Amadeo de Souza-Cardoso

Mucha
c. 1915 – 1916 (data atribuída)

Galeria


Informação técnica

Autor(es)
Amadeo de Souza-Cardoso (Manhufe, Portugal, 1887 – Espinho, Portugal, 1918)
Título
Mucha
Data
c. 1915 – 1916 (data atribuída)
Materiais e meios
Tela; Óleo
Técnica
Óleo sobre tela
Dimensões
Altura 27,30 cm (tela); Largura 21,40 cm (tela); Altura 33,60 cm (com moldura); Largura 27,60 cm (com moldura)
N.º de inventário
86P21

Inscrições

Tipo
Assinatura
Descrição
«amadeo / de souza / c ardoso»
Posição
Quadrante inferior esquerdo

Incorporação

Tipo
Aquisição
Proveniência
Lucie de Souza Cardoso
Data
1986

Texto

MUCHA apresenta possíveis lombadas de livros e reminiscências dos eixos entrelaçados dos estudos para a Corporation Nouvelle, projeto de publicações e exposições itinerantes coordenado por Robert e Sonia Delaunay entre 1915 e 1916 que contou com a colaboração dos artistas portugueses Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana e José de Almada Negreiros. Esta pintura destaca-se pela brincadeira com a expressão “acertar na mouche” (acertar no alvo), associada à apropriação dos discos simultaneístas. Em vez de utilizar o disco para ensaiar os contrastes cromáticos, Amadeo converte-os em alvos de tiro. Noutras obras, os discos de Amadeo podem sugerir olhos ou articulações de braços.

José-Augusto França, o primeiro historiador da arte português a dedicar-se intensivamente ao estudo da obra de Amadeo, entendeu esta transformação do disco como «desvio decorativo» das propostas de Delaunay*. As abordagens recentes da historiografia da arte portuguesa encararam o gesto de Amadeo num sentido mais positivo. Helena de Freitas defendeu a singularidade subversiva dos discos do pintor português** e Joana Cunha Leal sublinhou as potencialidades críticas e humorísticas dos mesmos, notando a tendência para colocar insetos ao centro dos alvos, o que se observa, por exemplo, em Título desconhecido (Entrada), de 1917***.

No final de 1916, depois de se afastar do casal Delaunay, Amadeo realizou uma exposição individual no Porto e em Lisboa que agitou a sociedade portuguesa. Segundo o catálogo dessa exposição, tudo leva a crer que este quadro de pequenas dimensões estaria ao lado de Trou de la serrure PARTO DA VIOLA Bon ménage Fraise avant-garde, pintura maior, protagonizada por um violoncelo com uma espécie de disco-olho no tampo. Nesta montagem, MUCHA ganharia outro sentido, o de ampliação de um detalhe de Parto da Viola, que se trata de outra conversão do disco simultaneísta, não transformado em alvo de tiro, mas em olho.

 

Marta Soares

 

* José-Augusto França, Amadeo & Almada, Lisboa: INCM, 2020 [1986], p. 102.

** Helena de Freitas, “Amadeo de Souza-Cardoso: Diálogo de Vanguardas”, in Helena de Freitas (coord.), Amadeo de Souza-Cardoso. Diálogo de Vanguardas, Lisboa: CAMJAP Fundação Calouste Gulbenkian, 2006, pp. 57, 59.

*** Joana Cunha Leal, “Trapped bugs, rotten fruits and faked collages: Amadeo de Souza-Cardoso’s troublesome modernism”, Konsthistorisk tidskrift/Journal of Art History, 82, 2013, pp. 11-12.

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