• 1979
  • Tela
  • Colagem e Tinta acrílica
  • Inv. 83P766

Júlio Pomar

Le Luxe

Foi a partir de finais dos anos 60 que Pomar começou a trabalhar, não só com colagem – usando predominantemente pedaços de tela recortada – mas também em experiências de assemblage. A tela recortada e colada vem no seguimento da passagem do óleo para o acrílico, que, com a possibilidade de secagem rápida e maior opacidade, permitia aplicar a cor em bloco ao mesmo tempo que ocultava os vestígios mais evidentes da pincelada individual. Daí resultavam pinturas com um carácter mais gráfico, quase industrial.

 

Dá-se, pois, a passagem natural da justaposição de blocos de cor, simulacro de colagem, para a colagem efectiva, substituindo o pintor em parte ou no todo as superfícies de tinta por superfícies feitas de pedaços de tela pintada.

 

Na obra Le Luxe os recortes colados não se reportam tanto ao «desenho com tesouras» herdeiro de Matisse, que Pomar apropria, comenta e transforma em várias outras obras, mas talvez mais à assemblage que o pintor experimentou nos objectos tridimensionais. Os elementos colados são aqui não apenas tela mas também outros materiais, como papel e até pêlo sintético, e são acumulados para, sem perderem um carácter formal individual, evocarem o corpo do tigre enrolado sobre si mesmo. Embora não seja claro nesta pintura em particular, a série com o tema dos tigres foi explorada em associação estreita com elementos do corpo feminino, associando ao felino uma carga erótica mas ou menos reconhecível, consoante os quadros. O pintor justifica a escolha do tigre como uma explícita recusa dos temas clássicos da pintura, considerando que «o assunto em pintura (o que é representado) acaba por ser mais o lugar em que se joga do que a própria finalidade do jogo»* , mas a verdade é que o tigre é referência literária consagrada e, associado por Pomar ao corpo feminino e a temas eróticos, induz a variadas leituras simbólicas mais ou menos óbvias. Nesta pintura, o título remete para o ambiente de «luxe, calme et volupté», verso de Baudelaire de As Flores do Mal, e título de um quadro de cores fauve vibrantes de Matisse de 1904, em que banhistas se recostam dengosamente à beira da água.

 

 

* Júlio Pomar. Da Cegueira dos Pintores (trad. Pedro Tamen). Lisboa: Edições D. Quixote, 1986, p. 12.

 

 

MPS

Maio de 2010

TipoValorUnidadesParte
Altura 81cm
Largura116cm
Tipoassinatura
TextoPOMAR
Posiçãofrente, c.i.e.
Tipodata
Texto79
Posiçãofrente, c.i.e.
Tipoassinatura
TextoPOMAR
PosiçãoVerso, quadrante superior esquerdo
Tipotítulo
Texto"Le Luxe"
PosiçãoVerso, quadrante superior esquerdo
Tipotítulo
TextoLe Luxe Le Luxe
PosiçãoVerso, trave central vertical
Tipodata
Texto79
PosiçãoVerso, quadrante superior esquerdo
Tipotítulo
TextoLe Luxe
PosiçãoVerso, trave central horizontal
TipoAquisição
DataAbril 1983
Júlio Pomar/ Cadeia da Relação
Porto, Civilização Editora, Fevereiro de 2008
ISBN:978-972-26-2684-2
Catálogo de exposição
Arte Contemporáneo Portugués
Lisboa, CAM Fundação Calouste Gulbenkian, 1987
Catálogo de exposição
Arte Contemporáneo Portugués
CAM Fundação Calouste Gulbenkian
Fevereiro a Março de 1987
Madrid, Museo Espanõl de Arte Contemporáneo
A Partir da Colecção
CAM/FCG
Curadoria: Jorge Molder e Leonor Nazaré
25 Julho de 2006 a 29 Abril de 2007
Museu do CAM - Piso 01
Júlio Pomar: Cadeia de Relação
Museu de Serralves
Curadoria: João Fernandes
22 de Fevereiro a 20 de Abril de 2008
Museu de Serralves, Porto
Autobiografia
Sintra Museu de Arte Moderna
8 de Maio a 28 de Novembro de 2004
Sintra Museu de Arte Moderna
4º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso: Júlio Pomar
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso
13 de Setembro a 2 de Novembro de 2003
Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso
Atualização em 23 janeiro 2015

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