- 1952
- Cera, Vela, Manequim e Búzio
- Inv. 82E839
Marcelino Vespeira
O Menino Imperativo
A adesão de Vespeira ao movimento surrealista, em 1947, liberta no autor uma veia simultaneamente irónica e erótica, que se revela tanto na pintura como nos objetos. Se a pintura denota uma mais evidente sensualidade formal, lumínica e cromática, a ironia e o sarcasmo são especialmente patentes nos objetos, nos quais afirma a sua desconfiança e desgosto pelo poder vigente. Exemplo disso é a escultura Menino Imperativo, de 1952, e exposta pela primeira vez na sua também primeira exposição individual, realizada na Casa Jalco, uma casa de móveis do Chiado, em Lisboa, que abriu as suas portas a Vespeira, Fernando Lemos e Fernando Azevedo, realizando-lhes três individuais simultâneas.
Criado na sequência de mais um discurso de Salazar em que o Presidente do Conselho se debruçara sobre os imperativos da nação, o Menino Imperativo surge como um manifesto de liberdade poética.
Um pequeno manequim, sem braços e com um búzio (metáfora do vento e da liberdade) como cabeça, noturno e espectral, como figura saída de um sonho, com o tronco coberto de cera e sustentando um coto de vela sobre cada ombro – que, na exposição de 1952, estavam acesas, salientando o seu valor tocante e onírico – , apresenta-se no topo de uma pequena escada coberta por passadeira vermelho-escura. Vaga figura de convite para um lugar que só existe na imaginação do espetador, jogo poético instaurado com precisão sobre os amargos imperativos políticos do tempo, o Menino Imperativo coloca a dimensão do sonho, da surrealidade, acima da falta de imaginação do poder.
Emília Ferreira
Março de 2013
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 176 | cm | Altura total: manequim e base |
Altura | 130 | cm | Manequim |
Profundidade | 22 | cm | Manequim |
Profundidade | 113,5 | cm | Base |
Altura | 46 | cm | Base |
Largura | 31 | cm | Manequim |
Largura | 47 | cm | Base |
Tipo | Aquisição |
Data | 1982 |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian/ Heimo Zobernig and the Collection of the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre; Heimo Zobernig and the Tate Colllection/ Heimo Zobernig e a Colecção da Tate |
Lisboa/ St. Ives, 2009 |
ISBN:978-1-85437-826-2 |
Catálogo de exposição |
Fernando Lemos e o Surrealismo |
Sintra Museu de Arte Moderna |
Curadoria: Sintra Museu de Arte Moderna |
20 de Novembro de 2005 a 2 de Maio de 2006 Sintra Museu de Arte Moderna |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian |
CAM/FCG |
Curadoria: Jürgen Bock |
11 de Fevereiro de 2009 a 31 de Agosto Centro de Arte Moderna |
Exposição realizada em parceria com a Tate St. Ives. Inclui obras da colecção da Tate de St. Ives, do Centro de Arte Moderna e do artista Heimo Zobernig. De 24 de Maio a 31 de Agosto de 2009 estiveram expostas apenas as obras do CAM escolhidas pelo artista. |
Surrealismo em Portugal 1934-1952 |
Gabinete das Relações Culturais Internacionais |
Curadoria: Gabinete das Relações Culturais Internacionais |
9 de Janeiro de 2002 a 3 de Fevereiro de 2002 Circulo de Bellas Artes, Madrid |
Exposição composta por 120 obras de arte plástica - pintura, desenho, escultura, instalações e 70 livros que testemunham o movimento artístico e literário surrealista em Portugal, enquadrando-o numa interpretação histórica e evocando a atmosfera política, social e artística da época. Entre os autores representados, figuram, designadamente, Mário Cesariny, Cruzeiro Seixas, Alexandre O'Neil, António Dacosta, Cândido Costa Pinto, Vespeira, Jorge Vieira, António Pedro, Fernando de Azevedo, José-Augusto França e Mário Henrique Leiria. |
Surrealismo em Portugal 1934-1952 |
Museu do Chiado |
Curadoria: Museu do Chiado |
Outubro de 2001 a Dezembro de 2001 Fundação Cupertino de Miranda |
2001 a 2001 MEIAC, Badajoz |
Exposição apresentada pela Fundação Cupertino de Miranda em colaboração com o Museu do Chiado, na dita fundação e no Museo Extremeno i Iberoamericano de Arte Contemporaneo (MEIAC), em Badajoz. |