• 1969
  • Papel
  • Tinta-da-china, Colagem e Aguada
  • Inv. DP236

Paula Rego

s/título

Realizada em 1969, esta obra de Paula Rego insere-se num período da sua carreira em que explorava técnicas mistas, nomeadamente a mistura da colagem com diversas técnicas de pintura, como sejam o óleo e o acrílico. Porém, nesta obra em particular, o recurso à junção do guache com colagens de desenhos previamente feitos a tinta da china, o uso do papel e não da tela como suporte e as suas dimensões mais reduzidas parecem conferir-lhe uma delicadeza particular, afastando-a das mais conhecidas obras do mesmo período, como sejam as telas Hidra (1969, colagem e acrílico sobre tela, 120 x 120 cm) ou A Praia dos Mexilhões (1969, colagem e acrílico sobre tela, 150 x 150 cm).  

 

Num fundo realizado em aguada, onde tons de rosa, amarelo, roxo e vermelho se fundem e diluem, desenha-se uma figura tendencialmente geométrica — composta por uma forma trapezoidal sobre outra semi-circular — que funciona como eixo central da composição onde se vão ancorar (ou onde gravitam) as personagens oníricas previamente desenhadas e recortadas: uma cabeça de onde emerge outra cabeça e de cujo tronco saem cinco pernas esguias; uma personagem composta por uma grande cabeça e por um corpo denso voando na horizontal; uma personagem feminina de cujo corpo delgado sobem dois braços com grande destaque plástico — um a remeter para uma asa, o outro para uma garra a sair de três grandes esferas — e por uma cabeça de penteado exuberante e expressão benevolente; uma pequena figura gravitando na horizontal, mas com os cabelos na vertical e parecendo segurar uns filamentos nas suas mãos; uma outra personagem composta por uma cabeça e por três braços, um dos quais segurando um pau e outro um par de pés; e, ainda, uma forma sem qualquer sugestão antropomórfica, numa disposição longitudinal.

 

Em entrevista a Marco Livingstone, Paula Rego concorda que nem tudo nas obras é “pretendido e intencionado”, reconhecendo o quanto nelas “é uma questão do que se é capaz de fazer, ou apenas do que acontece, ou do que a mão faz”*, revelação particularmente pertinente para uma obra de cariz surrealizante como esta.  Que a autora tenha optado por intitular esta obra “sem título” parece ser um incitamento a que sobre ela nos debrucemos com a mesma imaginação com que a criou.

 

 

* Entrevista de Marco Livingstone a Paula Rego em Paula Rego, Madrid: Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, 2007, pp. 195-196

 

 

 

Luísa Cardoso

Julho 2014

 

TipoValorUnidadesParte
Altura29,6cm
Comprimento41,5cm
Tipo assinatura
TextoPaula Rego
Posiçãofrente, canto inferior direito
Tipo data
Texto1969
Posiçãofrente, canto inferior direito
TipoAquisição
DataJulho de 1983
Atualização em 23 janeiro 2015

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