas públicas que incentivem a diversidade.
“É preciso liderar através do exemplo. Acho que o nosso Parlamento devia ser o exemplo disso, começamos a ter um bocadinho mais de diversidade e as empresas privadas devem ser as primeiras a identificar como fator de inovação terem essa diversidade”, exemplificou Carlos Moedas.
O antigo Comissário Europeu realça que é preciso mudar, mas não avança se “lhe chamaria quotas ou objetivos”.
Carlos Moedas defende ainda uma mudança profunda no ensino em Portugal com menos hierarquias, mais equilibrado que permita aos alunos questionar desde cedo, para que mais tarde não tenham medo de fazer perguntas incómodas mas necessárias.
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