- 1947
- Tela
- Óleo
- Inv. 80P113
António Pedro
Rapto na paisagem povoada
Na II Exposição de Artes Plásticas (1947) é exposto pela primeira vez Rapto na Paisagem Povoada, síntese da obra plástica surrealista de António Pedro que integra uma série de referências a outros óleos do artista: O Avejão Lírico, O Enforcado, Intervenção Romântica, ou Nocturno – Árvores humanas (alusões evidentes sobretudo no quadrante superior direito da tela).
O artista realizou oito esbocetos desta pintura, e neles foi alterando o centro da composição*; a cena central é inspirada no quadro de Rubens – que considerava «o maior pintor de todos os tempos»** –, O Rapto das Filhas de Leucipo, de c. 1617-18, e em ambos os quadros é visível a teatralidade das figuras, embora os raptores de António Pedro sejam dois monstros com cabeças de peixe, ao invés dos cavaleiros de Rubens.
Rapto na Paisagem Povoada é uma pintura imersa em cenários, onde a imagem da mão adquire um especial destaque: mão que nasce da terra, ou que segura o pássaro, a estranha mão da figura em cima do cavalo, ou até mesmo as mãos na moldura desenhada pelo artista. Estamos perante uma paisagem seca e inóspita, semelhante às paisagens dalínianas, povoada por seres grotescos e apaixonados, ou figuras antropomórficas que saem da terra. Pouco tempo depois de finalizar este quadro, António Pedro deixa de pintar. Realiza a sua última pintura, que permanece inacabada, em 1948, O Amanhecer das Virgens, e começa a dedicar-se à cerâmica e à encenação.
Neste sentido, podemos entender que a teatralidade na obra plástica de Pedro é transposta para o teatro, onde exercerá uma forte acção pedagógica. O sonho e a imaginação seguem uma coerência lógica no trabalho deste artista, que se auto-exilou no Minho: começou por ser poeta, tornou-se criador de cenários pictóricos, optando, a partir de 1949, pela concepção teatral.
* Ver José-Augusto França, «Estudo de uma pintura de António Pedro», in Colóquio-Artes, n.º 15, Dezembro de 1973, pp. 18-19.
** Idem, p. 19.
PR
Janeiro de 2010
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 121 | cm | |
Largura | 122 | cm |
Tipo | data |
Tipo | assinatura |
Tipo | Aquisição |
Data | Janeiro de 1980 |
Inauguração do CAM |
CAM/FCG |
20 de Julho de 1983 Lisboa, Centro de Arte Moderna/ FCG |