Arpad Szenes desenhou Sophia de Mello Breyner; José Blanc de Portugal foi um dos fundadores dos Cadernos de Poesia em que, pela primeira vez, são publicados poemas de Sophia (1940); a poeta publicou também na revista Uni/Pentacórnio (1951-1956), dirigida por José- Augusto França; Jorge de Sena era frequentador da sua casa e escreveu sobre a sua poesia; e Fernando Lemos, também poeta, fotografou todas estas personalidades e toda uma geração de poetas, escritores, artistas e intelectuais dos anos de 1950.

O subtítulo que Lemos deu mais tarde a esta imagem (No Castelo Desde a Tomada aos Mouros) é uma referência à casa onde viveu Sophia de Mello Breyner, na Travessa das Mónicas, perto do Castelo de São Jorge, local onde hoje três bancos têm gravados a sua poesia.

O olhar de Lemos nesta imagem é o do fotógrafo que pensa em termos de linhas de fuga e de enquadramentos para melhor situar e relacionar o sujeito a fotografar. Efetivamente, a centralidade da trave vertical em primeiro plano divide a imagem em duas partes, sendo a do lado esquerdo reforçada pelas linhas de fuga e pelas outras traves, que conduzem o olhar do observador à imagem de Sophia.

Com o seu recorte altivo, replicado na sua sombra que a luz (recorrente na sua poesia) permitiu fixar no muro, Sophia foi várias vezes fotografada por Lemos no espaço da sua casa.

José Oliveira
2022