- 1965
- Tela
- Tinta acrílica e Colagem
- Inv. 66P280
Paula Rego
Manifesto (For a Lost Cause)
Reproduzida na capa do desdobrável da primeira exposição individual de Paula Rego, na Sociedade Nacional de Belas Artes (SNBA) em Lisboa, Manifesto fez parte do conjunto de obras que suscitou as mais diversas reações do público nacional, desde o aplauso ao insulto. O pintor Eduardo Batarda recorda o embaraço dos artistas para quem o regime de repressão na época constituía um álibi ao seu próprio conformismo, e que viam em Paula Rego o talento capaz de ultrapassar quaisquer formas de censura. «É difícil lembrar isto actualmente, e ainda mais difícil exprimi-lo» – conta Eduardo Batarda a John McEwen, o biógrafo da pintora – «mas que repugnante que aquilo era para nós, artistas portugueses da época, quão revoltante para as nossas mentalidades reprimidas/repressivas. Até a maneira como ela pintava, o aspecto técnico, as próprias cores (as que estariam na moda no ano seguinte em Londres?) eram de uma novidade chocante. Havia tantas razões para o nosso ódio – e era ódio o que estávamos a sentir. Alguns de nós chamávamos-lhe admiração, o que é mentira, sem a mínima dúvida».
Segundo o pintor Victor Willing (1928-1988), marido da artista, Manifesto refletia a impossibilidade do pai de Paula Rego ter visto realizados os ideais políticos e sociais que defendera.* Se Paula Rego «pintava para dar face ao medo», como explicara ao seu amigo e poeta Alberto de Lacerda (1928-2007), autor do texto do desdobrável da exposição na SNBA, esse mesmo poder era uma liberdade incómoda para alguns visitantes. No dia da inauguração «um homem já meio bêbado» interpelou a artista: «Para quem vê estes quadros, uma pessoa diria que foram feitos por uma prostituta». Paula Rego respondeu calmamente: «Olhe que não; as prostitutas pintam igrejas».
* WILLING, Victor, «The imagiconography of Paula Rego», Coloquio/Artes, n°2. (Abril 1971), p. 43-49.
Susana Neves
Maio 2010
Tipo | Valor | Unidades | Parte |
Altura | 183 | cm | |
Largura | 152 | cm |
Tipo | assinatura |
Tipo | Aquisição |
Data | Janeiro 1966 |
Arte Portuguesa 1992 |
Colónia, Alemanhã, Vista Point Verlag, 1992 |
ISBN:3 88973 602 5 |
Catálogo de exposição |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian/ Heimo Zobernig and the Collection of the Calouste Gulbenkian Foundation Modern Art Centre; Heimo Zobernig and the Tate Colllection/ Heimo Zobernig e a Colecção da Tate |
Lisboa/ St. Ives, 2009 |
ISBN:978-1-85437-826-2 |
Catálogo de exposição |
8ª Edição do Projecto Verão Arte Contemporânea |
Centro Cultural Emmerico Nunes |
Curadoria: Centro Cultural Emmerico Nunes |
2 de Julho de 2005 a 31 de Julho de 2005 Centro Cultural Emmerico Nunes, Sines |
Exposição organizada no âmbito da 8ª Edição do Projecto Verão Arte Contemporânea em Sines, que tem como principal desígnio contribuir para que os olhares dos habitantes e visitantes de Sines possam encontrar-se e confrontar-se com produções que tenham significado no panorama actual das artes visuais. |
Heimo Zobernig e a Colecção do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian |
CAM/FCG |
Curadoria: Jürgen Bock |
11 de Fevereiro de 2009 a 31 de Agosto Centro de Arte Moderna |
Exposição realizada em parceria com a Tate St. Ives. Inclui obras da colecção da Tate de St. Ives, do Centro de Arte Moderna e do artista Heimo Zobernig. De 24 de Maio a 31 de Agosto de 2009 estiveram expostas apenas as obras do CAM escolhidas pelo artista. |