- 1949
- Papel Agfa
- Fotografia
- Inv. FP236
Fernando Lemos
Pôr do Sol
O apelo desta imagem reside no seu grafismo que, fruto da luz rasante, efetivamente tanto pode ter sido captada ao pôr-do-sol, como ao nascer do dia.
Numa prova mais recente da mesma imagem, exposta em 2004 na Pinacoteca de S. Paulo, Fernando Lemos alterou o título para Pôr-do-Sol e Alvorada. A utilização do artigo «e», em vez de, por exemplo, «ou», sugere uma simultaneidade temporal impossível no tempo real, mas possível na descrição fotográfica – cujo sentido de instantâneo singular, no entanto, subverte. Reforçou assim uma indeterminação temporal associada à ambiguidade da forma, que opõe a imagem a uma das suas referências mais importantes: a ordem e a legitimação temporal. Este desencontro de certezas, estratégia filiada num certo surrealismo do olhar sobre o real a fim de o desconstruir, vem colocar a questão da especificidade dos processos de significação e do papel ativo do observador.
Assim, esta imagem de Fernando Lemos ilustra, e é ilustrada por, a seguinte afirmação de Delfim Sardo: «Paisagem não será, no entanto, o que existe no nosso campo de visão, mas o resultado do exercício do olhar sobre o que está perante nós, como campo do visível»*, reforçando o sentido de paisagem como noção intimamente associada a uma construção cultural.
JO
Outubro de 2011
* Delfim Sardo, «Estudos de paisagem cultural: Notas a propósito de Cimêncio», in Diogo Lopes e Nuno Cera, Cimêncio, Lisboa: Fenda Edições, 2003, sem página.
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 45,5 | cm | moldura |
Largura | 30 | cm | papel |
Altura | 35,1 | cm | papel |
Largura | 45,5 | cm | moldura |
Tipo | A definir |
Data | A definir |