Nora Mitrani (1921-1961) foi uma poetisa que da sua cidade natal Sófia, na Bulgária, passou por Paris na década de 40, conhecendo André Breton e aderindo ao surrealismo, movimento que se reorganizava num segundo fôlego após o interregno forçado pela Segunda Guerra Mundial.

Companheira do polémico artista surrealista Hans Bellmer (1902-1975) de 1946 a 1950, foi nesse mesmo ano que veio a Portugal, proferindo, a 12 de Janeiro, a conferência Du Romantisme au Surréalisme, traduzida por Alexandre O’Neill com o título A Razão Ardente e publicada na colecção dos «Cadernos Surrealistas» (1950).

Lemos, conhecedor desta publicação e da relação de intimidade que se estabeleceu entre Alexandre O’Neill e Nora Mitrani, deu como subtítulo a esta imagem «A Paixão Ardente». Foi certamente um dos poucos a fixar a breve passagem de Mitrani por Lisboa, passagem essa que a levou a interessar-se pela cultura portuguesa e a publicar poemas de Fernando Pessoa em Le Surréalisme, Même (1957), poucos anos antes do seu suicídio em 1961.

JO
Maio de 2010