• 2003
  • Sapatos, Poliéster, Espelho, Cadeirade madeira, Roupa e Resina
  • A definir
  • Inv. 04E1255

Noé Sendas

The Rest is Silence II

Dois manequins vestidos, simulando seres humanos reais à escala do próprio artista, são instalados num espaço escuro.

Estão sentados em cadeiras de madeira, simetricamente, de perna cruzada, ombros encolhidos e de cabeça caída. Os torsos quase se juntam nas costas, mas separam-se num movimento que dobra as figuras para a frente, como se os dois corpos se mantivessem ligados, mas as mentes tentassem adquirir independência.

A simetria e o movimento são acentuados por um espelho que se encontra entre as duas figuras, demarcando as costas das cadeiras. Dessa forma, quando olhamos para cada uma das figuras de frente, o reflexo que vemos no espelho poderia ser a figura que sabemos estar do outro lado…

A roupa é banal e podíamos vê-la como indumentária de qualquer homem citadino: calças escuras de corte direito, sapatos de pele, casacos de fato idênticos a tantos outros, peças comuns a todo o guarda-roupa masculino. Algo diferencia os dois manequins: cabelo escuro, comprido e ocultando o rosto, num dos casos; um pano branco por cima da cabeça, no outro. As caras ficam ocultas, o que acrescenta mistério ao ambiente já obscuro.

A disposição dos manequins suscita estranheza no público, eventualmente medo – sentimentos motivados pelo efeito de hiper-realismo a que alude Miguel Amado em Densidade Relativa (CAM, 2005, p. 259). O mutismo que envolve estas figuras, a impossibilidade de comunicar que elas representam, o seu olhar desviado ou tapado são factores que adensam a aura de mistério que as rodeia. A sua presença é real naquele lugar; o resto é silêncio.

 

AG Novembro de 2011

TipoValorUnidadesParte
Altura700cmQuarto escuro
Largura700cmQuarto escuro
Altura140cm
Largura90cm
Profundidade200cm
TipoAquisição
DataFevereiro de 2004
Densidade Relativa
Lisboa, CAM/FCG, 2005
ISBN:972-635-169-x
Monografia
Densidade Relativa
Leonor Nazaré
Curadoria: Leonor Nazaré
27 de Outubro de 2005 a 22 de Janeiro de 2006
HALL de entrada e Piso 1 no CAMJAP
12-8-2006 a 26-11-2006
Centro Cultural Emmerico Nunes e Centro das Artes de Sines
A ideia de trabalhar o conceito de densidade das obras começou por surgir com a constatação de que a palavra é muito frequente nos textos de crítica de arte. O mesmo acontece com a palavra intensidade que facilmente se associa à primeira. Rapidamente se percebe que densidade pode ser sinónimo de riqueza ou de impenetrabilidade, quando não se refere mais literalmente à acumulação de elementos no espaço, por oposição ao vazio ou à rarefacção. O pensamento em torno destas variantes conduziu à percepção de que o conceito poderia ser útil no estabelecimento de um contínuo entre a matéria do pensamento e a dos corpos e objectos, neste caso, a das obras de arte.
Exposição Permanente do CAM
CAM/FCG
Curadoria: Jorge Molder
18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009
Centro de Arte Moderna
Exposição Permanente entre 18 de Julho de 2008 a 4 de Janeiro de 2009.
Atualização em 01 maio 2023

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