Educação para a Cidadania

Promover a cidadania dentro da sala de aula e também no recreio é o objetivo deste projeto apoiado pelo programa Cidadãos Ativos.

 

Educar para a cidadania é um objetivo de muitas escolas e faz parte do currículo em algumas aulas, mas há um projeto que quer ir mais longe e fazer mudanças em todo o sistema educacional para formar pessoas responsáveis, autónomas e solidárias.

“Posicionamo-nos na ideia da cidadania ser um espaço de liberdade e reflexão crítica que, a partir da participação dos cidadãos e das cidadãs, cria espaços de transformação social com vista a contextos de maior justiça, maior solidariedade e maior equidade”, explica Jorge Cardoso, da Fundação Gonçalo da Silveira, coordenador do projeto “Educação para a Cidadania”.

O programa está no terreno desde março em três escolas muito diferentes: uma na aldeia de Gondifelos, perto de Famalicão, outra na Damaia, em Lisboa, e outra na ilha do Porto Santo, na Madeira.

A ideia é alargar o conceito de cidadania a todas as disciplinas, “reforçando a componente letiva – através da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento – mas também procurando que as outras disciplinas trabalhem questões de cidadania, o que é possível na matemática, no português, nas ciências. Tem muito mais a ver com o foco que o professor dá”.

Jorge Cardoso acrescenta que não basta olhar apenas para a sala de aula, é importante não esquecer o local onde tudo acontece: o recreio. “Muitas vezes é o sítio onde as pessoas ou participam ou não participam, ou tomam decisões mais unilaterais ou mais participadas, ou decidem colaborar ou não colaborar.”

O responsável dá o exemplo de Porto Santo, onde há “recreios acompanhados”. São vigiados, mas também que palco de atividades que promovem ligações entre os estudantes. O objetivo é promover a integração de “alunos isolados” e criar relações que não existiriam sem esta iniciativa.

Mas o projeto não fica por aqui. Quer criar uma abordagem que envolva toda a escola, incluindo os pais e a comunidade onde se insere, fugindo aos espaços habituais de debate, como a sala de reunião.

Por exemplo, “espaços de voluntariado e interligação” ou workshops. Um exemplo concreto é o projeto “Pais com Chá” – “um espaço simpático para falar sobre a escola”.

Cada escola trabalha em conjunto com uma instituição da sociedade civil para que os projetos possam dar a organizações não-governamentais o peso necessário para influenciarem políticas públicas.

Jorge Cardoso explica que se trata de um projeto-piloto, onde todas as aprendizagens e atividades ficam registadas e acessíveis a outros estabelecimentos de ensino. É possível, assim, “inspirar outras escolas, outras ONGs e influenciar as políticas do país na educação para a cidadania”.

E porque avaliar os impactos destas medidas de forma qualitativa “muitas vezes é curto”, para entender as mudanças e os impactos do projeto, o consórcio desenvolveu uma métrica para avaliar o “nível de cidadania” dos alunos – um instrumento pode, no futuro, ser adaptado pelas escolas para as ajudar a conhecer melhor os seus alunos”

A ferramenta está a ser criada pelo Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano da Universidade Católica, com três grandes áreas de perguntas cognitivas, socio-emocionais e comportamentais.

Como “a predisposição ou tendência para fazer escolhas mais inclusivas, altruístas, empáticas, que procurem um maior sentido de justiça e igualdade, ou para fazer escolhas mais individualistas, mais fechadas em si mesmo, que não tenham tão em mente o bem comum”, elenca Jorge Cardoso.

O projeto começou há oito meses e vai até 2022. Destina-se a alunos dos sétimo, oitavo e nono ano.

 

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Atualização em 20 novembro 2019

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