• 1976
  • Papel Fotográfico
  • Tinta acrílica e Fotografia
  • Inv. 80FP12

Helena Almeida

Pintura Habitada

Helena Almeida afirma na sua obra uma espécie de litania: a minha pintura é o meu corpo, a minha obra é o meu corpo. É evidente o desejo de que a pintura e o desenho se tornem corpo, de que se anule a distância entre corpo e obra.

Mas simultaneamente pouco ficamos a saber sobre o seu corpo concreto. O corpo concreto e fisico da artista será constantemente despistado, desfigurado, ocultado pela mancha, que ora o prolonga, ora o derrama, ora «entra» ou «sai» dentro dele, ora se tapa, ora se mostra, como nesta espécie de cortina azul de pintura em que a mão pinta e depois agarra o pigmento. A cor azul é para a artista sinónimo de espaço e energia: «É uma mistura de azul-cobalto com azul-ultramarino. É o azul mais energético que eu consegui fazer e que simultaneamente associo com o espaço. Não podia ser vermelho, verde ou amarelo. Tinha que ser uma cor que tivesse a ver com estas duas ideias: energia e espaço.»*

A sua obra é um permanente aparecimento de uma imagem de mulher que se transforma em pintura ou desenho, que é pintura ela mesma. Do mesmo modo, a fotografia revela-se enquanto medium pois permite (e motiva) o uso de séries, de meta-narrativas, de pequenos momentos, alguns quase ficcionais, marcando os diversos «tempos» de um movimento.

A ideia de Flaubert de que a fotografia tornaria a pintura completamente obsoleta e que, por sua vez, o daguerreótipo ocuparia o lugar da pintura, é completamente desprezada na obra de Helena Almeida. A artista combina as técnicas de criação (manualmente cria o seu azul, mistura as cores; faz desenhos e colagens) com as técnicas de reprodução (a fotografia e o vídeo) contaminando a pureza modernista da separação das disciplinas.

Existe na sua obra um movimento permanente de ocultamento e desocultamento, um vaivém entre dar a ver e esconder; que é igualmente o movimento que vai da experiência individual ao carácter universal que toda a obra de arte deve perseguir.

Do minimalismo ao conceptualismo, da performance à fotografia, a obra de Helena Almeida lida com todos os grandes movimentos artísticos que marcaram a segunda metade do século XX. E fá-lo de um modo que nunca é epigonal, mas sempre profundamente inventivo e pessoal, uma vez que consegue criar um vocabulário e inventar um mundo, sem se desprender dos seus referentes. Aliás, a recorrência não só a séries como aos mesmos títulos-conceitos com que intitula as suas obras ao longo dos anos, confirma-o.

«Ando em círculo; os ciclos voltam. O trabalho nunca está completo, tem que se voltar a fazer. O que me interessa é sempre o mesmo: o espaço, a casa, o tecto, o canto, o chão; depois, o espaço físico da tela, mas o que eu quero é tratar de emoções. São maneiras de contar uma história.»**

 

Isabel Carlos
Novembro de 2010

 

* Helena Almeida em entrevista a Isabel Carlos, in Helena Almeida, Milano: Electa, 1998, p. 52.

** Helena Almeida, op.cit., p. 58.

TipoValorUnidadesParte
Altura42,8cmcada / com moldura
Largura62,8cmcada / com moldura
Largura60cmCada fotografia
Altura40cmCada fotografia
Altura80cmconjunto das 14 fotografias montadas
Largura420cmconjunto das 14 fotografias montadas
Profundidade3,3cmcada / com moldura
Tipoassinatura
TextoHelena Almeida
Posiçãofrente, canto inferior direito
Tipodata
Texto76
Posiçãofrente, canto inferior direito
Tipooutras
Textomult. de 3 / 1/3
Posiçãoverso
Tipodata
Texto1976
Posiçãoverso
Tipooutras
Textoconj - 14 fotos
Posiçãoverso
Tipotítulo
TextoPintura Habitada
Posiçãoverso
TipoDoação
DataAbril de 1980
Arte Portuguesa 1992
Colónia, Alemanhã, Vista Point Verlag, 1992
ISBN:3 88973 602 5
Catálogo de exposição
Hors Catalogue - Un projet Gulbenkian à propos de sa collection
Amiens, Maison de la Culture d'Amiens, 1997
ISBN:2 903082 70 8
Catálogo de exposição
Década de 70
, Centro de Arte de S. João da Madeira
Catálogo de exposição
A Partir da Colecção
CAMJAP/FCG
Curadoria: CAMJAP/FCG
25 Julho de 2006 a 29 Abril de 2007
Museu do CAMJAP - Piso 01
Comissariado: Jorge Molder e Leonor Nazaré
Hors Catalogue - Un projet Gulbenkian à propos de sa collection
CAMJAP/FCG
Curadoria: João Fernandes
Dezembro de 1996 a Fevereiro de 1997
Casa da Cultura de Amiens, França
Uma co-produção da Casa da Cultura de Amiens e do Serviço de Belas-Artes e do CAMJAP da Fundação Calouste Gulbenkian. Esta exposição tem origem numa proposta de Augusto Rodrigues da Costa, responsável pela programação de artes plásticas da Casa da Cultura de Amiens.
50 Anos de Arte Portuguesa
Fundação Calouste Gulbenkian
Curadoria: Fundação Calouste Gulbenkian
6 de Junho de 2007 a 9 de Setembro de 2007
Sede da FCG, Piso 0 e 01
Exposição programada pelo Serviço de Belas-Artes e pelo Centro de Arte Moderna, da Fundação Calouste Gulbenkian. Comissariado: Raquel Henriques da Silva, Ana Ruivo e Ana Filipa Candeias
"Tela Rosa para Vestir"
Fundación Telefónica
Curadoria: Fundación Telefónica
19 de Novembro de 2008 a 22 de Janeiro de 2009
Madrid
A Fundación Telefónica organizou uma exposição sobre a artista portuguesa Helena Almeida, intitulada "Tela Rosa para Vestir", que irá apresentar entre 19 de Novembro de 2008 e 22 de Janeiro de 2009.
Década de 70
Centro de Arte de S. João da Madeira
Curadoria: Centro de Arte de S. João da Madeira
Exposição com apoio da Câmara Municipal de S. João da Madeira, Secretaria de Estado da Cultura, Aliança Seguradora e G. N. R..
Atualização em 02 maio 2023

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