- 1984
- Chapa de off-set e K-Line
- Impressão
- Inv. GP1842
Fernando Lemos
Série Memórias n.º 7
As oito gravuras da «Série Memórias» foram produzidas entre 1983 e 1984 e fazem parte de um conjunto mais vasto de 14 obras que integraram a exposição Fernando Lemos. Desenhos Memórias (Fundação Calouste Gulbenkian, 1985).
No texto que acompanhou a exposição Lemos indica que a escolha da chapa de alumínio offset como suporte do desenho lhe serve para evitar a fragilidade do papel ao referir que «[…] sou anti-papel. Por achá-lo de fragilidade antiquada […] a transferência do desenho para a chapa de alumínio, executado inicialmente em papel poliéster, eterniza no material a sua integridade […]». No entanto, a verdade é que esse suporte mais rígido também permite a reprodução do desenho, sendo justamente essa a função habitual de uma chapa de offset.
É de assinalar que a produção em offset se aproxima da fotografia, implicando, do mesmo modo, a sensibilização da chapa pela luz quando o desenho (em papel translúcido ou em acetato transparente) é colocado em contacto com a folha de alumínio para, posteriormente, passar por um processo de revelação. A chapa assim tratada constitui uma matriz do desenho, tal como o negativo fotográfico se constitui como a matriz de uma imagem, permitindo a sua reprodução.
É interessante notar nesta série de «desenhos memórias» a convergência de um trabalho de criação de desenho apoiado em processos técnicos de reprodução que, na sua génese, podem evocar a fotografia e a litografia, ambas conhecidas e praticadas por Lemos.
O desenho foi sempre central na prática artística de Fernando Lemos, tendo o artista afirmado em entrevista que «[…] desenhando, pintando ou escrevendo eu me sinto gráfico […] desenhador é o que me caracteriza mais […]», e tendo sido neste domínio que ganhou reconhecimento poucos anos depois de se estabelecer no Brasil (1953) com a atribuição do prémio de melhor desenhista brasileiro na IV Bienal de Arte de São Paulo em 1957.
Neste conjunto de gravuras/memórias não podemos afirmar que existe uma narrativa linear; pelo contrário, parece haver um discurso que condensa vários tempos e várias narrativas em simultâneo na mesma gravura (n.º 5, 8), numa organização que ora está enquadrada por pequenos retângulos (n.º 11), talvez na tentativa de contar uma história, como está liberta dessas mesmas limitações (n.º 6).
Com uma reminiscência de formas orgânicas (n.º 7) também se pode adivinhar algum erotismo (n.º 8, 9) num conjunto de obras em que pontua igualmente a abstração (n.º 6) e nas quais a mão do desenhador se confunde com as experiências visuais do designer gráfico e do ilustrador que Lemos também era.
Ao evocar a palavra «memória», Lemos dá-nos uma visão desse universo difuso de formas ambíguas que se reconfiguram e contaminam de uma forma dinâmica, apresentando-as como instâncias em cada uma das gravuras (poder-se-ia fazer um paralelo com a expressão fotográfica snapshot). Por outro lado, consegue condensar na série um conjunto de processos de criação visual e de produção/apresentação que fizeram parte do seu percurso artístico (desenho, grafismo, ilustração, técnicas de reprodução).
José Oliveira
2022
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Largura | 64,7 | cm | suporte |
Altura | 50,5 | cm | suporte |
Tipo | assinatura |
Texto | F Lemos |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | n.º de série |
Texto | 1/3 |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | data |
Texto | 1984 |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | título |
Texto | Série Memórias n.º 7 |
Posição | frente, canto inferior esquerdo |
Tipo | A definir |
Data | A definir |