Aprender a lidar com a violência é uma ferramenta essencial para os jovens
No projeto SER Plus, a Associação de Apoio à Vítima (APAV) quer treinar crianças do ensino primário a reconhecerem situações de violência e a lidarem com elas.
Chama-se Hora do Ser e junta crianças dos seis aos dez anos, professores e jovens universitários numa espécie de momento de brincadeira onde, uma vez por semana, se aprendem coisas sérias como a prevenção da violência.
“Não é uma aula, trabalhamos muito a mímica, jogos que nos permitem trabalhar competências de assertividade, como é que o outro reage perante uma situação de violência, como é que aquela pessoa se sente, procurar na experiência das crianças encontrar resposta para os objetivos do projeto”, explica Rosa Saavedra, da APAV.
Ouça o programa Cidadãos Ativos com o projeto ‘SER Plus’
A responsável explica que os objetivos do projeto passam por preparar os mais novos para lidarem com potenciais situações de violência, nomeadamente a “empatia relativamente à vítima” para que as crianças sejam “capazes de identificar sentimentos e emoções”, mas também as “consequências que uma situação de vitimação pode desencadear numa vítima”, bem como a capacidade de “identificar estratégias de segurança na eventualidade de assistirem e testemunharem uma situação ou serem elas próprias vítimas”.
Para garantir essa segurança, a APAV ensina as crianças a escolherem uma pessoa adulta de confiança em quem possam pedir ajuda caso venham a ser vítimas de crime. Pode ser um familiar, mas também um professor ou alguém da escola.
“Não é só a pessoa com quem partilha as situações de receio e de medo, à partida será também as situações de felicidade e de partilha positiva”, explica.
Em causa podem estar os maus tratos na família, na escola, mas também a violência sexual. Além da violência física, Rosa Saavedra refere que o programa também trabalha a violência mais difícil de ver a olho nu.
“Não é tão fácil que as crianças aceitem a violência psicológica como violência”, explica, já que não é visível nem tão explícita, o que leva a APAV a trabalhar esta questão.
O projeto Ser Plus quer chegar a 700 crianças em todo o país, a 100 jovens universitários em regime de voluntariado e 150 profissionais de educação, numa lógica de usar a prevenção como ferramenta para defesa dos direitos humanos.
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