Encontrar na arte uma “bolha de respiração” dentro da prisão

O projeto Arte e Cidadania incentiva jovens reclusos a criar e refletir sobre a arte. O resultado é transformador dentro e fora dos muros da prisões.

Teatro, música, dança ou artes circenses – o palco é um local de expressão único e universal, com uma linguagem comum, e a associação PELE quer usá-lo para mudar comportamentos e trazer novas perspetivas para quem está a cumprir pena de prisão.

 

Ouça a peça sobre o projeto “Laboratório de Arte e Cidadania”:

 

A associação PELE usa a criação artística junto de jovens reclusos como forma de os preparar para a reinserção social. O projeto Arte e Cidadania está inserido no terceiro eixo do programa Cidadãos Ativos, gerido pela Fundação Gulbenkian e pela Bissaya Barreto.

“Estes espaços são bolhas de respiração, bolhas de utopia de alguma forma. De uma utopia que pode ser realidade”, destaca Maria João Mota, da associação PELE. “Esse trabalho de criação artística faz emergir coisas muito positivas, para as quais muitas vezes não temos consciência. O trabalho que nós fazemos é criar momentos em que se reflete a partir daí.”

Maria João Mota explica ainda que o Laboratório de Arte e Cidadania trabalha não só com reclusos, mas também com jovens que estejam em centros educativos, e outros que já tenham cumprido pena. Formam um grupo que usa a arte para se expressar com resultados que ajudam à autoestima.

“Para muitos destes jovens receber feedbacks positivos foi algo absolutamente transformador. Estamos a falar de um grupo que tem muitas vezes uma relação de conflito com a escola e os sistemas mais tradicionais e não estão habituados a receber feedbacks positivos. Foi muito empoderador de repente estarem a receber feedbacks positivos pelo seu trabalho em coletivo, pela sua forma de comunicar, pela forma como se superaram.”

A responsável acredita que o projeto ajuda também a esbater as fronteiras entre quem está dentro e quem está fora dos muros da prisões.

“O público é desafiado a entrar na prisão e ver homens e mulheres, que somos nós, com propostas artísticas que também nos colocam nesse lugar de encontro, e às vezes de desconforto, mas que nos fazem pensar – o mais importante – o que também é uma função da arte.”

O projeto que arrancou em maio é a continuação do ECOAR, também organizado pela PELE, e pretende trabalhar com cerca de 70 jovens na zona do Porto, Matosinhos e Paços de Ferreira ao longo dos próximos dois anos.

 

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Atualização em 24 outubro 2019

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